Ainda não entrou a Primavera e o país já foi a assolado por incêndios de proporções assinaláveis. Gerês, Marão, Serra da Estrela são os de maior visibilidade, mas todos os dias ocorrem pequenos e médios incêndios que mobilizam populações, bombeiros e outros meios ou que pura e simplesmente ardem, ardem, até que se extinguirem naturalmente.
É impressionante o volume de recursos públicos anualmente dispendido com Bombeiros, aviões, avionetas, viaturas sofisticadas e outros equipamentos. É uma verdadeira indústria dos incêndios, integralmente alimentada por dinheiros públicos. Ao dinheiro público afecto a este fim, deve-se somar, ainda, os subsídios que o Estado dá aos proprietários das matas e montes, com o objectivo de procederem à limpeza das mesmas.
Com bombeiros tão super equipados, com recurso a equipamentos de ponta e com o Governo a pagar aos proprietários para que estes limpem as matas, o que é que falha? Falha, desde logo, a fiscalização. O governo paga mas ninguém vai verificar se as matas foram limpas. Falha a não atribuição de responsabilidades aos proprietários que não limpam os seus terrenos nem asseguram o que a lei define, como margem de segurança, no que toca à permanente limpeza na área da divisão dos mesmos. Falha, enfim, o modelo de gestão e controle público sobre o mau uso que os particulares e o próprio Estado dá aos bens (matas e florestas) que possuem.
Se uma parcela significativa dos recursos gastos (perdidos) pelo Governo a equipar Bombeiros, a alugar aviões e avionetas, a subsidiar proprietários das matas, se esse dinheiro fosse canalizado para as Câmaras e estas responsabilizadas por constituir equipas que fiscalizassem a limpeza das matas e que obrigassem os particulares a limpar as mesmas ou que os substituísse nessa limpeza, apresentando-lhe a respectiva factura, de certeza que o país ficava mais limpo, com menos incêndios ou de menores dimensões, obtendo-se ainda uma vantagem adicional, com a criação de empregos locais, que até poderiam captar gente (com capacidade para trabalhar mas sem grande vontade de trabalhar) que está a viver à pala do RSI. Ou seja, quase só vantagens, assim se mudasse o sentido da intervenção política, que deixaria de ter como objectivo oculto o desenvolvimento da indústria de combate aos incêndios, para assumir como missão a preservação da floresta e das matas e a criação de empregos locais com o desenvolvimento da floresta.