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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

O país que estamos a descontruir

José Carlos Pereira, 09.12.12

A recente aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2013 passou a letra de lei uma realidade que atingirá o bolso e a vida de todos os portugueses. O aumento da carga fiscal e os pressupostos macroeconómicos que vão nortear o OE, que sofrerão permanentes ajustamentos ao longo do ano, como já estamos habituados, empurram o país para um nível muito pior do que aquele que hoje vivemos.

A recessão económica, a insolvência e falência de milhares de empresas, a quebra de rendimentos dos particulares e a retracção do consumo interno fazem o país definhar de dia para dia, sucedendo-se as marcas de uma regressão brutal do padrão de vida a que os portugueses tinham ascendido. Vemos por aí, todos os dias, notícias que nos devem interpelar: diminuem as consultas médicas programadas, mães que abandonam os filhos nas maternidades, mães que dão leite de vaca a recém-nascidos, por falta de dinheiro para comprar leite em pó, milhares de famílias sem dinheiro para pagar as contas da luz ou da água, suicídos a aumentar entre empresários insolventes, crianças a abandonarem a escola por falta de recursos dos pais.

Recuso-me a entrar no discurso fácil de que vivemos acima das possibilidades e que agora temos de nos "ajustar". Como António Costa bem disse, Portugal limitou-se a seguir as orientações da União Europeia para o seu modelo de crescimento nas últimas décadas e agora os portugueses não podem ser crucificados por isso, apenas porque a Europa preferiu "ser simplesmente uma praça financeira".

É urgente que a Europa, no seu conjunto, perceba que tem de ser mais do que a mera soma das partes. A solidariedade dentro da União Europeia é a única saída para que Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e outros países em dificuldades não regridam socialmente algumas décadas. Isso seria catastrófico, inclusivamente para aqueles países que hoje se encontram numa situação confortável. O país projectado por Pacheco Pereira seria uma tragédia e, entre outras coisas básicas, ficaria desprovido de meios para comprar os bens produzidos pelo norte da Europa. Logo...