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Incursões

Instância de Retemperação.

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O PS e as eleições europeias

José Carlos Pereira, 06.02.14

O país tem vivido anos de grandes dificuldades, com a crise económica e financeira a deteriorar as condições de vida dos portugueses até um ponto inimaginável. A quebra continuada de rendimentos, o aumento do número de falências, o crescimento estrutural do desemprego, contrariado nos últimos meses com a ajuda da emigração e do aumento do número de pessoas que “desistiram” de procurar emprego, e o corte abrupto dos apoios sociais atiraram muitos portugueses para um patamar de difícil sobrevivência.

Por muito que nos custe admitir, este caos social paga-se. O abandono escolar, nomeadamente entre os universitários, é um indicador relevante e penalizador para o futuro, mas o aumento do número de crimes e suicídios – basta abrir todos os dias as páginas dos jornais - é um dado camuflado na realidade do dia-a-dia que não pode deixar ninguém indiferente.

O descontentamento com o Governo e a maioria que o sustenta cresce a cada dia que passa, mas o que é certo é que o principal partido da oposição não consegue (ainda) convencer os portugueses de que será capaz de fazer vingar uma via alternativa, sólida e estruturada. As várias sondagens realizadas estão aí para demonstrar que o PS não consegue descolar.

António José Seguro tem nas eleições europeias uma oportunidade para derrotar de forma clara a maioria no poder e, tendo em vista o que se passou em Portugal e nos demais países sob assistência financeira, afirmar, em concertação com os demais partidos socialistas e sociais-democratas, um discurso sobre o papel e os desafios da Europa e das suas instituições diferente do que é projectado sob a actual liderança conservadora.

Infelizmente, o tempo passa e o PS não faz essa afirmação. Neste momento nem sequer escolheu ainda o cabeça de lista a essas eleições, o que é verdadeiramente incompreensível. Seguro diz que ninguém na direcção do partido está com pressa. Outra coisa não se esperaria dos intrépidos seguidores que o acompanham. Aliás, a falta de espessura de alguns dos porta-vozes apresentados pelo PS é outro dado que não ajuda a credibilizar o papel de liderança política e social que o PS deve ambicionar.

Por este andar, António José Seguro, como diz o ditado, arrisca-se a não ter uma segunda oportunidade para criar uma boa primeira impressão.