Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

o leitor (im)penitente 18

d'oliveira, 10.09.07

Em qualquer sítio desta casa, provavelmente entre velhas colecções do “A Suivre”, do “Harakiri”, do “Charlie hebdo” e do “Echo des Savanes” ainda devem restar alguns exemplares do "Actuel".
Tralha dos anos sessenta e setenta, mais estes do que aqueles, dirá algum dos “rapazes” que depois de ter palmilhado “un petit bout de chemin” com a geração de sessenta foi dar uma volta por outro lado. Também por aqui há bom número de “arrependidos”, de “envergonhados” e de tontos que que acham necessário renegar tudo para acampar no neo-liberalismo triunfante. Os pobres tristes (e nunca a expressão “neo-cons” foi tão bem aplicada...) pensam que à força de novo proselitismo podem entrar na primeira divisão do conservadorismo... Alguém lhes devia contar aquela de “Roma não pagar...”
Bom, tudo isto vem a propósito de mais uma morte. Jean François Bizot fez o que pode contra o cancro mas este jogava em casa. Aos 63 anos é mais um de uma já longa lista que “passa a arma à esquerda”, para traduzir literalmente uma expressão que o seu antigo jornal não desdenharia. Bizot, pai do “Actuel” onde também estiveram Kouchner agora vagamente ministro (se é que Sarkozy já os deixa fazer qualquer coisinha) e Michel Antoine Burnier (e Patrick Rambaud, já agora) foi um dos homens da descoberta do underground pelos franceses e a esse título personifica, de certo modo, uma das derivas interessantes do joli mois de Mai. Impertinente, apaixonado, intratável segundo alguns, capaz de ganhar dinheiro em qualquer circunstância, ele que nascera rico e que, recém-formado em engenharia entra clandestinamente como operário numa fábrica para perceber como era, foi além do mais um jornalista talentoso que começou no Express, vagueou pelo Nouvel Observateur antes de se convencer a fazer ele mesmo um jornal que fosse diferente. E foi. Para elogio fúnebre, chega. Mas que deixa um vazio, ai isso deixa.

Na gravura: uma capa de Actuel, provavelmente a última e um sinal claro da estética daqueles. anos

6 comentários

Comentar post