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Incursões

Instância de Retemperação.

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Au Bonheur des Dames 322

d'oliveira, 17.06.12

Deus não dorme 2

 

 

Como dizia em texto anterior, nem sempre os eleitores se deixam ir para a urna como carneiros para o matadouro. Ainda bem, abençoados sejam!

Estas eleições têm, para já, quatro resultados retumbantes. Quatro castigos exemplares. 

O senhor Bayrou que se devia considerar uma espécie de proconsul em Pau foi batido. Os "seus" (que topete!) eleitores de facto não perceberram (ou perceberam demasiado bem) o seu voto em Hollande. Pelo seu percurso, pelo seu programa, Bayrou poderia tentar ser uma espécie de ponte entre a Direita e o PS. Era isso que queria para o fantasmático partido a que preside (MoDem). Tudo o aconselhava a maior prudência e nem sequer o PS lhe pedia tanta devoção. 

Sègoléne Royal (presidente da região) foi batida em La Rochele. Estava quase garantido esse resultado. A ideia peregrina de a "paraquedistar" para uma circunscrição julgada segura (é era-o; e é-o) afastando Olivier Falorni, secretário federal do PS e amigo de Hollande de longa data. A vitória de Falorni baseia-se numa forte maioria socialista local que nunca o abandonou e, não há dúvida, numa transferência de vozes da Direita que, inclusive, prejudicaram a candidatura desta. 

A senhora Royal tem claras e pesadas respnsabilidades nesta derrota. Deveria ter sido mais discreta; deveria ter pensado nos militantes locais. Não deveria abandonar a sua anterior circunscrição (onde não sendo amada tinha mais hipóteses de se eleger)  Nunca deveria ter tido a ousadia de se apresentar como candidata ao "perchoir" (Presidência da Assembleia Nacional) quando tudo lhe recomendava um "bas profil". Perde com um resultado tremendo (37% contra 63% de Olivier Falorni. 

O seu discurso de derrota e a entrevista subsequente que oiço são patéticos e mostram que ela não aprendeu nada. Temo que no que toca a estrela do Ps se esteja já a falar de estrela cadente. 

Não me alegra a derrota desta mulher combativa mas, confesso, não me surpreende e não me entristece. Pessoalmente acho que a democracia sai robustecida desta lição.

Mais robustecida sai ainda com a derrota da candidata de Direita (UMP) Nadine Morano uma sarkozista de choque que entendeu pedir os votos da extrema direita. Contra as indicações do partido. É bom que alguém separe as águas que Nadine não separou.

Finalmente Martine Le Pen, filha e herdeira do fundador da Frente Nacional perde na circunscrição em que Mélenchon (frente de Esquerda) também já partira os dentes.  A derrota desta "pasionaria" da extrema direita é um bom sinal da saúde mental e da vontade popular duma circunscrição onde vivem em boa harmonia milhares de cidadãos que não nasceram em França mas se sentem franceses, apesar da cor de pele, da religião ou da cultura dos seus antepassados.

 

Ah quanto eu não daria por ter em Portugal um sistema destes em que cada um sabe quem é o candidato em que vai votar. Não oculto, neste desabafo, o facto deste sistema demasiado local poder afastar (como afasta) muitos cidadãos do poder. Em boa verdade, a Frente Nacional , terceira força política de França, apenas elege dois candidatos mas também é verdade que os deputados começaram por ser isso mesmo, mensageiros e representantes dos eleitores. E, nesses círculos, os eleitores podem entender-se como muito bem quiserem para obter uma represntação regional que considerem adequada e representativa. 

A democracia tem destas coisas, as mais das vezes gratificantes. Deus, de facto, não dorme. Assim seja e assim continue a ser. 

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