Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

missanga a pataco 71

d'oliveira, 31.05.09

Duas observações

A conquista da Taça, a quinta dobradinha, mostra só o que uma organização e muita disciplina, podem fazer.

É uma lição para quem a quiser receber.

Um clube que sabe enfrentar a sua massa associativa defendendo o seu treinador porque sabe que nisto de futebois a persistência e a prudência não andam uma sem a outra merece ser recompensado com resultados desportivos.

Pinto da Costa terá seguramente muitos defeitos. Todavia, vis a vis com a grande maioria dos dirigentes desportivos dos outros adversários é um gigante. Por várias razões que aliás fazem dele o dirigente desportivo português com o melhor palmarés de sempre, tem suscitado controvérsia, inveja, ataques nem sempre leais. E. Por vezes, apetece perguntar se ele não fosse Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto se alguns desses atques e acusações se teriam verificado.

Quem me lê sabe que o FCP me é rigorosamente indiferente. Faço parte do pequeño grupo que não põe o futebol nos altares e que, ainda por cima (clube ainda mais pequeño) é adepto de um clube quase desconhecido. E só. Sou da Associação Naval 1º de Maio que aliás, felizmente, e para grande gozo pessoal, já surpreendeu o FCP.  Talvez isso me dê suficiente perspectiva para poder dizer que o clube da cidade onde vivo (enquanto não consigo morar em Paris…) ganha porque é disciplinado, rigoroso e obstinado. Ora aquí está uma receita para os meus amigos de Lisboa…

Aos numerosos portistas deste blog (devem ser a maioria) um abraço de parabéns e, para o ano, a esperança que a Naval os volte a surpreender.

 

A crise, as opções e as pessoas

Mocho Atento, 29.05.09

No âmbito do POPH (QREN), foi anunciado comparticipação a fundo perdido de 1.800 milhões de euros para construção de lares para idosos.

 

Trata-se de uma opção errada. O internamento em lares provoca o desenraizamento, a ruptura das relações sociais, quer familiares, quer de vizinhança.

 

Com aquele dinheiro, seria possível criar milhares  de equipas de apoio domiciliário, que acompanhassem os idosos e lhes prestassem na respectiva residência cuidados de higiene pessoal e da habitação, alimentação e outros serviços domésticos, assim como apoio na medicação e deslocação aos centros de saúde.

 

Esses serviços para além da darem emprego e formação a milhares de pessoas do estrato social mais desfavorecido, teria um efeito multiplicador social, não só nos utentes como nos prestadores do serviço. De facto, valorizar o cuidado dos outros e respeitar o seu próprio espaço são vectores fundamentais do desenvolvimento social.

 

Mas hoje em dia a opção é pela higienização social, pela padronização, pela  despersonalização.

 

E o betão dá dinheiro! E o dinheiro dá votos! E os votos dão dinheiro!

A ERC e a TVI

José Carlos Pereira, 29.05.09

Escrevi há dias sobre a informação da TVI. Ontem foi a Entidade Reguladora para a Comunicação Social que resolveu "reprovar a actuação da TVI" em sete peças do Jornal Nacional das sextas-feiras, isto é, de Manuela Moura Guedes. Uma vez que esta deliberação do regulador não tem consequências de maior para a estação de televisão, será que o crime continuará a compensar?

E não se pode interná-lo?

ex Kamikaze, 29.05.09

Depois de ouvir as declarações do Desembargador que decidiu a entrega da menor Alexandra à mãe biológica e ao poder dos ex-sovietes  - feitas em conf. de imprensa por ele convocada e onde apareceu de cara tapada !?!?! - admitindo, primeiro, ter decidido influenciado por um pré-juízo baseado numa frase da ama de que não gostara (do que se arrependia) e, depois, admitindo que, após tê-la visto no video que tem agora passado nas TVs, ficara convencido de que ela não era pessoa capaz de diizer aquelas coisas (*) e que, portanto, o que ela dissera certamente teria sido mal transcrito no relatório... desculpem-me a  falta de paciência para alimentar um eventual debate sobre o tema: é que hoje já posso dizer aqui, claramente, o que penso sobre estas matérias e o que penso traduz-se,  muito sinteticamente, no título deste email.

 

(*) o sentido das palavras era como ela  (a menina) é perfeitinha  (a mãe) quer levá-la, se não fosse (perfeitinha) não queria.

 

 

O engulho presidencial

José Carlos Pereira, 28.05.09

Cavaco Silva tenta fugir por entre os pingos da chuva da polémica causada pela ligação de Dias Loureiro ao BPN e consequente renúncia ao Conselho de Estado. Cavaco veio ontem dizer que trata por igual todos os conselheiros de Estado e que não tem informações que, até ao momento incriminem Dias Loureiro. É uma meia verdade.

Se é certo que Dias Loureiro é presumido inocente e que a única entidade que requereu a sua audição foi a Comissão Parlamentar de Inquérito, não deixa de ser verdade também que Dias Loureiro não está nas mesmas condições de outros Conselheiros de Estado. Com efeito, Dias Loureiro faz parte do grupo de conselheiros nomeados pelo próprio Presidente da República, juntamente com Lobo Antunes, Marcelo Rebelo de Sousa, Leonor Beleza, substituta de Manuela Ferreira Leite, e Anacoreta Correia, a quota devida ao CDS pelo apoio nas eleições. Todos os outros membros do Conselho de Estado não acederam ao lugar por intervenção do Presidente. Estes sim, devem a Cavaco a nomeação e isso responsabiliza-o, naturalmente.

Por outro lado, não pode esquecer-se a preponderância de Dias Loureiro na estrutura de campanha presidencial, depois de ter sido ministro e secretário-geral do PSD sob a liderança de Cavaco. Se Dias Loureiro vier a ser constituído arguido no âmbito da investigação em curso isso afectará seriamente o Presidente.

diário Político 112

mcr, 27.05.09

Hoje, no “Público” um historiador que comenta a actualidade quase diariamente, fala a propósito dos casos mediáticos, dos vícios de uma “casta”.

Pela parte que me toca, estando de acordo com quase tudo, ponho reservas à palavra “casta”.

O que vemos, e que ultrapassa em muito, estas criaturas para se poder estender a uma larga fatia da classe política actual e de muito empresário é antes outra coisa: dinheiro (muito) ganho depressa, muito depressa. Novo-riquismo, se quiserem. Ostentação, falta de sentido do ridículo. Sofreguidão!

Esta gente adora ver-se rodeda pela aura da fama. Pavoneia-se perante uma galeria sem perceber que lhe conviria alguma modéstia, algum decoro, muita contenção. Numa palavra, imitar o “dinheiro antigo”, o que sabe ser discreto, ter maneiras, aquilo que algumas pessoas traduzem por “ser educado”, ter “chá”. Eça falava na noção da galinhola, se bem recordo. 

Eu percebo que Rui Tavares prefira chamar casta a esta pequena burguesia enriquecida pelos azares combinados da política e dos negócios à sombra dela. Ao fim e ao cabo, há uma certa esquerda que, na ânsia anti-capitalista, quer ver nesta nova classe uma emanação da antiga dominante. E que, não queira reconhecer-lhe o substracto pequeño burguês que, ao fim e ao cabo, entenderá como aliado dos míticos proletários que Deus tem. Por isso usam “casta” ou seja “grupo social hermético que transmite privilégios hereditáriamente”. Má leitura de Marx, como é evidente, mas é a leitura possível e actual de quem mais do que a floresta vê muitas árvores mas não lhes compreende o nexo que as junta.

Todavia, isto, as novas classes emergentes de um processo pseudo-revolucionário, é fenómeno mais que estudado. Execrado, aliás, por tudo quanto foi artista no século XIX, sujeito de pinturas caricaturais e tão raivosas quanto verdadeiras. Estes novos “heróis” dos escândalos mediáticos vêm todos do mesmo molde, são quase todos da mesma geração, desprezam os mesmos valores, sacrificam tudo ao lucro fácil e imediato, numa palavra não são casta nem castos, são outra e mais feia coisa. Sofrem de espertalhice a mais e de cultura a menos e qualquer crítica soa-lhes a conspiração. É que no mundo em que vivem, no meio que construiram, a conspiração, o golpe baixo, a punhalada nas costas são armas usuais pelo que qualquer reparo é por eles pavlovianamente entendido como um ataque perigoso.

Felizmente, a sua falta de sociabilidade e de solidariedade nos momentos difíceis traz uma vantagem: na hora da verdade, acossados, tentam o salve-se quem puder, desatam-se as línguas, desmontam-se os segredos e aparecem á luz crua do dia e da realidade tal como são: feios, porcos e maus.

(na esperança que não se veja nisto qualquer saudade do ancient regime e dos seus servidores) d’Oliveira sauda-vos

estes dias que passam 165

d'oliveira, 27.05.09

         

Uf!….

Não faço parte do coro quase unânime de louvores e saudações que se seguiram à saída do dr. Dias Loureiro.

Foi tarde. Tarde e a más horas. Foi empurrado violentamente pelas declarações do dr. Oliveira e Costa.

Não sei se o dr. Dias Loureiro alguma vez perceberá que a sua teimosa permanência no Conselho de Estado lhe foi terrivelmente prejudicial.

Perdeu um tempo precioso, como se diz no bridge. Duvido muito que, mesmo se nada se apurar contra ele, saia bem deste dramalhão de faca e alguidar em que se tornou o caso BPN.

Aliás, ainda não percebi o teor exacto das declarações do dr. Oliveira e Costa. E muito menos os momentos de boa disposição que partilhou prazenteiramente com a comissão parlamentar.

Também não percebo o que quis dizer quando declarou que se houvesse uma investigação a sério pelo Banco de Portugal toda a banca iria ao fundo. Espero que alguém lhe pegue na palavra (já que o ouviram com toda a atenção) e chame o Banco de Portugal para que este explique o alcance das acusações do dr. Costa.

Também gostaria de perceber o que é que fez o dr. Costa vir finalmente dizer o que há tempos não tinha dito. Está farto da cela da cadeia onde o Estado o hospeda? Viu a luz? Outro a receber o milagre da luz? Bem sei que estamos em Maio, mês de novenas, mas estas súbitas mudanças de atitude dão-me cabo dos nervos, do simpático, põem-me a cabeça a zumbir, pior a pensar. E só penso coisas más, claro.

Vejam bem: cheguei a pensar que esta surpreendente tagarelice do dr. Oliveira e Costa tinha como ponto de partida estabelecer a confusão. Graças à amabilidade dos senhores deputados abrem-se subitamente novos campos de exploração. Agora é um accionista de nome Coimbra que, torvamente, impede o banco de se refazer, é o dr. Cadilhe que ganha balúrdios, é Dias Loureiro que, a pesar de aparentemente não ter assim tanto poder, faz e desfaz…

Estou ansioso pelas conclusões dos senhores deputados! Não durmo nem como só de pensar no que vão dizer…

Todavia, e aproveitando esta onda benéfica de descarregar a consciência, aproveito para esperar que o dr. Lopes da Mota também dê um passo no sentido de suspender (suspender, tão só) a sua participação no Eurojust até se saber a que conclusão chega o processo disciplinar que lhe foi movido. Assim poderia defender-se melhor. E, porventura, não se arriscaria a ter de sair ao pé coxinho do organismo onde, queiramos ou não , nos representa enquanto país. É só uma suspensãozinha, Sr. Dr. Depois logo se vê.

Continuo também a pensar, maldita mania esta!, que eventualmente se deveria verificar se o Banco de Portugal agiu a tempo, cabalmente, nesta cegada. Nesta, e já agora, na do outro banco, o do dr. Rendeiro.

Mas há mais. Alguém me pode garantir que fica por aquí a lista dos bancos em desiquilíbrio instável? Dava jeito… 

A revelação

JSC, 26.05.09

Dias Loureiro, Joaquim Coimbra e mesmo Miguel Cadilhe não ficam bem na fotografia que Oliveira e Costa esta a revelar no Parlamento.

Pelo que ouvi não me parece restarem quaisquer dúvidas que estamos perante um folhetim que vai crescer e entreter-nos nos próximos dias, sem que se fique a conhecer onde param os milhões que desapareceram do BPN ou da SLN.

 

Oliveira e Costa acaba, mesmo que indirectamente, de meter o Presidente da República na fotografia, de onde apenas sairá no dia em que Dias Loureiro, por iniciativa própria ou a conselho do PR, deixar as altas funções de Conselheiro. Um Conselheiro que mente não pode ser um bom conselheiro.

 

missanga a pataco 70

d'oliveira, 26.05.09

          

  Um debate perdido

 

Vi durante alguns minutos o debate sobre a justiça no prós e contras da RTP.  E digo durante alguns minutos (10, 15 ou um pouco mais) porque não aguentei mais. E não aguentei por uma razão simples: Laborinho Lúcio falava em alhos e os seus companheiros de mesa respondiam em bugalhos. Ou, por outras palavras, LL ia-lhes perguntando se queriam aumentar ou dominuir os direitos e garantias e eles respondiam que a justiça não funcionava. O caso mais espantoso passou-se com o dr Henrique Granadeiro. Ele acha que tudo está inquinado e que a culpa vai direita para os clãs jurídicos. É uma opinião que deveria ter sido provada com factos. Mas isso ficou no tinteiro. O dr Lobo Antunes disse, e bem, que a Saude e a Justiça devem ser direitos acessíveis a todos. E não apenas aos ricos. E que isso ocorria na Justiça. Que quem tem dinheiro safa-se sempre ou quase. Conviria ao dr Lobo Antunes ir de vez em quando a um Centro de Saude ou espreitar uma urgência de um grande hospital. E perguntar se porventura lá vê algum rico. E, já agora, responder se são iguais os meios de um doente rico e um doente do SNS para enfrentar por exemplo um cancro…

Um senhor sacerdote que confessava a sua absoluta ignorância, em concreto (sic), das questões jurídicas afirmava que não basta ao agente da justiça ler cartapácios. Claro que não. Mas dizia, depois, que é preciso uma consciencia ética apurada. Sem dúvida. Só se esqueceu de dizer como é que se chega a esse ponto, como é que se recruta o agente com a dita alta consciencia ética. Aliás até poderia dizer se, no seio do seu grémio, a Igreja, isso ocorre. Ou se ocorre sempre. Se todos os religiosos regulares ou seculares detém essa “alta consciência ética”. E por aí fora.

Vivemos um tempo dificil. Como também LL disse a máquina da justiça portuguesa está pensada para vinte ou trinta anos atrás. Competiria a todos, mormente a quem legisla mas não só, definir que justiça queremos, que meios lhe damos, que recursos lhe afectamos, que liberdades e garantias desejamos, que limites devemos impor ao simples accionar dos recursos, que penas queremos para o perjúrio (saberão os leitores, e saberá o dr Lobo Antunes a que pena se sujeita um falso testemunho nos EUA e porque é que um cidadão como o senhor Madoff rapidamente se declara culpado? Tenho a percepção que não.), como é que pretendemos organizar os tribunais, etc, etc.... Alguém em seu perfeito juizo entende que os códigos penal e de processo penal, solenemente votados na Assembleia protegem os cidadãos inocentes e punem com adequada severidade os criminosos. Alguém, em seu perfeito juízo, acha boas as regras em vigor para a aplicação de penas suspensas?

Mas não, na maior parte dos casos, assobiamos para o lado e “eles”, juizes, advogados, procuradores e criminosos, que se entendam. Não é connosco. Nada é connosco. As fugas de informação de processos virão todas do procurador ou do juíz de instrução? E não andará por aí um (só um) advogado manhoso a alimentar a curiosidade dos jornalistas? Ou um familiar do arguido? Que diabo, seremos assim tão ingénuos?

Estes debates deveriam servir para perceber. Para tal deveriam ter como intervenientes pessoas que conhecessem os temas. E que fizessem o trabalho de casa. E que, além de gostarem de se ouvir, de pensarem que têm algo para dizer, tivessem também tempo e paciência para ouvir o que os outros dizem. Para dar o braço a torcer se for caso disso. Mas, desculpem-me a franqueza, aquilo ao fim de um quarto de hora já era uma cacafonia. Assim não vamos lá. 

Pág. 1/7