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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 264

d'oliveira, 31.01.12

Telegrama aos amigos de Krugman

 

Numa entrevista concedida ao jornal “le Monde”. Paul Krugman deixa duas curiosas sugestões que qualquer português saberá apreciar devidamente. A primeira é que “a inflação não é o problema mas a solução” pelo que entende dever-se deixar os preços subir acima dos célebres dois por cento. Em segundo lugar entende que nos países mais débeis da zona euro haveria que cortar 20% aos salários para manter a competitividade...

Baixa de salários e aumento da inflação! Que é que o senhor doutor Carvalho da Silva diria? E outros doutores tão krugmanianos? Se os salários baixam (e logo 20%!!!) e os preços sobem (permitir uma taxa de inflação de 4%) em que fica o poder de compra das pessoas?  E o consumo, como se iria comportar?  Se, como tudo indicaria, isso traria uma baixa do consumo, como é que o crescimento económico se reanimaria? Etc...

 

Vítimas da agiotagem

JSC, 24.01.12

Os juros exigidos para comprar dívida portuguesa sobem, sobem, contrariando as expectativas e as promessas de que tudo voltaria à normalidade, uma vez expulsos os descredibilizadores do sistema, substituídos pelos que anunciavam uma nova era de confiança para os mercados.

 

Afinal de contas os substitutos não estão a fazer melhor, pelo contrário, agravaram as condições de vida da população e não conseguiram travar o agravamento das condições de acesso ao crédito.

 

Hoje, os juros pedidos a Portugal na maturidade dos dois anos negociavam-se a 14,3%, a cinco anos transaccionavam-se a 18,0% e a dez situavam-se nos 14,2%

 

Enquanto os juros sobem para valores nunca vistos (por cá), o desemprego aumenta, os passes dos transportes sofrem aumentos exorbitantes, toda a comunicação social e mesmo o pessoal das redes sociais anda entretido com as declarações do Sr. Presidente. É caso para dizer que este Governo tem uma sorte do caraças. Nós é que não.

Au Bonheur des Dames 304

d'oliveira, 23.01.12

 

 

Não perceberam nada!...

 

 

 

Eu, às vezes, descreio dos meus compatriotas.

 

Então o Senhor Presidente da República, no seu papel de reformado, fez galhofa e a imensa maioria dos portugueses (até mesmo os senhores drs Marcelo Rebelo de Sousa e Vasco Puído Valente!!!) tomaram-no a sério?

 

Estava S.ª Ex.ª preocupado com o baixo moral dos lusitanos, com a lancinante tristeza que percorre noticiários, mesas redondas, manifestações (para não ir mais longe, a dos indignados,  a que o meu camarada de blog fez publicidade aí em baixo, foi o fiasco que se sabe –não chegavam a mil...- porque as restantes dezenas de milhares tinham ficado em casa empapadas em lágrimas, soluços, choro, ranger de dentes, enfim, consumidas num desgosto atroz e malsão) e, justamente preocupado, entendeu substituir o Hermann José na árdua tarefa de nos levantar o astral.

 

Sabe-se, ou pelo menos supõe-se, que meditou longamente no modo de chegar a um número máximo de cidadãos, coisa que, mesmo para um Presidente de República, não é coisa fácil. Nada fácil. A lusitanagem, logo que lobriga um político, seja ele qual for, põe-se a milhas, vai dar uma volta ao bilhar grande, abre em força para longe, finge que está a estudar materialismo dialéctico (isto sobretudo nas franjas da Juventude Comunista que é muito dada a exercícios espirituais difíceis e a preparar o corpo e o espírito para os insondáveis martírios que o Comité Central, volta e meia, lhes promete quando fala da “reacção” que aí vem) enfim, assobia para o lado e escafede-se a grande velocidade.

 

Claro que há truques possíveis mas impraticáveis para o Mais Alto Magistrado da Nação (tudo em maiúsculas que o respeitinho fica sempre bem). Ninguém imagina os trabalhos do austero ex-proprietário da Vila Mariani (nome mimoso e muito chic da antiga residência de verão do casal Silva, lá as bandas praia da Oura. Eu, em tempos longínquos, ia pela Páscoa até essas abençoadas terras e aboletava-me  perto da casa e sempre comentava com os meus botões a extraordinária imaginação e o não menos notório bom gosto do nome da mansão. E roía-me de inveja, claro... )

 

Mas deixemos este aparte e passemos ao cerne da questão. É evidente que um politico daquele gabarito não pode, por exemplo, disfarçar-se de palhaço. Mesmo de palhaço rico. Isso pode ser bom para o dr Alberto João Jardim que é um mero presidente regional e que gosta de carnavalices. Nele, o palhaço pobre assenta-lhe como uma luva e praticamente nem precisa de disfarçar. Basta-lhe ser natural, genuíno, como é. 

 

Mas o Senhor Presidente não pode dar-se a esses luxos. E, aliás, o seu rosto, talhado em severo, não se presta. Dir-me-ão (sobretudo o João Vasconcelos Costa que é criatura ardilosa e versada em cinema clássico –apesar de não se chegar aos calcanhares do escultor Manuel Sousa Pereira, dono de uma prodigiosa filmoteca) que o Buster Keaton também tinha um semblante triste, o que tornava ainda mais extraordinária a comicidade das personagens que ele interpretava. Recordo o imortal Pamplinas maquinista filme que terei visto e revisto uma boa meia dúzia de vezes.

 

Todavia, o doutor Cavaco não tem ar triste mas tão somente sério. Dir-se-ia um Catão. Catão, o antigo, subentenda-se, o que queria –e conseguiu – destruir Cartago e não o seu bisneto, conhecido por Catão o moço que era mais dado à filosofia estóica e que se suicidou por despeito (ninguém estará a ver o senhor Presidente a suicidar-se, credo!, para trás, satanás!).

 

Portanto, também um discurso à Buster Keaton (criatura de escassas palavras...) não me parece possível.

 

Um presidente de república que se preze tem de usar imagens fortes. Por exemplo, o Almirante Américo Thomaz (com H e com Z) usava frases curtas mas cortantes. Recordo merencoriamente esta: “Perante o que vi só tenho um adjectivo: gostei!” Ninguém que o tenha ouvido esqueceu a frase e o pequeno sobressalto gramatical, coisa pouca hoje em dia.

 

Portanto a Cavaco Silva, perdão, ao senhor professor doutor Cavaco Silva restava apenas a alternativa de uma frase que chocasse, que electrizasse o auditório. Audace, audace, toujours de l’audace!

 

E ele foi, há que reconhecer, audacioso. Digamos que esteve à altura de alguns exemplos maiores da nossa história pregressa. Por exemplo: o Decepado, Duarte de Almeida de deu nome, o alferes mor que perdida a mão com que segurava a bandeira, logo passou esta para a que lhe restava que, todavia, teve o mesmo destino da anterior. Sem mãos agarrou a bandeira com os dentes e com os cotos ensanguentados e foi o que se viu.

 

Para que nenhuma leitora pertinaz e feminista me venha exprobar o exemplo machista, também me ocorre recordar a padeira de Aljubarrota, a que matou sete castelhanos com a pá do forno e que, se calhar, era parente do anterior pois ao que sei chamava-se Brites de Almeida. Ora aqui está uma bela hipótese histórica com que desafio o meu amigo e leitor Zé Mattoso que alia a muita sapiência com um apetite seguro por peixinhos frescos e lampreia à bordalesa (desta vez sou eu que pago, ouviram?).

 

Foi assim que o Senhor Presidente, pessoa imaginativa e com um robusto sentido de humor, entendeu sacudir a apagada e vil tristeza portuguesa. Atirou, com o seu ar mais sério e preocupado, a bomba de relógio galhofeira: que nem ele estava a salvo do colapso financeiro dada a exiguidade da sua reforma. S.ª Ex.ª não escondeu – nem podia, que nisto de cacaus, os portugas são de uma tremenda bisbilhotice – que tinha uma reforma que eu, por acaso, também lhe invejo. Apenas, e para dar mais efeito ao que declarava, referiu, a minguada reforma de professor catedrático. O resto dava por garantido que a maralha conhecia. Aliás, não tinha ele declarado no ano anterior cento e quarenta e tal mil euros? Tinha. Portanto não estava a sonegar nada a ninguém. Pretendia apenas, na sua ingenuidade, alegrar um pouco os paroquianos que lhe bebem as palavras como os sequiosos viajantes do Sahara bebem nas escassas fontes a pouca e má água que lá encontram.

 

Infelizmente, S.ª Ex.ª ignorou a má fé, o humor sorumbático, a sordidez política de que esta gentinha é capaz. Também não espanta. Num peito forte e virtuoso não cabe a ideia de que podemos ser mal interpretados. Eu, aqui mesmo, e agora (hic et nunc para estar à altura dos dois citados Catões), poderia também estar a atacar o Venerando Chefe de Estado. Mas não, não estou, estou a defendê-lo como é meu dever, mesmo se, por inépcia política, espírito mesquinho e zoila intenção, votei noutro(s) sempre que S.ª Ex.ª se apresentou a votos.

 

Mas quem torto nasce (e canhoto de pata e de coração...) torto morre. No entanto, não posso deixar passar sem resposta a vil campanha que alastra pelo país casmurro contra uma blague que se pretendia – e era – redentora.

 

* na gravura: Buster Keaton, claro.

 

 

 

Guimarães Capital da Cultura e do Encantamento

O meu olhar, 23.01.12

Fui à abertura da Capital Europeia da Cultura em Guimarães. Assisti ao espectáculo no Toural. Foi maravilhoso. A projecção foi impressionante, inesquecível. Guimarães é uma cidade encantadora, com pessoas que vivem a cidade e isso também se notou neste momento único. Foi bom, muito bom, ter feito parte desta festa.

Para quem não esteve lá deixo aqui algumas imagens para dar alguma ideia do que se passou, apesar de que estes momentos… só vividos!

 

 

 

 

Mobilidade estudantil e competitividade

sociodialetica, 21.01.12

A competitividade é o motor do desenvolvimento!
Eureka! Está descoberta a origem da riqueza e da fome, do crescimento e do subdesenvolvimento, da opulência de alguns e do desespero de muitos.
Eureka! Cantemos todos hossanas à competitividade, seja ela ética ou selvagem.
Tanto faz porque também não sabemos bem o que é essa tal competitividade, emergida do pântano olímpico da sociedade de consumo.
Afastemo-nos da cooperação (excepto da que é competitiva), da conjugação de esforços (excepto quando é para estrangular o outro), da preocupação pela sociedade (excepto quando é para espoliá-la dos seus atributos), do altruísmo (excepto quando permite revelar o nosso egoísmo) e de outras peçonhas maléficas da dignidade humana e da honra.
A competitividade tem a grande capacidade em transformar más ideias em boas práticas.
Vem tudo isto a propósito da mobilidade estudantil.
Alguém que nunca foi ao futebol (onde poderia assistir ao clubismo e nacionalismo exacerbados), que não passou pela crise de 1929/33 (onde encontraria as raízes do inicial apoio popular ao nazismo e fascismo), que nunca conduziu na Grã-Bretanha (onde perceberia que pela ilha os caminhos são desencontrados do resto da Europa). Alguém que era suficientemente culto para perceber que é possível transformar a guerra (com destruição de cidades, mortes e prisioneiros) em guerra económica (com destruição de homens, fome e subjugados). Alguém sonhou que era possível transformar a Europa dos conflitos na Europa da cooperação.
Os políticos se encarregaram de transformar o processo necessariamente lento de superação dos conflitos nas atabalhoadas estruturas e dinâmicas que lhes garantam o emprego que, por miseráveis limitações biológicas, nunca poderia ser secular.
No meio deste sonho de fraternidade, que certamente nunca poderia dar bons resultados, tiveram a triste ideia de fomentarem a circulação da juventude entre os diversos países para estimularem o conhecimento mútuo e o estabelecimento de relações sociais, para pelo património linguístico absorver as culturas locais, para criar aqui reforçar ali a interculturalidade, a percepção da diversidade civilizacional existente no espaço político, que se pretendia comum hoje, único amanhã.
E assim ganhou força a mobilidade estudantil.
Durante anos a experiência funcionou como rede de contactos que deixava em cada participante a marca das especificidades dos países onde residia alguns parcos períodos. Aqui e ali era reforçada por alguma fuga de cérebros, mas sem grande relevância.
As universidades foram o centro dessa mobilidade.
Entretanto a argúcia gestionária das Universidades, sempre imbuída nos elevados valores da competitividade, expressa no bronze lapidar dos rankings – deixem ficar em inglês para ser mais chique – perceberam que o número de estudantes atraídos para as suas universidades poderia contribuir para um melhor posicionamento da sua instituição em relação às restantes.
A mobilidade deixou de ser importante para quem se oferece. Passa a sê-lo para quem recebe.
A veleidade da integração cultural – que apesar de tudo ainda se continua a conseguir como aperitivo – dá lugar ao realista, e quantificado, número de estudantes recebidos. Os cursos em inglês, a formação de guetos dos que partilham os mesmos sentimentos, a não percepção da cultura do outro deram finalmente lugar a algo mais consentâneo com os desígnios da competitividade.
Não dos jovens, certamente!

Estes dias que passam 229

d'oliveira, 19.01.12

 

 

O ovo da serpente 

 

Os leitores terão reparado que, de há bastante tempo a esta parte, me esforço por tentar definir fragilidades do poder político em Portugal. Esta crise não nasceu por obra e graça do divino Espírito Santo, não castigo de Deus e, muito menos, produto de uma cavilosa conspiração estrangeira contra o jardim à beira mar plantado.

 

Esta crise é nossa, muito nossa, foi cá encomendada, vimo-la vir, vimo-la crescer e só depois de estar yudo de pantanas é que, de calças na mão, fomos ter com os usurários da troika para que eles nos garantissem o pão nosso de cada dia.

 

Em tempos de crise, todos ralham e ninguém tem razão, ou, pelo menos, é isso que se diz. Será, mas sobretudo em tempos de crise, crescem a raiva, a indignação, a revolta e algumas outras e piores mazelas.

 

Hoje o “Público” traz a notícia das conclusões de um estudo sobre a qualidade da democracia. Abstendo-me de considerar o texto da jornalista S José Almeida, apenas me reporto aos dados mais relevantes que são juntos em gráfico. Assim:

 

Apenas 56% dos portugueses inquiridos entendem ser a democracia a forma ideal de Governo. 15% assume a preferência por um governo autoritário e há ainda, para além do vultuoso lote dos que não sabem, uns inacreditáveis 10% que acham que lhes é indiferenta a forma de governo. Ou seja, e em primeira e precipitada conclusão: o bloco anti-democrático tem potencialmente 25% de vozes.

 

Num segundo momento aparecem as conclusões sobre o maior defeito da democracia em Portugal. Convenhamos entre a falta de confiança nos políticos, a acusação de falta de eficácia dos mesmos se reúne uma multidão de 30%.  E se repararmos que a corrupção (e não é a Zé mas a outra, a boa, a que dá lucro e poder) vem em 4º lugar com 10% obteremos um resultado perigoso e impensável.

 

Num terceiro quadro verifica-se que os sindicatos e os partidos políticos são em conjunto considerados pelos inquiridos como instituições  que dão voz às preocupações dos portugueses. Ambos somados constituem apenas 20% ou seja estão abaixo da figura presidente da República que soma sozinha, vá-se lá saber como, 22%. Quanto aos autarcas a sua boa fama apenas colhe o apoio de 7%. É obra

 

Ha mais quadros e, seguramente, que quando se conhecer o estudo na íntegra, poder-se-á pensar melhor neste fenómeno.

 

Eu apenas refiro estes três items porquanto da sua conjunção, cruzamento ou o que quiserem, sai um retrato cruel e sinistro do país que temos e do povo que, neste momento, eventualmente, somos.

 

Digo eventualmente  porque neste género de coisas há sempre que jogar pelo seguro. Afinal os inquiridos, mesmo que escolhidos criteriosamente (coisa que dou por adquirida dado o perfil dos autores do estudo) apenas são cerca de 1.200.

 

Todavia, as amostragens têm algum rigor e devem ser, com todos os cuidados, olhadas com atenção. Algo está mal, por cá. Ou, melhor dizendo, algo preocupava os portugueses em Julho do ano passado, altura do inquérito. De então para cá, aposto que as coisas pioraram e que a percepção dos cidadãos é ainda mais angustiante.

 

Num país medianamente civilizado, a Bechuanalândia, por exemplo, isto seria um escândalo, haveria protestos, o poder tremeria e a pressão popular teria já obrigado o poder a propor reformas de fundo. E essas iriam certamente desde a reformulação das leis eleitorais até à implosão do sistema municipal, esse mesmo qque alguns cavalheiros entendem perfeito, e que se traduz nessa risível mediocridade que é a de apenas 7% dos cidadãos considerarem os seus representantes autárquicos como sólidos defensores dos seus direitos. Sete por cento!

 

Ainda ontem num comentário a um outro texto eu fazia alusão à caricata situação do governo pluripartidário nas câmaras municipais. Aos truques e baldrocas que genera, à falta de funcionamento democrático dentro da vereação, à clara desqualificação dos vereadores da oposição, ou, pior, a paz podre que muitas vezes atinge a vereação confundindo políticas diferentes numa espécie de consenso que só aproveita à maioria. E, de passagem, relembro, que agora anda toda a gente muito preocupada com o magno problema de saber se um presidente de câmara que já cumpriu todos os mandados admitidos se pode candidatar a uma câmara vizinha. Atentos os interesses em jogo, é evidente que não pode mas como se sabe, não vai ser essa a conclusão dos cavalheiros que têm o poder de clarificar a situação. Assim e por mero exercício poderemos ter o senhor Presidente da Câmara do Porto a concorrer a Gaia enquanto o dr. Meneses, o ferrabraz dos sulistas e elitistas a avançar para a cidade pretensamente invicta. O jogo até pode ser a três ou quatro metendo outros autarcas em fim de mandato e pondo-os a todos a jogar aos quatro cantinhos.

 

Sobre o tenebroso quadro do defeito maior da democracia, relembro outra vez que a regra de pôr os deputados a serem eleitos em cabazes os torna ainda mais distantes dos eleitores. Estes não sabem a quem acudir para se defenderem. Em Portugal, ao contrario do que se passa em países bárbaros como a Inglaterra, os Estados Unidos ou a França, não se vêm deputados a receber as pessoas que os elegeram e que eventualmente lhes poderiam pedir responsabilidades. Eu prefiro um deputado a que chame meu, mesmo se a criatura com o tempo se torne eterna a ver sentados no parlamento as caras lúgrubes de um punhado de anónimos escolhidos pelo aparelho e votados em grupo muitas vezes escorados em uma ou duas figuras que as pessoas consideram. Nem os deputados se consideram representantes dos eleitores nem estes se vêm de facto representados por alguém a quem conhecem e podem a todo o momento interpelar.

 

Quando os cidadãos lançam o labéu de incompetência e corruptibilidade sobre um inteiro grupo, por impossibilidade de destrinçar o trigo do joio, é tempo de tomar decisões. De andar para trás de refazer o caminho, numa palavra de reformar a bem para prevenir o mal.

 

Este país, vosso e meu, está doente. A coisa não vai com pachos de mostarda nem com caldos de galinha. A menos que, ande por aí alguém à espera que a árvore caia. De podre. Como a Monarquia em 1910, a 1ª República em 26 e o Estado Novo em 1974.

 

Não foi a força das armas que deu estes resultados. Foi a falta de defensores do regime que era atacado. E isso começa quando as maiorias democráticas começam a esboroar-se.

 

56% ? Arre, diabos!  

 

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