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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Casa quieta rosna o cão e o frigorífico vazio não sei se viste porque estás morta e. Porque não.E porque sim.

Incursões, 31.12.05
Um dia destes destes dias em que não é Natal nem deixa de ser
Natal
o Natal é uma data
e o ano novo é uma data também
ia de carro do escritório para casa com muito trânsito deixa-me que te diga que o trânsito é o que sabes é coisa com muitos. Carros. E sobra a impaciência
por haver
muitos
carros
e isso é que e a morte
e o buraco
de ozono.
Ligado na TSF ouvi. Pessoal e intransmisssível a entrevista de Carlos Vaz. Marques
aquele
rapaz
simpático
com o escritor Rodrigo Guedes. Sim sabes quem é o de Carvalho pivot da SIC e dos bons que é coisa que não sobra por cá e o cão não rosnava porque eu ainda não sabia que havia cão e que o cão rosnava como. Todos os cães rosnam e tu sabes isso
como se rosnar fosse uma coisa surpreendente vindo dos cães mas. Tu já não estás cá
morreste
pior do que morreres
foi o cão não ter rosnado
e o frigorífico
que abro
à procura. Não. Sei de quê (ponto final, acho que é)
Rodrigo escreveu o segundo livro que é a casa quieta e eu e o cão não tínhamos lido o primeiro sabes que é coisa estranha tão estranha que o cão. Não rosnou e o frigorífico estava vazio.
Tudo me cheirou a estranho a partir
do momento em que. Carlos Vaz Marques considerou que Rodrigo. Guedes de Carvalho era sabes que sim discípulo de Lobo Antunes e eu que fiquei na dúvida sabes bem que quando fico na dúvida sou pior do que um cão que não rosna
ou
de que um frigorífico
vazio
Cheguei ao Arrábida e fui comprar o livro à Almedina coisa inquieta sobre a casa quieta como se fosse um cão que rosna ou um frigorífico
sabes ou não sabes
não interessa
e fui para casa ler o livro que tu não vais ler porque. Entraste no silêncio rigor da morte como o cão e o frigorífico
e o frigorífico e o cão
e o cão e o frigorífico
e li 12 páginas porque não consegui ler mais da casa quieta
que eu sou inquieto
e tu devias saber que eu sou
e pensei tu sabes que eu penso. Mesmo quando não penso e tu pensas que eu penso como o cão que já não sei se rosna e como o frigorífico que como sabes já não sei de côr é.
Lembrei-me de escrever ao Rodrigo que não conheço andámos poucos anos a convergir no tempo como
o cão e o frigorífico vazio já não sei se quem rosna é cão ou o frigorífico mas sabes que isso nunca me interressou perante o rigor da morte
para lhe dizer que ele é um excelente pivot de tv e um excelente escritor de livros que eu não sei ler
não sei se percebes mas. Se não perceberes deixa lá que eu também não e sei apenas que a casa quieta já vai na quinta
edição
mas é uma coisa intragável o que bem sabes como é o cão sabe e o frigorífico também pode dar um nobel que os gajos do nobel ainda não se recompuseram da lobotomia
pré
frontal
uma coisa que o Lobo o que é Antunes e tem um
cão.
E um frigorífico
que rosna
ainda não sabe mas tu. Sabes e o Rodrigo Guedes também eu é que não que sou perseguido por frigoríficos que rosnam cães que estão vazios e agora estou cansado como sabes estou cansado e vou dormir e a casa fica ainda mais quieta.

silêncio

Sílvia, 30.12.05


silêncio,
hiato entre mãos carregadas
e o fato inevitável do tempo
a trepar à montanha, à floresta,
ao nosso corpo.

obervamos sem palavras
o movimento geral das coisas,
imperceptível a olhos rápidos,
que nos diz
agarrando-nos a garganta :
- vê !

e ver pode custar uma vida de palavras,
minutos de lucidez mortal.
o ano passa
no calendário dos homens,
as palavras se atropelam
na nossa pele,
e ainda assim calamos.




silvia chueire

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O saldo de Avelino Ferreira Torres

Incursões, 29.12.05
Os resultados da gestão de Avelino Ferreira Torres começam a vir ao de cima. «Dívidas de mais de cinco milhões de euros apareceram na Câmara do Marco de Canaveses desde que se iniciou o mandato de Manuel Moreira, o novo presidente e sucessor de Avelino Ferreira Torres. O montante refere-se maioritariamente a facturas de serviços datados dos últimos meses da anterior gestão e não pára de crescer todos os dias», refere o JN de hoje.

Ferreira Torres só enganava quem queria ser enganado. Foi sempre o que se noticia hoje dele.

Mas, quem denunciou a sua prepotência, as suas ilegalidades e os seus abusos na gestão da autarquia do Marco, foi acusado de difamação agravada e esta medida (não podemos esquecer) foi criada por um dos actuais candidatos a PR, tendo como efeito funcionar como um cutelo sobre o exercício da cidadania.

Não poderemos deixar de repetir que, se, em vez de tal acusação, fossem feitas as averiguações das denúncias, muito se teria poupado ao erário público, poupança que poderia ter servido, por exemplo, para dotar o Marco das estruturas básicas, como saneamento e abastecimento de água, que lhe faz falta.

Os processos contra Avelino andam de Anás para Caifás, enquanto ele se passeia triunfalmente por Amarante.

Enquanto a Justiça não funcionar, nada neste País pode funcionar.

Lisboa ao nível de Madrid

Incursões, 28.12.05
Os Institutos de Estatística de Portugal e Espanha compararam o desenvolvimento de ambos os países.

A região de Lisboa chega aos níveis de desenvolvimento de algumas das regiões mais abastadas de Espanha, como Madrid e a Catalunha.Na capital portuguesa, o rendimento per capita das famílias varia entre os dez mil e os 13 mil euros, um valor próximo do madrileno, mas longe da realidade nacional.

Estes dados colocam uma questão: o que têm andado a fazer os empresários do Norte, como Amorim, Belmiro, Mota e Companhia e outros?!... Será que estiveram só preocupados com a sua ganhuça?!...

E aonde estão as ambições dos políticos do Norte?

Será que não há questões mais interessantes?!...

Incursões, 27.12.05
A campanha está a aquecer. Parece mais um combate de circo do que propriamente uma campanha. Apetece dizer que os candidatos, de uma forma geral, ou não têm ideias ou não acreditam que estas possam mobilizar o eleitorado.
Começa a ser patética a importância que Mário Soares e o PS estão a dar à sugestão apresentada por Cavaco Silva para a criação de uma secretaria de Estado para acompanhar o problema da deslocalização das multinacionais. Severiano Teixeira, porta-voz da campanha de Mário Soares atirou logo a “matar”: «Cavaco Silva é um elemento de instabilidade política». Vitalino Canas também não fez a coisa por menos e denuncia um «golpe constitucional». E Mário Soares já não vai dormir descansado. Tem de tratar a questão numa conferência de imprensa e não informalmente. E como “bom samaritano” ficou preocupado com o sucesso da candidatura de Cavaco, advertindo: «Cavaco Silva sempre que abre a boca diz coisas que são inconvenientes à sua candidatura». Entretanto, o próprio Cavaco já garantiu que não fez proposta nenhuma.
Será que não há coisas mais interessantes para se debater?!...

estes dias que passam 11

d'oliveira, 26.12.05
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Wie treu sind deine Blätter


Este ano o Natal anunciou-se carregado cá para as nossas bandas: quinze dias antes o meu sogro sofreu uma convulsão e partiu o colo do úmero. Eventualmente invejosa de tal sorte a minha sogra partiu o pé, uns dias depois.
A minha mãe ao saber destas aventuras, não quis ficar atrás e partiu o pulso esquerdo.
Eu sei que alguns dos meus leitores me reprovam uma certa capacidade para fantasiar. E têm alguma razão porque eu adoro histórias, gosto de as contar quase tanto como de as ouvir. Todavia estes eventos são verdadeiros como punhos. Eu mesmo parti o que restava de um dente reconstruído e à pala disso fiquei com uma placa esquelética solta: desembolsei cerca de 300 euros (chorei-os bem chorados!...) mas recompus-me a tempo para o bacalhau natalício e restantes desvarios gastronómicos. Os nossos doentinhos também lá vão indo com mais queixa menos queixa e o Natal passou-se sem outras catástrofes.
Contadas as tristezas, vamos aos milagres natalícios. Quem por penitência, masoquismo, ou até eventualmente por gosto me lê, recordará uns textos que aqui publiquei sob o título genérico de “Gaudeamus Igitur”. Em alguns deles mencionava o meu caríssimo amigo Jean François Bregi (melhor dizendo Maître J.F. Bregi, estrela do foro gaulês e cavalheiro de muitos méritos e muito espírito). Perdera-o eu de vista há mais de trinta anos, depois de termos feito juntos vários ciclos de Direito Comparado por várias faculdades desta vasta Europa.
Então não é que, regressado ao Porto e abrindo o correio electrónico dou como uma mensagem daquele mafarrico dando notícias, pedindo novas deste desamparado lusitano e corrigindo mesmo um pequeno pormenor de uma historieta por mim contada!!! Aqui à puridade, digo-vos: chorei de alegria e comoção. E mesmo agora, duas horas passadas, ainda me sobra una furtiva lacrima teimosa a escorrer-me pela bochecha.
Como se fora pouco, durante a minha estadia lisboeta (eu a minha mais que tudo temos praticamente toda a família por lá) apanhei a jeito o meu tio Quim, companheiro insubstituível das peregrinações por alfarrabistas (que ele conhece de gingeira...) e, ala que se faz tarde, rumámos à Livraria Histórico Ultramarina, ali na Travessa da Queimada, onde eu ia tentar encontrar uma publicação que me tinha encantado quando teria os meus oito ou nove anos de idade: trata-se de uma série de textos editados pelo antigo SNI entre 1936 e 1943. São ao todo 43 brochuras de escassas 16 páginas cada, relatando episódios da história portuguesa. A bem dizer o seu valor científico é nulo mas, aqui donde vos escrevo esta, avisto 21 metros de estante carregados de livros de História, fruto do gosto que na minha meninice tais publicações me suscitaram. Numa das várias transumâncias que a minha família fez perdera-se este conjunto e nunca mais encontrara rastos dele. Há semanas, também em Lisboa, um alfarrabista disse-me que por vezes, de longe em muito longe, se encontrava um que outro exemplar. Entrei pois na Histórico Ultramarina sem grandes ilusões. A conversa com a proprietária daquele monumento à cultura (são salas e salas cheias de livros preciosos) também não pareceu ter grande resultado mas, quando, de monco caído, me preparava para sair ela perguntou-me se eram publicações independentes ou uma série. A quase cinquenta anos de distância, arrisquei: “Era uma série”. Alto e pára o baile! Como uma seta a gentilíssima alfarrabista desandou por três salas, e milhares de livros, trepou a um banco providencial e ZÁZ: ali estavam amarelecidas pelo tempo 41 dos 43 fascículos! Mas há mais: ao lado, e suponho que completa, uma edição em dezassete volumes de “Os grandes Portugueses” da mesma época, das mesmas autora e ilustradora. E querem saber a melhor: também tinha lido estes livrinhos mas, com o passar dos anos as duas colecções tinham-se convertido numa só nas dobras de uma memória que já não é o que era.
Duzentos metros abaixo, carregado com esta triunfal compra e aliviado de 80 euros, irrompi pela Barateira onde, bambúrrio dos bambúrrios, me tornei proprietário de nada mais nada menos do que 20 (VINTE) romancinhos do Salgari.
Se acrescentar que um irmão amigo e generoso me ofereceu nove dvd do David Lean (e entre eles o maravilhoso Breve Encontro) há que convir que esta expedição à capital do império teve alguns pontos altamente positivos.
Entrementes – e sempre para fanáticos do vício solitário da leitura – lembrei-me de oferecer um livrinho de Philippe Delerm a um menino de sete anos. O livro tinha um título engraçado “É mesmo fixe” e um subtítulo na mesma onda “’Tá-se mesmo bem” e na badana dizia-se que era apropriado para baixas idades. E parece que sim: umas horas depois o destinatário da oferta, de seu nome Tomás Carneiro, já tinha lido dez páginas e declarava que o livro era mesmo fixe. Ora toma!
São histórias destas que me reconciliam com o Natal desnaturado e consumista a que assistimos e que muitas vezes vivemos. Ou como também diz a canção:
O Tannenbaum, o Tannenbaum
Ein Baum von dir mich hoch erfreut
.

Nota: alguns bloguistas mais corajosos que porventura queiram possuir uma separata chamada Gaudeamus Igitur farão o favor de me enviar as respectivas direcções. Faria especial gosto em receber a direcção do distinto cavalheiro e missionário in loca infecta Delfim Lourenço Mendes para o mesmo fim ofertante..
2 se alguém avistar os volumes 15 e 16 da “História Pátria”, ed. SNP, entre 1939 e 1940 faça-me o alto favor de o arrematar que eu sou pessoa de boas contas.
3 Vários companheiros desta aventura bloguista puseram bonitos postais natalícios. À falta de melhor retribuo com estas lérias e desejos de Bom Ano de 2006

Dia de Natal

Incursões, 25.12.05
A festa de Natal é uma das mais belas e fraternais celebrações da humanidade. Tem origem na distante Idade Média, por volta do séc. III, por contraposição à festa pagã do solstício de Inverno, a festa do deus Mitra. Esta divindade, de origem persa, era muito popular. Considerava-se que se tinha aliado ao sol para obter o calor e a luz que faziam com que as raízes das plantas rompessem a terra e florissem. E foi um pouco o que aconteceu connosco, quando Deus se tornou homem para iluminar os caminhos da humanidade. Terá sido isso que concluiu o Papa Júlio I, ao fixar o 25 de Dezembro como dia do nascimento de Jesus. É óbvio que o 25 de Dezembro não assinala cronologicamente o nascimento do Menino Deus, mas a data que melhor configura o significado de Jesus ter nascido para tornar o mundo mais fraterno e justo. Conta a Bíblia que um anjo anunciou a Maria que daria à luz Jesus, o filho de Deus, que viria ao mundo para salvar os homens. O sentido da vinda do Messias passou, assim, a modelar e a dar significado à festa do Natal.

E, sendo assim, tal como a terra tem de proporcionar boas condições para permitir que a semente floresça, a Mãe de Jesus teria de garantir as condições necessárias ao crescimento do seu menino, por forma a que Ele fosse, como refere a Bíblia, exemplo, caminho e vida de um mundo mais justo e mais humano. Entretanto, «Ele – como dizia Leonardo Coimbra na sua obra “Jesus” – sabe esperar, fazer-se oculto, pequeno, humilde, companheiro e amigo, para dar ás almas o exemplo da sua vida, o calor das suas certezas, o infinito afago do seu coração transbordante».

O Natal ganhou, assim, um significado de incomensurável riqueza. Associa-se à ideia de luz que dá esperança ao futuro, de mãe que sabe proteger os seus filhos e de humildade que nos torna verdadeiros e justos. E Natal é tudo isto, quando significa romagem à Terra que nos viu nascer, crescer e fazer amigos; quando nos abre aos valores da família, da solidariedade e da justiça; e quando nos faz magnânimos perante adversários e desprotegidos.

Numa época marcada pela hipocrisia, pela arrogância e pelo oportunismo pragmatista, convém relembrar o significado do Natal para encontrar o rumo que dê esperança ao nosso futuro colectivo.

JBM. in: JN. 25/12/2005

Obs: Desejo a todos os incursionistas um Feliz Natal e um Ano Novo que corresponde às melhores expectativas.

será natal

Sílvia, 24.12.05
será natal mesmo nos confins
de terras conturbadas
pelas mortes entre irmãos.
será natal para além
das nossas paredes .

será natal mesmo que não creiamos
nas divindades a salvar o mundo
perdido por nós mesmos.

será natal no significado
quando tivermos nas mãos
a sabedoria de resgatar quem somos.

será natal um dia
antes que amanheça o dia,
as vozes em uníssono nos braços
entrelaçados pela noite.


silvia chueire

REVISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO Nº 104 (a editar em Janeiro de 2006)

Incursões, 23.12.05
PRÁTICA JUDICIARIA

Mediacão Penal em Portugal: Breve nota sobre o Projecto de Mediação Penal desenvolvido pela Procuradoria-Geral Distrital do Porto - Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto e a Faculdade de Direito da Universidade do Porto.
Diogo Pinto da Costa (Escola de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto).


CRÍTICA DE JURISPRUDÊNCIA

INTIMAÇÃO PARA A PROTECÇÃO DE DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS
Sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra no Caso do navio "Borndiep".
Comentário de Wladimir Brito (Escola de Direito da Universidade do Minho).


JUSTIÇA & HISTÓRIA

JUSTIÇA COLONIAL PORTUGUESA: ABERTURA DE UM CAPÍTULO.
Apresentação e coordenação de Luís Eloy Azevedo


DOCUMENTAÇÃO

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL SOBRE O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (1983 a Dezembro de 2005)
Compilação e organização de António Rocha Marques.


ESTUDOS & REFLEXÕES - ver aqui.

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