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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

Algarve 2012 onde nada acontece...

Castro, 05.09.10



 

A associação de Hotéis do Algarve, apoiada pelo Turismo do Algarve, está indignada com a organização da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. Consideram que a imagem do Algarve foi profundamente afectada e caso nada seja feito para reparar o problema levarão a Fundação Guimarães 2012 a tribunal para pedir uma indemnização!

 

Meu deus! Que terá feito a Fundação Guimarães 2012 para reacção tão visceral de desagrado por parte desta associação? Perguntam vocês.

 

"Costa Algarvia, 11h30 da manhã de 2 de Agosto de 2012", esta é a legenda da imagem que se encontra mais a esquerda das acima expostas e que mostra uma praia vazia. A mensagem é rematada com a frase Guimarães 2012 é onde tudo acontece. Uma pessoa no seu juízo normal percebe que isto foi uma forma com humor para dizer que em 2012 devem visitar Guimarães e não passa pela cabeça de ninguém que o Algarve vá ficar vazio ou que esta campanha contribua minimamente para prejudicar a sua afluencia em 2012.

 

Pelos vistos a mesquinhes das cabeças pensantes da Associação de Hotéis do Algarve pensa que sim. Sem mais comentários deixo-vos apenas um excerto da declaração desta associação a imprensa bem como a ligação para a noticia do Público referente a este assunto.

 

"Para além do mau gosto e ignorância dos seus autores esta campanha fere de forma grave os interesses da maior actividade económica nacional e dos seus agentes e trabalhadores, sendo penosamente lesiva da nossa economia", diz a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Alguém sabe quem é Francisco Leitão?

Castro, 02.09.10



O mundo da comunicação social já não me espanta, mas continua a somar argumento para provar a sua falta de bom senso. Podia aqui enumerar diversos casos, mas deixo-vos com o caso do assassino em série Francisco Leitão (sim senhores jornalistas, assassino em série e não "serial-Killer"), que matou três pessoas. A comunicação social no seu papel de escritores de ficção rasca, não atribuiram estes homicídios a Francisco Leitão, mas sim a personagem criada pela mente deste psicopata, o Rei "Ghob", a utilização deste nome por parte da comunicação social é feita apenas com o intuito de vender a mesma noticias com uma "embalagem" mais apelativa, mas no processo acabaram por valorizar uma pessoa que não merece esse destaque. Neste momento, Francisco Leitão, esta na sua cela contente da vida, pois não é simplesmente um psicopáta a ser julgado por três crimes hediondos, mas sim é o "serial-Killer" Rei "Ghob", exactamente o que ele desejava.

 

P.S.- Rei "Ghob" é o personagem na crença "Wicca", que rege todos os gnomos e duendes.

"Havemos de ir a Viana!"

Castro, 31.08.10



 

São raras as vezes neste blog que eu me sinto em posição tão privilegiada para discutir um tema como o das SCUT's. Não porque me afecte particularmente, mas porque tenho um conhecimento particular das implicações de taxar a utilização dessas auto-estradas, em particular a A28 (Porto-Viana).

Começo por dizer que já vivi no Porto e em Vila do Conde e, não menos importante, a minha companheira é de Viana do Castelo. Vivi inclusive em Vila do Conde antes e depois da construção da A28, presenciei em primeira mão a influência que esta auto-estrada teve na região e devo dizer que não foi pequena. Para perceberem os meus argumentos, penso ser relevante referir mais dois aspectos: primeiro já não moro na zona de influência dessa auto-estrada; e segundo, apesar de ter carta, sou um acérrimo defensor dos transportes públicos.

 

Pode parecer de fácil dedução, perante estes factos, que sou a favor das portagens, no entanto, não sou e são tantos os motivos que nem sei por onde começar. Talvez seja mais fácil começar distante do problema, usando a minha actual situação. Actualmente sou morador de uma pequena grande cidade chamada Guimarães, que por muito distante que pareça do problema é um grande exemplo de vários argumentos contra as portagens. Guimarães é uma cidade fantástica pois, apesar de ter muita da oferta a vários níveis de uma grande cidade, dispensa, sem nenhum constrangimento, a azáfama exagerada e a devoção radical de uma vida em volta de um relógio. Propaganda à parte, um dos motivos da minha paixão por esta cidade parte da vantagem de não estar constantemente dependente de transportes, sejam eles públicos ou particulares. Consegue-se  facilmente atravessar a zona central da cidade em menos de 40 minutos a pé, o meu transporte favorito. Quando tenho que me deslocar ao Porto ou Braga faço-o facilmente de comboio ou autocarro (este último em 50 minutos e o primeiro em mais de 1h30m). No entanto, Guimarães é o pior exemplo no que toca a auto-estradas e as suas alternativas. Senão vejamos, Guimarães é circundada por quatro auto-estradas, sendo os destinos Chaves, Póvoa de Varzim, Braga e Porto. Usemos a auto-estrada para o Porto como exemplo: se eu optar pela utilização da autoestrada demoro menos de 30 minutos, se contabilizar ida e volta com gasolina fica por volta dos 18 euros, sendo 5.4€ de portagens. Usando a "alternativa", a nacional, demoro 1h30m num dia bom de verão sem trânsito, o que, num dia normal de trabalho em hora de ponta ultrapassa, numa estimativa simpática, as duas horas com um custo de 15€ de combustível. Ora bem, não sei qual é a vossa definição de alternativa, na minha perspectiva a nacional não o é, muito menos para uma distância de 50km. Sim, leram bem, entre o Porto e Guimarães vão apenas 50km, que pela nacional demora mais de duas horas.

 

Tudo isto para desmontar um dos principais "argumentos" de que só vai pela autoestrada quem quer e não quem precisa, o que não é verdadeiro pois, se assim fosse, o sector privado não estaria interessado em entrar no negócio das "SCUT's". O segundo argumento, e para mim o mais estapafúrdio, é o de que o automóvel é um "luxo" e assim sendo, se deve introduzir a lógica do "utilizador-pagador". Começando pelo fim, devo dizer que sempre que é evocado este termo "utilizador-pagador", me dá uma certa comichão e irritação que se começa a tornar difícil de "coçar". À vista desarmada, esta lógica até parece ter sentido, utiliza logo paga, nada mais simples e comum no nosso dia-a-dia, a simplicidade com que esta regra nos é apresentada é no mínimo chocante, e no entanto, é com essa mesma simplicidade que se engana muita pobre gente por esse país fora. Como é que uma pessoa cumpridora dos seus impostos ainda tem que pagar saúde e propinas? Bem, isso é assunto para nunca mais me calar.Podem dizer que não se pode comparar educação e saúde com auto-estradas, é óbvio, e não tento fazê-lo, mas, como escrevia à pouco, querem fazer parecer o contrário, que o carro é um luxo. Numa sociedade que só investiu em estradas e perto de zero em transportes públicos, desculpem a minha firmeza, mas é hipócrita afirmar que o carro é um luxo. Não vou ao extremo de afirmar que é um bem de primeira necessidade, mas é um mal necessário, muito necessário para muita boa gente com pouco dinheiro.

 

Outro argumento, que ouço recorrentemente, é o de "mas se eu não utilizo porque tenho que pagar?", bem, isto também era tema para muitas horas de conversa, mas, podemos começar por dizer que, mesmo que nunca tenha utilizado o sistema de saúde ou de educação, isso o tira de contribuir, podemos dizer, mais uma vez, que não se pode comparar estes sistemas com auto-estradas, concordo, mas quem usa esse argumento, mais uma vez, ou é hipócrita ou ignorante, porque, por exemplo, eu que moro em Guimarães e que raramente uso carro, saio prejudicado em muitos aspectos com as portagens. Como? Podia enumerar vários pontos mas, ficando-me pelos mais relevantes, quando uso transportes públicos rodoviários estou a "pagar" portagens, quando compro o que quer que seja aqui em Guimarães, desde o pão até ao peixe ou uma peça de roupa, estou a pagar portagens. Quem sai prejudicado? Quem está na periferia dos grandes centros do país! Até a minha vizinha que pode muito bem nunca ter saido de Guimarães está a "pagar" portagens! Tudo isto me parece um círculo vicioso, em que se tornam dependentes das estradas as pessoas e as empresas e depois taxa-se!

 

Gostava de terminar com uma questão inocente, porque não se ouve, nem um político, questionar o porquê de não ser o Governo a explorar as SCUT's? Eu sei que, neste momento, o governo está dependente de contratos já assinados, mas porque é que chegamos a este ponto?

Yin e Yang 1

Castro, 12.05.10



 

No último ano e meio aprendi mais sobre política do que no resto da minha vida. Digo isto porque esta é a "primeira" crise da minha vida adulta. A mais óbvia das conclusões ,a mais prática também, é que tenho que me consciencializar que outras se seguiram. Na política tal como na vida, podemos ver o que valem realmente os nossos políticos e as suas ideologias no  momentos mais difíceis.

 

Outra lição aprendida, foi a de não igualar as minhas esperanças ás de um discurso de um político em campanha, bem como aprendi a afastar-me de dois extremos comuns em Portugal, ou os políticos são os culpados de tudo ou os portugueses têm os políticos que merecem.

 

Tantas lições para chegar onde? Para chegar ao ultimo ano e meio. Quando já não contava ser surpreendido por nada vindo do campo político, eis que se dá o descalabro financeiro, a grande primeira crise do século XXI. Cheio de certezas e convicções, a minha primeira reacção foi a de que num momento de crise de um modelo financeiro "esgotado" (esgotado cada vez mais se torna um ponto de vista com o passar do tempo) viria ao de cima modelos ou ideologias opostas. Estava convencido que essa era única reacção possível, os factos estavam lá, as provas, tudo indicava na minha cabeça que assistíramos a uma viragem a esquerda ou pelo menos a modelos económicos com mais sensatez. Faço uma pausa para se poderem rir.

 

... ... ...

 

Olhando para traz, ou como diz o meu Pai, "se eu soubesse o que sei hoje", também me riria, ou chorava que talvez seja mais apropriado. Assim que apareceram os primeiros sinais da crise estava a espera de ouvir muito mais políticos a dizerem, "nos avisamos" ou "o caminho a seguir é este", esperava realmente uma reacção forte e de preferência em uníssono da esquerda e dos defensores em geral de um sistema financeiro mais regulado. Desilusão total. Senti-me como uma criança ao descobrir que o Pai Natal não existe! Passado o choque inicial, comecei a justificar e desculpar na minha cabeça essas reacções ou a ausência delas. Pensei que tudo não passava de precaução para que a crise não fosse ainda pior e depois de minorada a crise ai sim! Ai actuariam! Ainda bem que estou a esperar sentado.

 

Tudo isto levou-me a duas outras reflexões. Porque tanto medo ou submissão ao modelo financeiro actual, para além do motivo monetário óbvio? Então fez-se luz. Não há culpados! Que melhor modelo financeiro que um em que não temos responsáveis? Um sistema em que vemos os "comentadores" a culparem os "mercados", como se de uma entidade superior se tratasse... Genial! Os modelos económicos de esquerda são sempre mais fracos perante estes modelos de mercado livre, pois no final de contas se algo corre mal temos sempre um e o mesmo culpado para a apontar... o Estado.

 

Com a falta de criticas ou acções por parte da esquerda, tenho vindo a dar por mim a concordar com quem nunca esperei, os verdadeiros defensores do capitalismo e mercado livre! Quem diria. A triste realidade é que são eles que apontam o verdadeiro problema por de trás desta charada. O que dizia uma grande defensora norte-americana deste sistema é simples. A lógica de mercado livre é muito simples. deixa-se o mercado funcionar o que tiver que crescer cresce e o que tiver que falir acaba, por esta mesma razão ela criticava o que se esta a passar porque num mercado verdadeiramente livre todos estes banco e empresas se tivessem que falir, faliam, ponto final. Dizia ela que o que se está a passar é tudo menos um mercado livre, e os que passavam por grandes defensores deste sistema estão agora a viver a custa dos estados e dos seus subsídios. Ora não se pode defender um mercado livre e depois argumentar que há empresas grandes de mais para falir! Não me querendo alongar a encontrar a retórica por detrás desta lógica de mercado viro-me simplesmente para as declarações mais recentes sobre o assunto do eterno Paulo Portas, que resumem muito bem essa lógica. Dizia ele que a solução da esquerda para o mercado é simples. Taxar alto as empresas que funcionam e dão dinheiro e subsidiar as empresas falidas e em problemas.

 

E agora? Que discurso virá? Terão ao menos a lata de mudar de retórica?

Tragédia Anunciada...

Castro, 03.03.10

Os dois vídeos seguintes, de 9 minutos cada, são parte de um programa (Bioesfera) de há dois anos atrás. Aconselho vivamente a assistirem a estes vídeos se como eu ficaram pasmados com a falta de aparentes culpados na tragédia na Madeira. Para além da mãe natureza, claro! Fiquei mesmo pasmado e quase convencido com o discurso dos políticos madeirenses, dizendo que a catástrofe não foi maior por intervenção sua. Aconselho vivamente a assistir. Nos primeiros minutos falam apenas da orla costeira mas depois passam para os ribeiros.

Sarah Palin

Castro, 09.02.10

 Sarah Palin é a candidata favorita da ala mais conservadora do Partido Republicano para "líder do mundo livre". O Partido Republicano encontrou nela duas coisas importantes, carisma e ideias? Não! Uma líder nata? Não!

 Encontrou nela uma receita já conhecida na era Bush, a ideia de que se deve apresentar um candidato que pareça perante as massas como uma pessoa comum, uma pessoa do povo como se diz por cá, ou uma pessoa da "América real", como se diz por lá. Isto diz muito da imagem que o partido republicano tem do povo norte-americano. Traz apenas uma nova "embalagem" em relação a Bush.

Quando me ponho a falar de política norte-americana, muitos dizem que não interessa para nada, devíamos era concentrar-nos no panorama interno. Não concordo! Penso que esta recente crise veio provar isso. Se não fossem as politicas desregulatórias e de confrontos dos oito anos Bush, não estaríamos na situação em que estamos agora. 

 

Deixo aqui o mais recente lapso da principal candidata do Partido Republicano...

 

 

A balança do poder... (Parte 1)

Castro, 02.02.10

Graphic of hourglass, colored in blue and grey; a circular map of the western hemisphere of the world drips from the top to bottom chamber of the hourglass.

 Muito se fala do poder das grandes corporações, governos e de todo e qualquer interesse instalado que se movimenta para lá das leis nacionais e internacionais para benefício próprio. Todos sabemos que isso é uma realidade, e muitas vezes pensamos que o único papel que nos resta é falar, falar e falar um pouco mais, pois sabemos que essas corporações têm imenso poder e conseguem dissimular quase tudo. Quando existe uma falha, e um desses esquemas vê a luz do dia, o sistema vê-se obrigado a actuar, o que resulta normalmente em anos de tribunais que resultam em... nada. Não sou um teórico de conspirações, bem pelo contrário, quando quero tomar uma posição gosto de ter factos, mas bem sabemos que em casos destes esses factos muitas vezes estão guardados a sete chaves.

  Alguns amigos meus, mais conservadores, atiram-me com o argumento que essas histórias são fruto de mentes anti-globalização fertéis de mais, e na verdade que mais posso dizer se não tenho factos para rebater?

 

Onde eu quero chegar com tudo isto é ao facto de, normalmente, quando um grande esquema é desvendado, acontece porque algum pobre desgraçado ganha coragem e denuncia. Normalmente acaba inundado em burocracia legal existente para proteger essas mesmas corporações ou governos. Isso mudou em 2006. Um grupo de activistas criou um sítio, wikileaks, em que a sua única função é receber e publicar documentos incriminatórios sobre governos e corporações. A única função do sítio é verificar a sua veracidade e colocá-los disponíveis para toda a gente ver. Porque é que isto é inovador? Dois motivos, primeiro permite ao delator uma barreira de protecção legal que de outra forma não teria, segundo está acima de qualquer lei nacional ou internacional de bloqueio de privacidade criada (também)  para proteger esses mesmos interesses. 

 

Não me quero prolongar em descrever o que é o wikileaks, pois tenho uma opinião muito pessoal, e quero reservar-me, para que vocês possam formar a vossa opinião sem qualquer tipo de influências de leituras pessoais. De referir, no entanto, que neste momento o sítio não está a divulgar documentos, apenas a recebê-los, por dificuldades financeiras. No entanto, aconselho-os a irem ao sítio, pois tem dois vídeos que explicam mais detalhadamente o que é o wikileaks. São em inglês e um bocado massudos mas aconselho vivamente a vê-los.

 

Assim que passar algum tempo, para poderem conhecer melhor este projecto, prometo uma segunda parte para explicar, traduzindo em casos reais, como este sítio já contribuiu para um pouco mais de transparência.

 

 Wikileaks has probably produced more scoops in its short life than the Washington Post has in the past 30 years 
—  The National, November 19. 2009

 

www.wikileaks.org

 

Aqui deixo dois vídeos que explicam o que é o wikileaks. O segundo vídeo tem sete partes, mas vale a pena ver pois é a apresentação pelos próprios fundadores.