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Incursões

Instância de Retemperação.

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Um prémio merecido

O meu olhar, 17.05.12

O "nosso" Incursionista Carlos Pimenta foi destinguido com um prémio que reconhece o excelente  trabalho que tem desenvolvido no combate à fraude.

Eis a notícia:

 

 

Professor da FEP distinguido no combate à fraude

 

Carlos Gomes Pimenta, professor Catedrático da Faculdade de Economia da U.Porto (FEP) e Diretor do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF), acaba de ser distinguido com o prémio Outstanding Achievement in Outreach / Community Service, atribuído pela Association of Certified Fraud Examiners (ACFE), a maior organização mundial de combate à fraude.

 

Através deste galardão, a ACFE pretende premiar o trabalho levado a cabo por Carlos Pimenta e pelo OBEGEF no estudo e combate à fraude, realçando a sua "contribuição notável em prol da comunidade". Esta é, de resto, a primeira vez que este prémio, com grande notoriedade a nível internacional, é entregue a um português.

 

A ACFE é a principal associação internacional de especialistas em combate e prevenção da fraude e tem como missão "reduzir a incidência de fraudes e crimes de colarinho branco" em todo o mundo. "Com sede em Austin, EUA, este organismo conta com secções em diversos países do mundo e mais de 60 mil membros.

 

 

 

Mais informação pode ser lida no site da UP.

 

Uma crónica do invisível

sociodialetica, 10.06.11

As teorias da complexidade mostram que pequenas alterações num momento podem gerar consequências em cadeia que modificam totalmente o futuro. Logo a leitura da sociedade em que nos inserimos tem de ter em conta a subtileza do momento, a capacidade de se analisar o pormenor  e capacidade de se influenciar os mais pequenos interstícios da realidade social.

Felizes os que o conseguem fazer com realismo e capacidade de percepção do estrutural em cada pulsar social essa leitura. Fazê-lo carregando as emoções e a racionalidade, mas libertos do obscurantismo que uma ideologia irracional comporta.

Não estou entre esses eleitos.

Por isso tendo a não perscrutar o quotidiano, para me concentrar no estrutural, nos “problemas de fundo”, no que considero as grandes problemáticas, orientado pelos conhecimentos científicos e interdisciplinares que fui adquirindo e construindo.

Com estas limitações concentro a atenção no problema do Estado, nas leis objectivas de funcionamento da sociedade. Procuro tornar visível o que está coberto por um manto diáfano ou opaco das redes paralelas das nossa sociedade.

Por isso gostava de chamar a atenção para as crónicas “O silêncio da fraude” na Visão electrónica, na secção Opinião daquela publicação. Esta semana, para:

 

http://aeiou.visao.pt/baguim-de-alforges-e-a-globalizacao=f606770

 

No fim da crónica encontrará uma ligação para a consulta de todas as cento e vinte e quatro crónicas anteriores, de uma equipe vasta, unida nos mesmos propósitos.

Apontamento sobre fraude e corrupção na Europa

sociodialetica, 18.05.11

Periodicamente as quatro grandes auditoras internacionais publicam o “ponto da situação” em relação a diversos comportamentos desviantes. Desta vez foi a Ernst & Young: 2011 European fraud survey.

Começamos por esclarecer que temos muitas dúvidas sobre as metodologias de amostragem e recolha da informação adoptadas por essas empresas e lastimamos que não sejam feitos estudos mais completos e sistemáticos para Portugal, o que seria possível, com custos razoavelmente ridículos em comparação com o preço dos seus serviços. Contudo esses estudos têm bases suficientemente firmes para permitirem fazer algumas leituras rigorosas, para tirar algumas fotografias à sociedade e às empresas.

Vejamos algumas das conclusões do estudo acima referido:

  • “um terço dos funcionários de grandes empresas na Europa revela estar disponível a oferecer dinheiro, presentes ou qualquer outro tipo de entretenimento para ganhar um negócio”;
  • “dois terços [dos funcionários] reconhecem que o suborno e a corrupção são comuns no seu país e 40% referem mesmo que esse problema se agravou nos últimos dois anos, com a recessão económica”;
  • “um quarto dos entrevistados não confia na ética empresarial da gestão [porque] a gestão não olha a meios para atingir os objectivos”.

Todas estas situações apontam para a falta de integridade das empresas, para a inexistência de uma política antifraude nas instituições (código de ética e sua prática como parte da cultura de empresa; formação dos quadros nesse sentido; introdução das praticas negociais correctas por parte da administração, etc.), para o baixo nível de formação nas áreas da integridade, corrupção e fraude, para a carência de quadros especializados na detecção e prevenção da fraude e corrupção.

As empresas europeias parece ainda não terem percebido que combater e prevenir a fraude é um bom negócio por três razões fundamentais:

  • Pode aumentar a sua margem de lucro. A segurança tem custos, mas funciona como um seguro, quando na Europa mais de 5% do seu volume de vendas é indevidamente desviado.
  • Demora-se muitos anos parar criar confiança numa marca, mas pode perder-se em segundos; os custos da recuperação, se possível, serão muito mais elevados
  • Neste inquérito “75% [dos funcionários] dizem mesmo que há vantagem comercial num comportamento ético. Os trabalhadores preferem certamente trabalhar para empresas com forte reputação ética, tendo 45% dos entrevistados mostrado indisponibilidade para integrar empresas envolvidas em casos de suborno ou corrupção”.

O estudo aponta como solução o aumento e a melhoria da regulação. Não temos nada contra, mas temos dúvida que tal funcione. Também existem outros caminhos:

  • Que cada empresa deixe de aplicar uma “política de avestruz” fingindo que não há fraude ou, se existe, é só nas outras empresas ou feita pelos clientes e fornecedores.
  • Que haja por iniciativa do Estado uma entidade séria e desburocratizada que apure anualmente a fraude (e corrupção) existente ou detectada, chamando a atenção de onde actuar e como actuar.
  • Que a “equipe de administradores” deixe de ser um círculo fechado onde o conflito de interesses, a proximidade e o compadrio pululam.

Claro que há mais medidas possíveis de curto e longo prazo, mas deixemos estas a saltitar no ar.