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Incursões

Instância de Retemperação.

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Os desafios de António Costa

José Carlos Pereira, 24.12.14

António Costa viu consagrada a sua liderança no recente congresso do Partido Socialista, oportunidade que aproveitou para renovar profundamente os órgãos dirigentes do partido e ratificar a sua Agenda para a Década. Alguns observadores, perante o discurso de António Costa no congresso, apontaram-lhe o "delito" de ter guinado o PS para a esquerda. Outros comentadores concluíram que a moção estratégica de Costa apresentava escassos compromissos para o futuro. Curiosamente, quem exigia mais detalhe nas promessas socialistas eram precisamente aqueles que nunca votariam no Partido Socialista.

Nas semanas que se seguiram ao congresso, esses mesmos comentadores já referiam que António Costa ora dizia uma coisa ora dizia outra, piscando o olho à esquerda e à direita conforme as conveniências, como se não soubesse o caminho que pretende percorrer.

Na verdade, António Costa não pode antecipar as opções e o julgamento que os portugueses farão nas próximas eleições. O PS deve lutar pelo melhor resultado possível e o objectivo terá de ser conquistar a maioria absoluta. Isto, apesar de o responsável pela Eurosondagem ter dito recentemente que não voltaria a haver nas próximas décadas uma maioria de um único partido.

Em face dos resultados, logo se verá em que condições o partido mais votado poderá formar governo. Partindo do princípio que o PS vencerá as próximas eleições legislativas, conforme as sondagens antecipam, será fundamental ver o peso eleitoral que registam os partidos à direita e à esquerda do PS. Conjecturar maiorias de governo antes desse momento é manifestamente extemporâneo.

Quanto às orientações estratégicas e aos compromissos para o futuro, confesso que não percebo aqueles que exigem que António Costa apresente, com quase um ano de antecedência, medidas concretas do seu programa de governo. Com a velocidade vertiginosa em que hoje se vive, um ano é uma eternidade na área política e económica.

O líder do PS já deu sinais de privilegiar as matérias sociais e económicas, a valorização dos nossos recursos e do território. A austeridade desenfreada, como a que temos vivido, não será o seu guião. Costa terá, agora, de ser consequente e, em conjunto com os partidos congéneres do Sul da Europa, bater-se pela aplicação de políticas a nível europeu que invertam a depauperização a que temos assistido, recorrendo a instrumentos que fortaleçam o euro e (todas) as economias da União Europeia.

Como António Costa tem dito, os portugueses não perdoarão mais mentiras por parte daqueles que ganharem as próximas eleições. Por isso, Costa faz bem em ser prudente. Primeiro deve lutar por novas políticas europeias e depois, em face da realidade concreta, propor as medidas a seguir pelo executivo que liderar. Um passo de cada vez.

 

 

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