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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

diário Político 146

mcr, 31.05.10

R.A.S. (rien a signaler) ou nada de novo

A notícia do fim de semana é uma não notícia. De facto ao  decidir apoiar Manuel Alegre, o PS não fez mais do que se sabia que tinha de fazer. Realmente não havia outra alternativa por mais esforços que quatro ou cinco “conselheiros” (mal avisados conselheiros, digamos) tivessem feito. A ideia peregrina de não apoiar ninguém (deixando ao alvedrio de cada um dos militantes essa escolha, que aliás eles sempre têm) é de tal maneira tonta que nem se acredita que alguém tenha tido, mais do que a desfaçatez, a burrice de a lançar.

Alegre, como já Sampaio o fizera, forçando a mão aos grupos mais direitistas do PS (soaristas incluídos), cortou-lhes as saídas. Ao proclamar-se candidato, assegurou imediatamente numerosos apoios das bases (como se tem visto), secou o terreno dos eventuais adversários (que aliás ninguém viu) e criou uma dinâmica que esta votação singularmente de braço no ar (!!!) avalizou esmagadoramente.

Dirão alguns que a votação (dez votos contra e uma que outra abstenção, alem da saída da sala de um par de cavalheiros de que só por misericórdia não se revelam os nomes) é excessiva: eram de certeza mais, muitos mais, os inimigos de Alegre. Só que não foram capazes de sair a terreiro. Irão agora, a coberto de pequenas conspiratas, de conversas de bastidores e de intrigas e fuxicos, cortar na casaca do candidato, por que isto é gente que junta á falta de coragem um dom inato para o mexerico.

Todavia, o PS não tinha de facto um candidato. Nem sequer o cavalheiro monárquico que apoiou Cavaco e agora empurrado por alguns e fascinado pelas luzes aparece a candidatar-se. Parece que já anda a recolher assinaturas. Alguém duvida que aí anda também mãozinha de punho fechado?

De há muitos meses a esta parte, o PS “enrocou-se” como se diz em Espanha. A imagem vem do xadrês e significa uma jogada mais ou menos desesperada e defensiva em que se movimentam conjuntamente o rei e uma torre para tentar melhorar as possibilidades da defesa. Cortou as pontes com o melhor de si mesmo, com a sociedade civil que o apoiava desde os Estados Gerais e está a perder terreno desde a eleição de Passos Coelho. Há dias, uma sondagem dava pela primeira vez ao partido da oposição a maioria absoluta. Sondagens são sondagens e por cá o seu grau de fiabilidade é o que se sabe. Porém, não se devem menosprezar e com esta errática e desgovernada gestão da crise, começa a parecer normal que os futuros votantes olhem para o PPD como um salvador.

Sem Alegre, as coisas seriam ainda piores para o PS. Por isso, também, eis que sem festa, apoia o candidato que vem das suas fileiras. E apoia-o também porque não pode correr o risco de uma guerra civil nas suas hostes. Uma coisa é a má vontade de alguns dirigentes que de resto não têm muitas tropas. Outra é a arraia miúda, os incontroláveis, os que periodicamente esbracejam contra os instalados no Parlamento, nas prebendas, nas direcções regionais e  nacional.

Sócrates terá (tem) defeitos por uma pá velha. É arrogante, autista e ambicioso. Mas não é tonto. Sabe bem que atrelando o seu carro ao de Alegre poderá sobreviver. Se este ganhar, ele ganha. Se este perder, ele perde pouco, quase nada. E mantém o leme pois ninguém o irá culpar de um eventual desastre eleitoral nas presidenciais. De certo modo instrumentaliza Alegre ou instrumentaliza-o mais do que este a ele.

Admiro-me até de não o ter visto há mais tempo a lançar mensagens de apoio ao candidato. Discretas, mas verificáveis. Andava, decerto, demasiadamente ocupado a tapar buracos.

Quanto ao dr Soares as coisas são diferentes. À medida que envelhece vai-se-lhe embotando o faro politico e evidenciando-se a sua contumaz oposição a tudo o que o contrarie. Soares que deve boa parte da sua carreira como Secretario Geral a Alegre (quando este “virou” o Congresso que Serra se propunha ganhar), não engoliu a afronta de ficar atrás de Alegre nas últimas presidenciais. Soares é de mau perder e já nada tem a perder. Ou muito pouco. As suas súbitas afeições por Chavez, a sua inesperada compreensão do fenómeno Fernando Nobre e mais uma boa dúzia de afirmações entre o pueril e fora de tom mostram com clareza que para ele, as escolhas ideológicas não são artigo de primeira necessidade. Contudo, também Soares pode pouco neste contexto. Isto não é exactamente a mesma coisa do que a segunda candidatura de Eanes (que, aliás ele duplamente perdeu: não foi seguido por ninguém e Eanes ganhou) e Alegre não é tão longínquo dos militantes quanto o era Salgado Zenha, que de “consciência moral” do PS passou praticamente a non person.

Questão diferente é saber se Alegre pode ganhar a Cavaco. É que aqui não é só o peso da Esquerda que conta. A Direita vai unir-se atrás do actual inquilino de Belém, ou o zunzum que metia Bagão Félix ao barulho vai continuar? E se sim, com um candidato mais credível?  As declarações da Igreja e de um par de católicos mais exaltados retirarão apoios importantes a Cavaco?

Qual vai ser o peso da crise na eleição presidencial? Será que os eleitores rejeitarão Alegre por o julgarem mancomunado com o desvario governamental e o desnorte que se começa a tornar cada vez mais perceptível?

As eleições, por vezes, dependem de muito pouco, quase nada. Por exemplo um bofetão dado na Marinha Grande.... lembram-se?

 

*R.A.S. expressão francesa popularizada durante a guerra da Argélia

** imagem tirada do site indicado

31.05.10

d'Oliveira fecit

Traído pela verdade

JSC, 31.05.10

Segundo esta notícia o Presidente da Alemanha demitiu-se. Não tinha ainda um ano de mandato e teve que abandonar o cargo. Em causa as declarações que fez recentemente acerca da presença de militares alemães no Afeganistão. Em vez de dizer que estavam lá por razões humanitárias, para ajudar o sacrificado povo afegão, para salvaguardar valores civilizacionais e a democracia, O que é que ele foi dizer? A verdade:  - os soldados estão lá para proteger a economia e o comércio alemão da instabilidade regional e com isso garantir empregos e rendimentos para os alemães.

 

O resultado final só podia ser o que foi: falou verdade, demite-se.

PS apoia Manuel Alegre

José Carlos Pereira, 30.05.10

A Comissão Nacional do PS aprovou esta tarde o apoio à candidatura presidencial de Manuel Alegre, que já contava com o apoio do Bloco de Esquerda. As escassas notícias revelam que naquele órgão partidário, em que têm assento quase três centenas de membros, a proposta de José Sócrates contou com apenas dez votos contra e uma abstenção.

Ou muito me engano ou o apoio efectivo dos militantes e simpatizantes socialistas à candidatura de Alegre vai revelar-se bem menos entusiástico do que o manifestado pela entourage dirigente...

O défice, ainda e sempre

JSC, 30.05.10

 

Preparar um orçamento corrente ou de funcionamento para uma entidade pública é a coisa mais simples que há. Basta dispor de uma calculadora que some e subtraia. Depois, toma-se o valor ou dotação atribuído a cada uma das rubricas do ano anterior e soma-se ou subtrai-se consoante os pedidos, as pressões políticas e outras opções de  igual monta. Claro que há os chamados encargos fixos: pessoal, gastos com energia, comunicações, etc. Mas mesmo nestas chamadas despesas fixas é possível intervir. Por exemplo, cortar as horas extraordinárias, cortar nas deslocações e estadias, cortar nas comunicações. Segue-se todo um vasto conjunto de despesas de funcionamento, que se forem reduzidas, em termos significativos, o normal funcionamento não é afectado na proporção do valor em que se reduz essa despesa.. Por exemplo, estudos e consultadoria, atribuição de subsídios, aquisição de bens e serviços variados, economato, etc.

 

Vem tudo isto a propósito da notícia do DN que nos mostra que uma redução de 10% nas despesas dos diferentes gabinetes ministeriais representaria uma poupança de 56 milhões de contos. Se a este valor somarmos a poupança que resulta da suspensão das novas regras do subsídio de desemprego tem-se que com estas duas medidas o Estado pouparia, em 2010, cerca de 100 milhões de euros.

 

Não será difícil de demonstrar que a quase totalidade dos organismos públicos, incluindo institutos e outras entidades de natureza afim, suporta bem um corte de 5% a 10% nas suas despesas de funcionamento, o que representaria uma poupança brutal para o Estado e um notável exemplo a transmitir à comunidade.

 

Uma medida desta natureza, por muita reacção que gerasse em alguns serviços, seria sempre mais sustentável e compreendida pela população e pelos operadores externos do que os agravamentos cegos da carga fiscal ou outras medidas avulsas, que nada resolvem porque não atacam o cerne do problema: a despesa.

 

Como estas medidas apenas podem ser tomadas (impostas) pelo Ministro das Finanças e como o actual Ministro ainda pouco ou nada fez neste sentido, parece que num amanhã próximo, quando deixar de ser ministro e passar a mandar recados sobre o que fazer para se sair da crise, lhe poderemos lembrar que não fez o que deveria fazer ao tempo em que tinha o poder para reduzir a despesa  de funcionamento, em todos os sectores da administração pública, designadamente nas áreas que o DN aponta.

 

PS: O objectivo da imagem, que se reporta aos anos 80, 90 e primeiros anos desta década,  é mostrar que os ex-ministros das finanças também alimentaram o défice, ainda que agora façam palestras e coisas menos sérias (politicamente) a mostra o que se deve fazer...

Diário Político 145

mcr, 28.05.10

Agravos

Deixemos mais uma nota sobre a historieta sempre incrível do cavalheiro que se abarbatou com os gravadores. Agora parece que não se sabe onde param. E como param. Imagine-se que era eu que sacava um gravador a alguém. E que, percebendo que tinha sido filmado, a ia entregar ao segurança mais próximo. Ou ao seguinte. Será que poderia arguir de “acção directa”? Será que o parlamento também se solidarizaria comigo? Ao que se lê os grupos parlamentares da esquerda (ou que como tal se proclamam como parece mais curial) esquecidos que estão da liberdade de imprensa e de informação continuam a achar que a dita acçãozinha directa merece não uma censura mas o seu ominoso e espesso silêncio, aliás pontuado por palmas e risinhos vindicativos. Se isto não é corporativismo barato e rasca não sei nada de nada.

Os senhores deputados que tanto se melindram com as criticas de que são alvo, que querem à viva força legislar sobre tudo e sobre nada, que querem mesmo equiparar a união de facto ao casamento (que me mostrem diferenças substanciais entre a proposta da mimosa ex-jota Ana Catarina Mendes e o regime consagrado na lei para o casamento) deveriam começar a perceber (se a tanto lhes chega o entendimento) que o furor uterino legiferante tem limites.

Eu, que vivo amancebado, ou amigado, ou de casa e pucarinho, com uma leal companheira, estou condenado a ver-me seu herdeiro se porventura a infelicidade me fizer sobrevivente entristecido desta aventura que já leva uma dúzia de anos. Ou a contratar com a minha parceira e convivente um par de papeis que nos permitam continuar como até aqui. Se é que a lei celerada que se prepara o permite...

Quem casa, casa e pronto. Quem não quis casar, escolheu isto, esta vaga liberdade, este modo de se estar nas tintas para a sociedade que o cerca. Mas a D Catarina está vigilante. E os seus amigos idem. Querem meter-me nos varais deles, a puxar a mesma carroça que eles. Querem defender-me dos meus próprios erros, da minha crassa ignorância, do meu maquiavélico oportunismo. Hoje é isto. Amanhã vão cominar-me a mijar à moda deles: para o lado esquerdo e sacudindo o dito cujo três vezes, e só três vezes. Isso se não se lembrarem de marcar o número de mijinhas diárias.

Numa pequena cidade americana é proibido o “cunilingus” mesmo dentro de casa e por parceiros coniventes. Dá multa. Forte. Não sei como é que descobrem a coisa mas a verdade é que há uma lei. Os amigos dos amigos dos gravadores alheios parece quererem ir pelo mesmo caminho.

Aqui del rei!

 

Estes dias que passam 205

d'oliveira, 28.05.10

Andam a dar-me música!...

Ora vamos lá escrever uma crónica semi-estival, coisa leve, para fim de semana com sol, ameaças de praia, promessas de Verão e uma fugaz esperança numa pratada de sardinhas assadas com uma salada de pimentos.

Comecemos então pelo relatório anual de actividades e contas da Casa da Música. Vem no “Público” em destacável de oito páginas, mas é provável que o mesmo suceda com outros jornais.

Abstraindo de outros números e, sobretudo, da espessa e fraca prosa das mensagens e do relatório, escrita num misto de langue de bois e português primitivo e indigesto, vamos só praticar com três números:

1  total de “eventos”: 1561

2 total de espectadores e participantes em actividades educativas: 211.152

3 total de bilhetes vendidos: 110.237

Façamos agora umas continhas:

A venda de bilhetes corresponde apenas a  (+ ou -) 52% do número de espectadores e participantes;

A média de espectadores por “evento reduz-se a 135 pessoas!

As leitoras (e os distintos cavalheiros que  as acompanham) tirarão as suas conclusões.

(nb: aparece ainda um número de visitantes e de visitas guiadas que ascende a 252.000 pessoas (42.000 +210.000) Convenhamos que nada ou pouco se retira disto, mesmo na hipótese do 2º número ser rigoroso)

 

Maria João Seixas deu a sua primeira entrevista enquanto Directora da Cinemateca Portuguesa. No “Público” mais uma vez. Eu sei que alguns leitores se enfurecem com este jornal mas a verdade é que, com todos os defeitos que se lhe podem apontar, é o único que se atreve a questionar estas realidades da cultura.

MJS entrou para a Cinemateca no rescaldo da morte do João Bénard da Costa. A sua chegada acalmou o burburinho que entretanto se “alevantava” e que tinha pouco a ver com aquela casa e muito com ambições pessoais e intrigalhada político-cultural. Conhecendo-a mal, mas conservando dela uma boa impressão, temi que a João se visse rapidamente trucidada. Pelos vistos enganei-me, e ainda bem.

E que é que diz MJS?  Pois duas “coisinhas” simples e andadeiras.

A primeira consiste na ideia de criar um circuito nacional de cópias digitais de grandes filmes (eu iria mais longe: grandes e razoáveis, pois não há bom cimnema sem muito cinema, bom, mau médio, assim assim) que iria a todo o lugar com um mínimo de custos e um máximo de eficácia.

A segunda é esta: MJS entende que uma segunda cinemateca (no Porto) não é uma prioridade.

Uma vez, depois de um belo discurso dela (No encerramento dos Estados Gerais) eu disse, alto e bom som: quem fala assim não é gago. Foi uma risota naquele composto grupo que ocupava o palco do Coliseu e a João fez-me o favor de perceber que aquilo era um elogio bem humorado.

Quem por aqui me atura, lembrar-se-á, certamente do que escrevi sobre esta matéria cinéfila. Considerei aberrante um pretenso abaixo-assinado de quatro mil e tal preopinantes que pedia em alta grita uma cinemateca para o Porto. Baseava a minha observação, desencantada e pessimista, numa longa prática cineclubista, na minha experiência de muitos anos na Delegação Regional do Norte do Ministério da Cultura, e na frustração tantas vezes sentida de deparar com uma falta absoluta de público em ciclos de cinema clássico promovidos em colaboração com a Cinemateca.

Eu, quanto a abaixo assinados deste tipo, tenho uma opinião escandalosa. Só acredito quando os abaixo-assinantes pagam forte e feio. Como quem garante que vai até ao fim na sua exigência. Pedir coisas ao Estado é fácil e não custa nada. Pedir, garantindo contrapartidas claras, é mais trabalhoso. E MJS dá o saboroso exemplo de um ciclo de cinema em Serralves de tal maneira às moscas que alguém perguntou aos raros espectadores se eles ali estavam em representação da multidão vociferante e cinéfila.

Uma cinemateca é algo pesado, caro, de manutenção difícil que não dá para andar a brincar aos quatro cantinhos com um par de rapazolas que do cinema tem uma noção mais do que elementar. Uma cinemateca não é só uma salinha escura e confortável mas também uma biblioteca, um centro de documentação, um laboratório e sobretudo uma garantia de nível internacional quanto ao manuseamento e projecção das “fitas”. Desculpem lá: isto não é para amadores. Como a João diz, e muito bem, quem quer ver “pintura antiga” vai ao Museu das Janelas Verdes. O mesmo se passa com os grandes e ultra-sensíveis filmes clássicos que a Cinemateca guarda, preserva, mostra e publicita. Ponto final.

Parece, porém, que a senhora Ministra, bem como o seu antecessor de fraca memória, terá outra ideia. Se é que a referida Senhora tem ideias que ultrapassem aquela tão espampanante da Tauromaquia...

Como consolo, fiquemo-nos com esta vaga segurança. Para já a crise e a falta endémica de dinheiro, retira toda a eficácia à promessa ministerial. E, enquanto o pau vai e vem, é possível que o bom senso regresse e a Ministra parta. Estrelinha que a guie.

 

 

A crise que nos toca

JSC, 28.05.10

A crise também está a atingir este blogue. Uma crise diferente, mas com resultados em perda clara e contínua. No entanto, muita coisa vai passando por aí, a merecer que se mandem uns bitaites, mesmo que seja só para desopilar e dizer que há sempre alguém em maré contrária aos ventos liberais que sopram.

 

Ainda hoje ouvi e li que em terras chinesas há operários que se matam em série. Gente que trabalha violentamente, sem direitos, dorme ao lado do trabalho e come no trabalho e faz (sofre) tudo isso por uns míseros 106 euros mensais. O que é que produz? Bens de alta tecnologia, no caso iPhones, iPads que são vendidos no ocidente cristão e civilizado a 800 euros a unidade. Cada aparelho paga um mês de trabalho a oito operários chineses.  

 

A quem será vendido o último iPad, iPhone que aquele operário ajudou a produzir antes de se matar?

 

Ainda hoje ouvi que a Apple, a que produz e vende Ipods e Ipads, se valorizou em bolsa ao ponto de ter ultrapassado a Microsoft.  É notícia hoje em todo o lado.

 

Tirando isto, - o suicídio dos nove operários “construtores” de iPods, iPads ou coisas similares - nada mais há a preocupar os cidadãos compradores de tais aparelhos ou de outros produtos tecnológicos manipulados pelos 300 mil operários da tal fábrica chinesa, é que a Apple anunciou que vai fazer um inquérito, o que é, de facto, muito tranquilizador para as boas consciências dos que lhe compram os produtos e fazem subir as acções da Apple em bolsa.

 

Outros temas mereciam ser relevados. Por exemplo, o dos deputados que há dias apresentaram uma proposta para reduzir as despesas no parlamento e que agora viajam para Madrid em classe executiva e vão ficar instalado em hotel de 5 estrelinhas. Isto para não falar nas dezenas de computadores portáteis que aprovaram comprar, para os assessores (pessoal contratado à tarefa) dos grupos parlamentares, como se estes profissionais liberais não devessem ter um portátil próprio, sua propriedade, uma vez que um portátil é a enxada de qualquer quadro que trabalha por conta própria.

  

Claro que tudo isto somado se traduz em trocos. Mas que diabo, E o exemplo? Quem o deve dar?

Notícias da crise

JSC, 25.05.10

A ser verdadeira esta noticia o Governo e o Parlamento bem podem limpar as mãos da folga orçamental em que se meteram. Por um lado, cortam, simbolicamente, no ordenado (-5%) respectivo, por outro aumentam, significativamente, a despesa (+25%) com os senhores parlamentares, que vão poder viajar mais, contratar mais assessorias e gastar mais na decoração dos seus gabinetes e espaços comuns. Em tempo de crise, em que põem o pessoal a pagar mais impostos, a ter os vencimentos congelados e a perder benefícios, não está mal, não senhor.

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