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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Sejamos sérios

JSC, 05.01.21

O folhetim que cruza o ar desenvolve um enredo que tem por fim a demissão da Ministra da Justiça.

A generalidade dos jornalistas, comentadores, dirigentes partidários e mesmo operadores judiciais partem da nublosa criada na comunicação social para com a sua intervenção pública adensar o problema, sem cuidar do essencial.

Todos sabem que o Procurador José Guerra não cometeu a “estupidez” de adulterar o seu Curriculum. Ou seja, todos quantos apontam para a falsidade do Curriculum, que o Procurador apresentou a concurso, estão a mentir ou a desvirtuar a verdade e até poderiam ser processados pelo interessado face aos danos provocados à sua honra e imagem pública.

Todos sabem que o que não bate certo com o Curriculum apresentado pelo Procurador José Guerra é a tal “carta” ou “nota” que, em boa verdade, não é mais do que uma síntese curricular, elaborada por um quadro dos respetivos serviços.

Assim, se todos os intervenientes neste debate público tivessem como objetivo esclarecer a verdade, em vez de insistirem na falsidade do Curriculum, deveriam estar a questionar:

Como foi possível que alguém, a partir de um Curriculum verdadeiro, sem mácula, pôde elaborar uma síntese curricular, a tal “carta”, a que acrescentou o que não constava do Curriculum apresentado a concurso e que é do domínio público.

Quem foi o autor de tal proeza? Onde foi colher aqueles dados ou quem os inventou e forneceu? Com que finalidade desvirtuou o Curriculum, pondo em causa a honorabilidade do Procurador José Guerra, a imagem dos serviços respetivos e envolvendo o Estado num processo desprestigiante.

 Quanto ao último elemento trazido a debate, que a tal “nota” ou “carta” era do conhecimento do Gabinete da Ministra e, portanto, do conhecimento das Ministra, anoto que:

Por todos os gabinetes de titulares de cargos com poder executivo - Presidente de Câmara, Ministro, Secretário de Estado ou outros - passam centenas e centenas de documentos (processos, cartas, notas, e-mails, etc.) destes só uma ínfima parte é que vai ao conhecimento do titular do cargo e destes só uma parte ainda mais reduzida é que o titular toma conhecimento mais pormenorizado.

 Assim, o facto da tal “carta” ou “nota” ter passado pelo Gabinete da Ministra não significa, necessariamente, que a mesma a tenha lido. Acresce que na eventualidade de a ter lido teria de confrontar a “nota” com o Curriculum para detetar a “estúpida” armadilha que tinha em mãos.

Alguém está a ver um Ministro ou Ministra ou Presidente de Câmara a esmiuçar um processo com tal pormenor?

Sejamos sérios Senhores Jornalistas, comentadores, dirigentes partidários e afins.

A lição do Ministro

JSC, 12.12.20

Nos últimos tempos o que está a dar é bater na TAP, melhor nos que lidam com o dossier TAP. Por todo o lado, comentadores, eixo do mal e do bem, governadores sombra e outros, editorialistas e afins, todos, salvo raríssimas excepções, todos desancam na TAP, nas medidas que conhecem e nas que pressupõem que poderão estar a caminho.

Depois de ouvir tanto e tantos acabei por começar a pensar um pouco como os demais, embora me ficasse sempre uma questão pendente: afinal, o que é que esta gente, tão esclarecida e eloquente, defende para a TAP? Fecha? Salva-se?

Foi neste quadro que me dispus a ouvir a entrevista que o Ministro Pedro Nuno dos Santos deu, ontem, à SIC, melhor, a dois reconhecidos jornalistas com posição mais que formada e definitiva sobre o destino a dar a quem gere politicamente o dossier TAP.

Do que ouvi julgo ser de relevar:

Primeiro, a clareza e frontalidade do ministro, rebatendo, fundamentadamente, todos os “pontos de vista” dos dois entrevistadores que tanto acusavam o ministro “de esquerda”, diziam, de querer despedir mais de dois mil trabalhadores, para logo a seguir contraporem que o plano gizado para salvar a TAP irá onerar os contribuintes. Ou seja, acusavam-no de despedir mais de dois mil trabalhadores e (imagine-se) de pretender salvar o emprego directo de mais de 8000 trabalhadores.

O segundo ponto a realçar é o profundo conhecimento que o Ministro mostrou ter de todo o processo, o que lhe permitiu esclarecer e imensidão de opiniões, pouco sustentadas, sobre a TAP, que têm preenchido o espaço noticioso,  sendo que muitas dessas mensagens têm sido passadas por políticos.

O terceiro ponto a destacar, em meu parecer, é a lição que o Ministro deu aos entrevistadores não só sobre as questões em debate mas também sobre o modo de intervir neste novo modelo de jornalismo opinativoe de facção.

Em conclusão,

  1. Continuo sem saber qual a melhor solução para a TAP. Mas fiquei a saber que muitos dos que nestes últimos tempos têm opinado, também, pouco sabem sobre a TAP, o que não os impede de intervir, dizerem coisas, e até anteverem conflitos e potenciais alterações no governo, contribuindo para o avolumar do problema.
  2. Pelo que ouvi parece-me que o país perderá mais, muito mais, se perder a TAP, apesar dos muitos milhões que tenha de lá meter nos próximos dois ou três anos.
  3. O Ministro mostrou estar seguro do que defende. Aqueles que o criticam e os argumentos a que recorrem para o diminuir mostra que não sabem bem do que falam ou têm um qualquer preconceito, eventualmente ideológico, inultrapassável.
  4. Todos os que falam e escrevem sobre a TAP, sobretudo os políticos, deveriam ser claros quanto à solução que defendem: Fecha? Salva-se?

Os Pastores da Cisjordânia

JSC, 24.11.20

Os militares chegam e, sem aviso prévio, intimam as pessoas a abandonarem as suas casas, que nem são bem casas, mas que são o único abrigo que têm. Bondosos, os militares concedem 30 minutos para retirarem os pertences, findos os quais dão início à demolição de todas as casas.

Suponho que aquelas pessoas tenham ficado a olhar para o monte de entulho, pasmadas, incrédulas com o que acabara de lhes acontecer. As pessoas e os rebanhos ficaram todos à solta, a céu aberto, por sua vez, as crianças ficaram a conhecer o caminho que Netanyahu lhe traçou.

A vida na Cisjordânia também é isto, a violência contra indefesos que vem do outro lado. O governo israelita vive fora da lei quando assim actua. A comunidade internacional assiste. E se há alguém que o denuncie, aqui-d’el-rei que é anti-semita. O terrorismo tem muitas faces, mas nem todo é combatido com a mesma frontalidade.

A notícia no Público: Demolições israelitas já deixaram quase 800 palestinianos sem casa em ano de pandemia

Número de pessoas sem casa este ano por acções de demolição na Cisjordânia é já o mais alto dos últimos quatro anos. Há duas semanas, houve a maior operação dos últimos dez anos.

O CONGRESSO

JSC, 20.11.20

O Chega é o fenómeno ascensional que é porque a comunicação social assim o faz. O PCP passa por um percurso inverso porque a comunicação social o esconde. As iniciativas do PCP raramente são notícia por elas próprias e quando o são é por razões adjacentes, como se fossem uma coisa má ou arrastassem algo de mal. Ao outro, basta-lhe dar um traque no Parlamento e logo é objeto de notícia, de alargado debate, será que vai infetar o PSD ou apenas se irá sentir o efeito mais além? Em que medida é que tal acontecimento vai atingir o Governo? E pronto, temos conversa para uma semana, a alimentar fóruns e espaços de comentário.

Ocorreu-me tudo isto por reação a uma notícia do Público, de hoje, que até teve honras de primeira página – O Congresso do PCP. Não se pense que o Público foi saber, para nos informar, quais as propostas, as ideias, os planos que o PCP vai discutir para orientar a sua ação e em que medida isso pode ter impacto político na vida nacional. Não, o que interessou foi informar que “PCP não fará testes nem medição de temperatura”. Depois é uma página inteira, mesmo inteira, a descrever as condições logísticas do espaço do Congresso, para se poder concluir pelo descrédito do organizador do evento e por consequência pela descredibilização do mesmo. Quanto ao conteúdo do Congresso, nada de nada. Ou seja, para o Público o Congresso do PCP é notícia porque permite desacreditar a ação do PCP. Com a Festa do Avante foi muito pior, foram meses, páginas e páginas. 

 Tudo isto está ao nível daqueles que comparam a participação no Congresso com a ida a um supermercado ou os que consideram que o Governo está a fazer um frete ao PCP porque proíbe a liberdade a uns e deixa o PCP realizar o Congresso. Ora, uns e outros sabem que mentem porque conhecem a lei que proíbe que, em caso algum, os partidos sejam impedidos de realizar Congressos ou outros eventos políticos, mesmo em tempos de pandemia. Ou seja, a realização de um Congresso depende da vontade do Partido que o promove contra a qual nenhum Governo pode proibir.

É altamente provável que o Público, os analistas do Público e de todos os outros quadrantes, que escondem o PCP, é provável que numa próxima noite de eleições e face aos resultados apareçam a concluir pela queda eleitoral do PCP, queda para a qual contribuíram numa proporção equivalente à da subida do Chega, que tanto promoveram.

Nota: Não sou nunca fui militante do PCP ou de qualquer outro partido

Uma RTP sem ânimo que nos inspire e pouco serviço público que nos ajude

JSC, 18.11.20

Vou para tomar o pequeno-almoço, ligo a TV na RTP3, e ouço, “Agravou-se a situação nos cuidados intensivos no Hospital de Penafiel”.  O Ecrã mostra a cara do enfermeiro de serviço na RTP, em Penafiel, João Paulo Carvalho, que reforça o quadro catastrofista, diz, “em Penafiel e em toda a Região Norte verifica-se o esgotamento da capacidade… temos o Santo António cheio, temos o Pedro Hispano cheio, temos o S. João no limite, começa a ser complicado… (e para o clímax alarmista) sem dúvida que a mortalidade poderá (este “poderá” é muito prudente) vir a aumentar em função desta incapacidade em termos vagas para todos”.

Jornalista, “não basta aumentar o número de camas”

Enfermeiro, “Não, Não isso é uma falácia que tem sido dita demasiadas vezes no país por pessoas com responsabilidade…

Jornalista, A ministra da Saúde…

O pivot retoma a palavra para avisar que na Zona Centro os hospitais também já sentem a pressão… a Direção do Hospital de Castelo Branco admite mesmo que os profissionais de saúde vão ter de adiar as férias, diz, no Hospital de Coimbra todos os profissionais estão alocados ao COVID 19… Na Covilhã, no Hospital d Cova da Beira vai passar para o último nível…

A seguir veio o Bastonário da Ordem dos Médicos. Acontece que aqueles quatro ou cinco minutos me deixaram tão deprimido que quase não o consegui ouvir. Depois, o pivot ainda disse que o SNS já pagou 50 milhões de €€€€€uros em testes COVID feitos pelos laboratórios privados. A sério, pensei, lá se o argumento do complexo ideológico, ou talvez não.

Levantei-me, desliguei a televisão e fui ver a factura da EDP para confirmar quanto pago para a RTP só repetir e repetir noticias deprimentes sobre a pandemia e ouvir tantas pessoas deprimentes, que não dão um mínimo de luz à vida que temos.

Uma pandemia dentro da pandemia maior…

JSC, 22.10.20

Mais logo, o EIXO DO MAL. Programa que costumo ver, umas vezes em directo, outras em diferido. A temática COVID (mais o folhetim Bloco/OE) tem dominado os últimos programas, como, provavelmente, vai entreter o desta noite.

O EIXO do Mal, com particular ênfase para as intervenções da Drª Clara, tem elogiado o comportamento das pessoas (apesar de ser as transportadoras do bicho) e arrasado o Ministério da Saúde e as conferências (que apelidam de “missas”), que promove diariamente, sendo particularmente visada a Directora da DGS.

Confesso que tenho uma grande admiração e apreço pela Senhora Directora da DGS, a quem devemos reconhecer a paciência infinita como responde às questões dos jornalistas; os conselhos concisos e precisos que incutem confiança e segurança apesar de toda a incerteza que advém desta pandemia em crescendo; a transparência e clareza na mensagem que faz passar.

No entanto, no falar do EIXO, para a Dr.ª Clara, a Directora da DGS (e já agora a Ministra) parece ser a responsável por trazer a pandemia para dentro de portas e por não conter a sua evolução. Seria bom que a Dr.ª Clara e seus companheiros de painel atentassem no que se passa no resto dos países. Vejamos, notícia de hoje, Bélgica, as unidades de cuidados intensivos já atingiram os níveis máximos de capacidade.   França, Rússia, Roménia, Ucrânia e República Checa também estão a aproximar-se de uma situação semelhante.

É caso para dizer que enquanto a Directora da DGS informa, esclarece, acompanha, incute confiança, enfim, está no terreno a dar a cara pela pandemia, outros, no conforto do estúdio, desconsideram a DGS, falam em descoordenação de serviços que desconhecem de todo, enaltecem o comportamento das pessoas para imputar culpas à DGS, dão palpites, fazem jus à maledicência…

É uma pandemia dentro da pandemia maior

ME, 55 - Colégios, 0 (in Público)

JSC, 19.10.20

É mais que certo que ainda nos lembramos das diversas e folclóricas manifestações contra o Ministério da Educação devido às restrições impostas pelo Governo no financiamento dos chamados “contratos de associação”, mecanismo que serviu para transferir milhões de OE para os colégios privados durante anos e anos a fio.

Perdida a batalha política, a Associação dos Colégios Particulares transferiu a luta para os Tribunais. Sabemos agora, pelo Público, que “55 processos judiciais concluídos, 55 decisões favoráveis às posições do Ministério da Educação”. Ou seja, os Colégios perderam a guerra política e perderam a batalha judicial.

Suponhamos agora que a decisão judicial tinha sido desfavorável ao ME logo no primeiro desses processos. O que teria acontecido?

Provavelmente, alevantava-se um coro em redor dos Colégios, a pedir a queda do Ministro. Ora, como processo a processo as decisões foram sendo favoráveis ao ME fez-se silêncio, um silêncio cúmplice que o Público hoje quebrou e ainda bem.

EM NOME DOS DIREITOS E LIBERDADES INDIVUDUAIS...

JSC, 19.10.20

Do que ouço, do que leio, parece que vivemos num país à beira do caos, pior, à beira de uma terrível ditadura. Um jornalista (inteligente) pergunta, “a Constituição vai ser suspensa?” O Senhor Bastonário (omnipresente na rádio e na tv) insurge-se contra todas as medidas que surgem no SNS ou porque não estão bem articuladas ou porque não o ouviram ou porque não. Um Administrador Hospitalar anuncia a confusão nos hospitais que ele administra, o esgotamento, porque não foram tomadas as medidas (quais?) que a sua associação terá sugerido. E que dizer dos comentadores, dos fóruns, onde o modo como formulam as questões já induz a resposta, todos fazedores de opinião, que propagam em uníssono que nada está certo, nada esteve certo, que o que aí vem será muito pior, que, por omissão, tudo isto só sucede por estas bandas…

Entretanto, sem todos eles levarem isto em conta, o vírus continua a expandir-se, levado pelas pessoas, pelas famílias, pelos amigos, pelas festas particulares, pelos convívios. O vírus solta-se por aí e todos esses entendidos continuam a bater nas medidas, eles agora até sabem o que deveria ter sido feito em Março e criticam a DGS, a Ministra por não ter feito o que na altura, verdadeiramente, ninguém sabia o que fazer com grande certeza. Uma lástima.

Quanto a colocar o dedo onde dói, o comportamento solto das pessoas, que não levam a sério as medidas recomendadas pela OMS e pela DGS, quanto a isto nada de nada.  Porque é assim? Provavelmente, não devem querer chamar à atenção das pessoas para o cumprimento das regras mínimas de cidadania, para eles isso é uma coisa menor. Em alternativa, sabe-se agora e com grande ênfase, talvez pensem que o cumprimento dessas regras deve ficar ao critério de cada um, em nome das liberdades individuais. Ou seja, em nome dos direitos e liberdades individuais cada um é livre de infectar quem lhe aprouver.

Nota, não incluo nas medidas a tomar por cada cidadão o uso da aplicação de nome inglês de que tanto se fala. Quanto a isto entendo que cada pessoa deve fazer o que a sua consciência ditar. Concordo com o Senhor Bastonário quanto a não ser uma solução milagrosa, mas se contribuir para o SNS identificar eventuais infectados já cumprirá o objectivo.

Avante FESTA DO AVANTE!

JSC, 01.09.20

Com especial atenção para Miguel Sousa Tavares, Manuel Carvalho, São José Almeida e afins

« - Epá, a mim não me comem por parvo nesta. Isto eu não deixo passar.

- O quê?

- O Avante! Aquela palhaçada! Como é que é possível deixarem que aquilo aconteça?

- É verdade. Escandaloso, pá.

- Estes comunas, pá. Fazem o que querem.

- Pois fazem. Tudo em casa e eles fazem aquilo.

- É mesmo à comuna. E ninguém fala nisto!

- Ninguém.

- Quer dizer, tem aberto um ou outro noticiário.

- Sim.

- Um ou outro comentador tem falado.

- Poucos.

- Poucos, claro. Ninguém critica os comunas.

- Como se algum partido pudesse fazer o que eles fazem.

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