Procura
ao léu?
As palavras descosidas,
nenhum mote, nenhum motivo.
Dedos dedilhando as cordas
mais fundas do pensamento,
à procura.
Daquilo que temos a dizer.
A casa adormecida
sempre atraiu idéias.
Ou idéias sobre idéias.
Há um vago ruído de respirar
que paira na noite.
Música por tocar.
Ou o ruído quase ensandecido
dos copos e vozes alteradas,
risos desproporcionais,
gestos largos de vinho ,
dos bares.
Você se esconde num canto,
empunha a caneta,
e se arremessa ao guardanapo de papel,
tábua de salvação.
Pudesse o meu peito descansar dessa angústia.
Pudesse o meu corpo ser calado,
o silêncio da calma.
E a minha circunstância descansar
na alma do poema
- quando o digo -
voz e não-voz minhas.
Pudessem todas as palavras ser ditas
no intervalo entre o grito e a gargalhada.
Silvia Chueire