Neste governo nem as demissões correm bem
A demissão do Ministro Miguel Macedo está a ser uma grande praia para os comentadores encartados. As notas mais relevantes do que tenho ouvido centram-se na postura de Passos Coelho face a eventuais remodelações no Governo.
“Passos Coelho não gosta de remodelações”. “Passos Coelho gosta de ter um governo coeso”. “Passos coelho tem revelado grande resiliência à mudança”. A reforçar estas ideias, um comentador encartado até foi repescar a cena teatral da “demissão irrevogável” de Paulo Portas, para provar a grande capacidade de Passos em resistir a mudanças no Governo, tendo, disse o mesmo comentador de serviço, forçado Paulo Portas a manter-se no Governo.
O que, certamente por mera coincidência, passa ao lado da generalidade dos comentadores de serviço é que acaba de sair do Governo o Ministro cuja demissão ou substituição era a mais improvável. É caso para dizer que neste governo nem as demissões correm bem. Nada é normal. Normal seria a demissão do Ministro da Educação e a demissão da Ministra da Justiça.
Mas não é por aí que vão os comentadores do imediato, aqueles que estão à bica, que aparecem logo a opinar, a seguir a facto. É verdade que eles revelam uma grande unanimidade de opiniões. É igualmente verdade que são sempre os mesmos e o que dizem é expectável, não há lugar para a novidade, daí ser natural eles verem um Primeiro Ministro tão “resiliente”, tão defensor de “um governo coeso”, tão “avesso a remodelações”.
O que já não se entende é que sendo eles profissionais do comentário, da análise imediata, não consigam ver que o governo de Passos Coelho tem sido um Governo em remodelação permanente, tantos são os Ministros e os Secretário de Estado que, nestes três anos, têm saído e entrado no Governo.
A conclusão é óbvia. Até na remodelação governamental Passos Coelho é igual a si próprio: Está sempre a remodelar e a dizer que não gosta de fazer remodelações. Os comentadores é que não estão a ver bem a coisa. Ou estão.