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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Estes dias que passam 344

d'oliveira, 07.03.17

Debaixo de fogo

 

Tenho tentado alhear-me (aqui, só aqui!) da discussão política em curso no jardim à beira mar plantado. 

Não nego que depois do sufoco anterior sabe bem respirar um pouco mais à vontade.

Sabe ou saberia?

A dúvida que se põe tem alguma base. Mudaram os nossos hábitos de indisciplina económica e financeira? Alguém já tentou saber a que se deve a euforia gastadora dos últimos tempos? Será que o aumento do consumo interno apenas abrangeu produtos nacionais ou, pelo contrário, como tudo aliás indica (cfr as compras de automóveis para não ir mais longe), tal se deve à comprar de produtos importados que fundamentalmente só enriquecem alguns importadores e os países exportadores? Será que o milagre do deficit se deve a uma sábia governação ou apenas e fundamentalmente ao PERES e aos maiores cortes de sempre no investimento público? Será que, para este ano, também vão existir economias do mesmo teor ou já as esgotámos? E se sim, qual vai ser o défice (sobretudo no caso de se voltar a um investimento público já não digo idêntico ao  do plano Centeno - quem ainda se lembra dele?- mas pelo menos semelhante? Os gastos das famílias aumentaram com a consequência de uma grave diminuição do aforro privado e -paralelamente -de um aumento da dívida privada. A dívida pública cresceu. O total dos impostos cobrados não cobre a despesa efectiva. Vão ser necessários mais empréstimos para pcobrir esse diferencial. A que juros? Os bancos parecem apostados em emprestar para despesas pouco ou nada produtivas. E se é verdade que alguns parecem apostados no equilíbrio provisório das suas contas ainda ninguém exclareceu como é que a Caixa, a nossa querida, pesada, vetusta, política Caixa se distraiu em 5,5 mil milhões. Isto para já que ainda há muita conta para se fazer. 

O senhor Presidente da República anda imparável no comentário político a pontos de se poder pensar que ele presidia mais ao país quando comentava aos domingos do que agora quando nada mais faz do que andar aos beijinhos, posar para selfies e transpirar felicidade, alegria e progresso na pátria amada. Ninguém pede uma criatura carrancuda no palácio presidencial mas conviria, de quando em vez, alguma contenção, algum bom senso, alguma cautela. Isto é dito sem saudades do anterior mas sem parvamente se pensar que o país precisa de um novo Candide sem a qualidade de Voltaire mas com o pretensiosismo de Cascais. 

Finalmente duas palavras sobre Carlos Costa e Teodora Cardoso. O primeiro, convém lembrar foi nomeado em tempos do senhor José Sócrates. Passos Coelho apenas o manteve. Esta pequena lembrança vai para o distraído senhor Louça, essa espécie de catecúmeno que faz de economista nas horas vagas e que até, quem acreditaria?, o levou a "conselheiro" do Banco de Portugal (tal se deverá claro à sua experiência!) 

A segunda, que ninguém se atreve a considerar de Direita ou sequer conservadora, está sob fogo real por ter explicado que os milagres (sejam os de Fátima nos quais piamente acredita Marcelo, o quarto pastorinho, sejam os da mera economia real) têm sempre uma razão clara e evidente como já aima se disse. 

Para Costa, as "forças do progresso" (boa piada!) pedem a defenestração (coisa que nunca fizeram ao anterior titular do cargo que não viu, ouviu ou pressetiu o BPN) enquanto que para Teodora advogam o fim o do Conselho de Finanças Públicas. 

Chama-se a isto varrer para debaixo do tapete ou, pior, enterrar a cabecinha sonhadora na areia.