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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 945

mcr, 04.11.24

O  rei e o ministro timorato

mcr, 4-11-24

 

A monarquia espanhola não faz parte do meu modesto panteão de organizações favoritas. Não porque tenha saudades da República que nunca conheci mas apenas porque nasci nesta iíngua de terra desolada entre a montanha e a areia e seja pouco dado a iberismos de qualquer espécie.

  Todavia ontem fiquei (bem)  impressionado com a coragem dos Reis espanhóis que enfrentaram a multidão que os acusava de tudo e de nada coisa que se compreende numa gente subitamente reduzida à miséria nas vésperas do frio invernal  e da segura lentidão da reconstrução das suas cidades e aldeias. 

Convenhamos que os insultos a Filipe VI e a sua mulher Letícia (raio de nome ...) não tinham grande razão de ser. O Rei não tem poderes executivos de qualquer espécie ,pelo que não serianunca a instância política culpada da inércia indecente do poder central espanhol.  Mesmo se eu saiba que este tipo de máquinas demoram sempre a tornar eficaz qualquer ajuda. 

Porém, o que mais me poderia espantar (e espantou) foi o facto do sr Sanchez ter dado às de Vila Diogo logo  que os protestos começaram. Em primeiro lugar deixou o Rei sozinho a aguentar a chuva de impropérios que só ele merecia. Em segundo lugar, mostrou que a multidão o atemoriza mesmo se fosse duvidoso que alguém se lembrasse de lhe puxar a orelhinha murcha, 

Sua Excelência escafedeu-se,  mostrando que a duvidosa maioria que o aguenta no poder é mais do que artificial e que os seus dotes de governante não atingem os mínimos necessários para enfrentar uma provação  séria e dar alento a uma população que ainda nem sequer pode contar todos os seus mortos e desaparecidos. 

Sondagens  que desde há muito mostram a fraca possibilidade do PSOE actual ganhar eleições mesmo conluiado com partidos radicais e independentistas  já eram conhecidas. Presumo que, se agora, outra se fizesse seria verdadeiramente o sinal da debandada. 

A incapacidade política demonstrada por Sanchez  não é de hoje nem sequer se percebe como é que um indivíduo tão medíocre quanto alto  conseguiu chegar à Moncloa. 

Pelos vistos terá sido o Rei, farto da inacção governamental ,que insistiu em ir até à Comunidade Valenciana , coisa que um governante deveria ter feito logo no dia seguinte ao da tragédia. Mesmo que não levasse nada de especial o dever de um Primeiro Ministro é aparecer nos momentos difíceis e tentar mostrar solidariedade e compaixão. 

Ao fugir tristemente mas depressa, o Chefe do Governo de Espanha desonra-se e desonra o seu Governo. E, obviamente dá armas aos seus adversários conservadores ou radicais de Direita que, num país onde a "hombria" parece ser ainda um valor especial,  o torna uma espécie de balão vazio.

Quanto tempo durará e como durará? 

(algum leitor reparará que nada digo sobre a América. É para nõ tentar o destino nem despertar as Erínias e outras fúrias menores... eu,  claro, votaria sempre contra Trump mesmo que tivesse de pôr o voto no Capitão Marvel. Porém  senhora Harris merece estar nesta corrida e, perdoe-se o cavalheirismo de outras épocas, ela é mesmo  uma Senhora. 

E Trump nunca será sequer uma criatura e menos ainda um senhor... 

No país de Fulkner, Pound, Gillespie ou Ellington  como é que isto foi possível?)

estes dias que passam 944

mcr, 01.11.24

""c'est les pauvres qui trinquent" 2

mcr, 1/11/24

 

quem me lê desculpará o franciu do título mas ele apenas recorda um texto que neste mesmo blog publiquei vai um largo par de anos. Na altura eu comentava uns violentíssimos distúrbios nos arrabaldes de Paris, nessas cidades dormitório para onde se expulsaram os pobres, os árabes, os negros, enfim os imigrantes  de todas as nacionalidades. Já nãorecordo bem o que terá motivado essa tremenda explosão de raiva mesmo se me pareça que tal ocorreu devido à morte de um rapaz nego ou  magrebino que a fugir da polícia se refugiou numa cabina de alta tensão. 

ainda tentei encontrar o texto em causa mas não consegui ou a preguiça não deu para mais que uma busca rápida e ineficaz. 

De todo o modo, a ideia central era esta: os distúrbios nas cidades satélite atingem com especial dureza quem lá vive . Carros espatifados, incêndios de mobiliário urbano, lojas assaltadas, repartições destruídas, um desastre... 

entretanto os poderes constitídos continuavam a agir, reprimiam da ,esma maneira, as classes médias sentim um "frisson" na espinha mas como moravam longe, aquilo passava depressa.  A polícia registava algumas baixas nos seus efectivos mas arreava forte e feio na mesma . Os manifestantes acabavam por desistir, regressavam à toca e continuavam a sentir-se "feios, porcos e maus". Os vizinhos ficavam mais pobres, mais desamparados, com menos serviços essenciais durante largos períodos  e os ghettos continuavam a prosperar , paredes meias com pequenos (ou grandes) gangs  que provavelmente eram os únicos beneficiários dos dias, semanas ou meses de explosão. como de costume alguns iluminados de Esquerda juravam que aquilo prenunciava "le  grand soir" mas, em definitivo o que se ia notando era o lento desaparecimento dos "amigos do proletariado" (nese caso mais lumpen do que outra coisa)  e a nova Direita instalava-se de armas e bagagens, melhor dizendo, arrebatava os votos  na zona que durante dezenas de anos fora a cintura vermelha da capital. 

agora, foi a vez da "grande" Lisboa. A morte de um cidadão brasileiro às  mãos da polícia (e não vou tentar  perceber os contornos da coisa por não dispor de meios para o fazer e por saber desde há muito como é que os partidos radicais sempre apreciam estas situações. Para já temos a senhora Mortágua a manifestar-se ente oMaquês e os Restauradores e a gentuça do Chega aos uibos pelas ruas da baixa. Uns e outros tentam tirar dividendos deste incidente, estão-se nas tintas para o ue realmente sucedeu mas é mais que provável que seja o Chrga a recolher mais um par devotos entre os habitantes dos bairros que viram os seus bens destruídos.

Entre tais destruições, chama a atenção  a queima de autocarros que obviamente deixaram de circular fazendo com que os que têm de ir para o trabalho tenham ainda mais dificuldades em o fazer. W quem diz trabalho, diz repartições públicas, serviços de saúde, enfim uma vida pior.

Os motoristas da Carris não querem arriscar-se a ser alvo de cocktails molotov e a empresa não se arrisca a repor imediatamente as linhas. 

Entretanto uma assembleia  municipal  já recomendou medidas duras contra os suspeitos de distúrbios  e não é impossível que outras agremiações lhe sigam o exemplo,

É verdade que as famílias dos manifestantes violentos serão atingidas pelos sespejos nas casas sociais  mesmo que em nada tenham contribuído para as malfeitorias. Mesno que tais medidas não sejam tomadas, algo fica e isso é irreparável: não estou a ver o dono de um automovel incendiado a perdoar a quem o destruiu e a famosa solidariedade (alegadamente existente nos ghettos) a desaparecer num ápice. 

O que mais me perturba, (e eu vivo a 300 quilómetros de lá, dentro de uma zona confortável , numa cidade que tendo problemas não tem nasa de comparável à cintura emigrada de Lisboa) é a incapacidade de boa parte doa activistas em destrinçar o trigo do joioe em propor coisas simples, eficazes para melhorar a situação existente e isolar os que praticam distúrbios.

Valeria a pena lembrar que as famosas tasers não dão para apetrechar sequer dmeia duzia de esquadras mais próximas enquanto que as câmaras que o polícia deveria usar ainda não entraram ao serviço por razões de protecçõ de dados . enquanto tal protecção for o que parece ser, mais outros cidadãos morrerão , mais polícias poderão ser indiciados, menos pessoas entrarão numa carreira mal paga e sempre acusada de tudo.

A polícia é mal amada, há algumas razões para isso, eu mesmo nunca morri de amores por quem durante longos anos me impediu de me manifestar, me prendeu,  mas a verdade é que sem polícia tudo correrá ainda pior.  Quando as hordas radicais dos racistas começarem a dar forte e feio nos anti isto ou aquilo sempre quero ver por quem eles chamarão. 

Isto não pressupõe que se feche os olhos, que se invente qualquer garantia administrativa, que se esqueçam as violências policiais ou que se perdoem os atropelos à lei. Uma polícia sem meios, mal armada tenderá sempre a usar de violência desproporcionada . alguém irá continuar a morrer nesses sítios do fim do mundo onde, aliás, a polícia não gosta de entrar... 

voltando ao título apenas convém dizer que poderia ser em português corriqueiro: são sempre os pobres que se lixam (para não usar palavra mais forte e mais justa mas mais malcriada)!...

Dantes neste dia pedia-se o pãopor Deus (bolinos, bolinhós para mim e para vós... ) Agora  importou-se dos EUA um Halloween esparvoado  que diz muito da nossa subalternidade ideológica e mental. As criancinhas, claro, adoram  ou são ensinadas a adorar... 

Os cemitérios estão a florir mesmo se só amanhã se celebrar o dia de fieis defuntos. quem pode aproveita o feriado ou desanda para um fim de semana longo. bom proveito e que não chova... 

au bonheur des dames 619

mcr, 28.10.24

O Artur Pinto Faria já é só uma saudade

ncr, 28-10-24

 

Quando se chega a esta minha idade, a palavra "sobrevivente" adquire uma forte consistência quase sempre nimbada pela tristeza, pela ausência, pelo espanto de continuar vivo quando os mortos mais e mais nos cercam.

Desta vez, foi o Artur Pinto de Fari, bm mais novo do que eu, uma amigo que de certo modo me concedeu o privilégio de o ter podido acompanhar nas últimas semana

 de vida.

Avisado por sua mulher da doença que o prendia em casa e contra a qual tentava, com coragem e espírito,  l lá o consegui visitar algumas escassas vezes para as últimas conversas de um longo rosário de encontros em que nos fomos conhecendo, percebendo, entendendo até esta fatal anormalidade que é o ver morrer alguém bem mais novo. 

Aqui estava um homem bom, culto, inteligente que conheci já tardiamente mas ainda a tempo de ter podido desfrutar de um conversador brilhante que, ainda por cima, não se ficava pelo Direito e pela advocacia, duas coisas de que eu me gabo de já não ser praticante. 

Conheci, ao longo de uma também longa vida, muita e boa gente (mesmo se também me defrontei com muita outra que bem poderia ter passado ao largo). Reconheci nele, para além da viveza, da inteligência, da cordialidade e da extrema cortesia, alguém que aliava a curiosidade à reflexão e a um bom senso  a toda a prova. 

para boa parte, provavelmente a imensa maioria, dos leitores que me aturam, o seu nome não significa nada. Para quem com ele conviveu, conversou à rédea solta sobre tudo o que vinha à rede, e nós pescávamos em qualquer mar!...,  a falta do Artur Pinto Faria é já mais um peso para os dias que continuarão a suceder-se indiferentes à vida e à morte.

Todavia, e já por muitas vezes, aqui o escrevi, há ausências que magoam  que nos fazem sentir mais sós, mais abandonados. 

Boa viagem, caro Amigo. que o barqueiro te conduza depressa e bem à outra margem  onde um dia destes também chegarei com darta dose de novidades que nos farão conversar até tarde, entre gargalhadas  e boa disposição como sempre nos sucedeu ali em baixo na esplanada onde tantas vezes nos encontrámos com alegria e prontos a falar de tudo, excepto de Direito, coisa que eu sempre lagradecerei.  

 

 

estes dias que passam 943

d'oliveira, 21.10.24

Não dou para esse peditório!

mcr, 21-10-24

 

U coro não unânime mas importante entendeu indigna-se com a malvadez da Justiça que obrigou um pobre velhinho indefeso a percorrer vinte metros até à porta do tribunal onde, com mais uma dúzia de comparsas vai ser, finalmente, julgado por umas dezenas de crimes.

Pelos vistos esses cidadãos compadecidos nõ sabem que na lei portuguesa (e seguramente em muitas outras) obriga os réus a comparecer em plena sala do tribunal para se proceder à ua identificação. 

A idade do se ricardo Salgado ao tribunal era, pois, obrigatória. A Justiça sai, para já, isenta de culpas .

Todavia, quem viu (e as televisões deleitaram-se a mostrá-lo) o lento percurso de um homem alegadamente afectado pelo Alzheiner, pode sentir alguma compaixão pelo que "alguém" o obrigou a fazer. 

Esse alguém, pelos vistos, existe. O "ancião doente de olhar perdido" ia amparado pelo seu advogado e pela esposa amantíssima. 

Pelos vistos, num primeiro tempo, ninguém se perguntou porque se assistiu a este  caminho das pedras, quando o réu poderia ter entrado de carro na garagem do edifício e, em poucas passadas sem mirones de qualquer espécie, dirigiyr-se a um elevador e entrar directamente n sala de audiência. 

Isso, essa faculdade, é a todos concedida desde que haja motivo para tal. A doença, obviamente, dá ao réu essa possibilidade. De resto, a saída do senhor DDT processou-se desse modo.

Portanto,  primeira pergunta que qualquer indignado cidadão deveria ter feito é esta: porwue é que um velho doente foi obrigado a arrastar-se penosamente por entre a multidão qie naturalmente esperava desde há muito (dez anos) por este início do momento da verdade?

Claro que, houve quem desde logo pensasse que esta violência inaudita sobre o coidadinho do velhinho era apenas uma encenação e procurava tão só despertar comiseraçõ  pelo menos via reportagem televisiva. 

Pessoalmente foi isso que entendi desde o exacto momento da aparição daquela quase cadáver sem vontade nem percepção do que se passava à sua volta. 

convém, neste momento, dizer que não sou vítima do BES, do GES ou de qualquer outra coisa ligada ao nome Espírito Santo. Não conheço a criatura, nem qualquer dos seus directos ou indirectos familiares.

Não tenho sequer especial interesse no desfecho deste processo. De resto, ou me engano muito, ou não viverei suficientemente para conhecer o fim, o fim absoluto dese processo. Nem mesmo tenho a certeza que assistirei ao julgamento, este, até `s primeiras condenações. Os advogados dos réus, os dos assistentes, o Ministério Público ou os atarefadíssimos juízes por diferentes motivos tem para muito e muito tempo. Isto não é a América que em poucos meses prendeu, julgou e meteu na prisão o senhor Madoff.  O que lá não chegou a 2 anos por cá arrisca-se a ultrapassar (com sorte ) os vinte.

Entretanto, e voltando à vaca fria, não só a lei portuguesa obriga a pelo menos uma inicial presença do réu mas permite que familiares e advogados recorram a estas exibições infames e infamantes que, visivelmente só se destinam a criar à volta de alguém um clima de simpatia, de comoção, de indignação contra os "perseguidores (e aqui entram juízes, MP, advogados dos assistentes e "populaça"sempre áida de sangie e de escândalo. Até apareceu um prejidicado pelo GEs a uivar insultos e queixas sem que visivelmente alguém se interpusesse e o fizesse recuar.  

(ao contrário de Madoff, não consta que o sr Salgado tivesse um colet `prova de bala... )

Ao lomgo d minha já extensa vida vi (oufui contemporâneo) de muitos criminosos célebres, mormente ditadores. A grande maioria morreu placidamente na cama. que me recorde as excepções foram Mussolini Morto pelos partisans italianos e depois dependurado pelos pás numa praça pública) e Ceausesco que umas tropas revoltosas despacharam em poucos minutos com a mulher. Jitler suicidou-se, Stalin ou Mao morreram tranquilamente na cama, o mesmo sucedendo a uma vintena de ditadores africanos e sulamericanos. Por cá o dr Salazar depois de cair da caseira  morreu anos depois pensando que governava, e o seu sucessor morreu no exílio. alguns revolucionários esparvoados e com as mãozinhas tintas de algum sangue de inocentes morreram tranquilamente sem mesmo terem tido o frete de ir a julgamento. 

Já nºao recordo bem como é que acabaram os cavalheiros que dirigiram os kmer vermelhos  mas tenho a ideia de ver um deles (o camarada nº 1 ou o nº2) também velhinhos a serem presos e julgados, não sequer incomodar-me em pesquisar se morreram executados ou se fleceram tranquilamente ao contrário dos milhões de vítimas que mandaram matar.

quanto ao martirizado sr Salgado só me pergunto porque é no seu círculo íntimo ninguém proibiu a exibição qu todos pudemos ver. 

Pelos vistos, a Ordem dos Advogados tmbém não tem poderes para lembrar ao advogado do réu Salgado que há, para além da lei, do Estatuto da Ordem, da civilidade e do direito a não exibir afrontosamente lguém incapaz de se defender, que "est modus in rebus" e que nem todos os truques são permitidos ou sequer legítimos. Mas isso é outra conversa... 

E tenho quase por certo que  o jovem causídico não se comoverá com estas mal traçadas regras baseadas num outro tempo e numa outra convicção quanto a valores e cidadania.  

 

estes dias que passam 942

d'oliveira, 18.10.24

Tanto barulho para nada!

mcr, 18-10-24

 

ainda que mudado roubo o título a Shakespeare mas param aqui todas as semelhanças, apenas quero referir a comédia de enganos, aliás uma patética e pueril farsa levada a cabo  por Pedro Nuno Santos, esse apóstolo  da firmeza de princípios políticos que baqueou ao som do primeiro tiro. 

Na melhor hipótese, PNS quis levar a sua até ao fim mas não teve apoio suficiente dentro do PS.

Na pior la percebeu que o não ao Orçamento permitiria uma nova ida a eleições de onde o S sairia bastante mal ferido. 

Luís Montenegro pode não ser uma águia mas neste episódio quase burlesco foi encurralando o adversário até este sentir as costas coladas às cordas. 

Isso que de há muito era previsível deu azo a que comentadores (incluindo os "malvados" comentadores do PS!...), imprensa e muito público exprobassem aatitude de PNS, as suas linhas vermelhas e verdes, o radicalismo em falsete das suas palavras e a sua permanente agitção tous aimuts que mantiveram um suspense doentio no país. 

PNS andou perdido desde o início e não percebeu que tentar encostar Monenegro ao Chega ,era chão que já não dava quaisquer frutos.

Ventura percebeu isso bem antes de Pedro Nuno e num dos seus arrebatos afirmou que iria votar contra o Orçamento.  

Ao fazer mais essa pirueta marcou dois pontos: ameaçou o PSD e tentou provar que uma abstenção do PS seria inal de que o Orçamnto era mais socialista que social democrata. 

PNS viu-se "no mato". As suas tropas mais que renitentes como de resto se verificou aquando da magna reunião parlamentar onde as divergências foram mais que perceptíveis. 

O público ainda lembrado do apoio de Montenegro a António costa, grato pelas benesses largamente distribuídas ou prometidas não só não queria eleições como ameaçava sovar o seu fautor. 

Toda a gente percebia isto mas PNS não ou fingia que não.  Pessoalmente estou convencido que não percebia. É o mal dos dirigentes que pensam mais em si próprios  do que na realidade que os cerca. 

Este enredo de má qualidade arrastou-se até ontem e teve o seu triste fim num discurso recheado de blas frases mas incapaz de convencer quem quer que fosse . Aquilo foi uma rendição que poderia perfeitamente ter sido evitada se PNS depois da contra-proposta de Montenegro viesse ao palco dizer que tinha ganho a discussão e influenciado fortemente  as novas alteraçõs consentidas pelo governo. Montenegro até lhe ofereceu uma flor ao afirmar que no caso do IRS jovem a proposta do PS melhorara claramente a redação do Orçamento.

Nada feito! 

PNS sofre de uma nova espécie de doença infantil do pseudo-radicalismo. É provável que nunca tenha lido Lenin mas também lhe faltaram outros teóricos da social democracia. 

Pior ainda: expôs alguns dos seus mais devotados  (mas descerebrados) apoiantes a uma perda de influencia nos seus círculos. E deu força aos seus adversários internos. 

Não estou a sugerir que se prepare no PS uma "noite das facas longas" mas a noite de ontem, aquele discurso, mesmo não sendo uma missa de requiem não auguram dias felizes  para o Secretário Geral do PS.

Montenegro, apressou-se a vir dar a mão a PNS louvando-lhe o sentido de Estado. Convenhamos: o elogio é duma total hipocrisia e cheira a truque parlamentar e politiqueiro .

É um beijo de Judas mas Montenegro enfeita-o de açúcar pilé, coisa que nos tempos ideologia da saúde a todo o transe passa por marotice. 

Não vale a pena falar dos urros de indignação dos pequnos partidos . Fosse ual fosse a decisão de PNS eles sempre encontrariam no seu discurso lenha para se aquecerem. A política nacional joga-se, de momento, entre três forças  e mesmo que houvesse uma aliança dos pequenos nunca seriam admitidos ao jogo dos grandes. De todo o modo, e como anedota, recordem-se as declarações do PAN  que de facto demonstram que o ridículo atinge cruelmente aquela organização e sua pitoresca dirigente.

A situação nacional não piorou e, provavelmente não melhorará sensivelmente.

É caso para dizer que tudo como dantes quartel general em Abrantes. 

 

(nota para voltar ao título traficado: ao contrário d peç de Shakespeare não iremos assistir ao casamento de dois amantes reconciliados. O governo do bloco Central está adiado. Sine dia!)

estes dias que passam 941

d'oliveira, 14.10.24

“por que no te calas?”

(in Público 14-10-24)

mcr 14-10-24

 

A jornalista Ana Sá Lopes aproveitou a boleia do Rei Juan Carlos a propósito daquele tiranete venezuelano que dá por Maduro para exprobar a atitude do inefável Secretário Geral do PS nos últimos dias.

Efectivamente o sr Pedro Nuno dos Santos (PNS) tem aproveitado as idas a congressos regionais do PS para apelar à “unidade do partido”  e, concomitantemente ao auto silenciamento dos discordantes internos que, pelos vistos são mais do que as mães.

ASL tenta explicar ao actual líder do PS que a sua campanha é contraproducente, que o Ps é um partido plural, que o vozear contra diferentes opiniões é um risco e, finalmente, que a campanha contra os militantes comentadores em meios de comunicação social  faz esquecer que o próprio PNS foi comentador e bessa tarefa zurziu quanto pode nos órgãos dirigentes do seu partido...

Pelos vistos agora, considera o comentário , se desfavorável, um ataque ao partido e um perigosos caminho para a desunião num momento tão temível como o actual.

Não sei de ASL quis pintar PNS como uma espécie de Maduro europeu menos vociferante mas mais tonitruante. Ou se, ainda por cima, quis dizer que se ele alcança uma maioria invejável no partido, primeiro e no país, depois, se dedicará a prender opositores, a expulsa-los, degredá-los liquidá-los pelo menos politicamente.

Se foi esse o intuito estamos mal porquanto, PNS ainda não é, nem parece talhado, um fuhrer de algibeira. É, apenas, um rapaz apressado, incontrolável, dado a fazer de “espirra canivetes”  e que depois de se ter estreado na alta política idiota contra as “perninhas dos banqueiros alemães” (que ”ficariam a tremer com a ameaça portuguesa de não pagar as dívidas”) ainda não percebeu em que país (e em que Europa) vive.

No fundo o que lhe falta é “mundo”, bom senso e qualquer mezinha contra a sua notória impulsividade.

É verdade que ganhou o PS depois da queda do Governo. Também é certo que isto, este súbito tombar de tõ alto, depois de tantos anos a governar e a desgovernar é uma chatice das antigas, deixa os militantes num estado de luto catatónico, capazes de eleegr o rato Migkey ou a santinha da Ladeira para saírem do sufoco da vida na oposição. 

É que, nesse limbo horrendo, não se pesca sequer uma alforreca. Não se arranjam lugares decentes na Administração  Pública, não se tem influencia nos centros de decisão, enfim não se cheira o poder. 

Ao fim de oito anos que começaram na trapalhada da geringonça (de resto inventada e proposta pelo PC...) continuaram, felizes, com a paz das ruas até se acabar a lua de mel com a Esquerda , e começaram a escorregar inapelavelmente com os casos e casingos do ultimo e “horribilis” ano.  Mesmo com a maioria absoluta ou apesar da maioria absoluta...

É verdade que a ascensão do PPD trouxe para as ruas todas as revoltas profissionais que se esperavam. É bom lembrar que boa parte das reivindicações corporativas tem origem na desastrada actuação duma senhora ministra da Justiça que entendeu (na sua mais que incompetente inocência) dar à PJ um volumosa gratificação sem perceber que isso iria desencadear um tsunami de reivindicações. Também do anterior Governo s herdou a questão dos professores  (desde Sócrates, em boa verdade) e mais recentemente a crise dos médicos.

Eu não sei se este continuo trovejar pedroninista  se destina a deixar passar o Orçamento em nome de uma possível salvação da pátria ou se, como possivelmente e infantilmente ele desejaria a fazer cair o Governo. 

Uma coisa é certa: ou me engano muito ou , no segundo caso,  o tiro sairá pela culatra. O Governo andou numa corrida de distribuição de re rendimentos, de promessas para toda a gente que, queira-se ou não, lhe granjeará votos.  

Ai o PS quer tirar-nos o fruto das nossas legítimas conquistas? , rosnarão os eleitores e são muitos, beneficiados ou à espera deles “Pois tomem la!”

Bem pode PNS jurar que prefere perder votos do que perder princípios. Conviria, aliás, perceber que princípios são esses  pois por mais que se escarafunche os seus discursos o que aparece é algo de nebuloso   mais reivindicativo que progressista, mais a olhar para o passado do que para o futuro. Nisto, pelo menos, o PC dá lições. É verdade que o seu breviário  não conseguiu ultrapassar a cassete dos anos 17-60, que o proletariado agora é apenas “povo trabalhador(o que dá para tudo...) que a ditadura do dito foi algo de infame e deixou pelo caminho mais do que opositores, mais do vítimas inocentes, alguns dos melhores e mais puros quadros da “revolução” a vir.

O mundo dito socialista implodiu  pelo menos na Europa. Na Ásia o comunismo chinês  agrega os capitalistas nacionais e leva-os até ao Comité Central desde que não ponham em causa o poder do aparelho. Na periferia mete os uigures na prisão e vai  aniquilando tranquilamente o Tibete enquanto sonha com a conquista de Taiwan. Ao lado o vietnam deixa-se tentar pelo turismo de massas que lhe trará a riqueza que não consegue produzir enquanto a Coreia do Norte se transforma numa inferno prisional gerido poe uma dinastia agressiva e tenta provar que os Kmer  vermelhos eram apenas amadores,

Não ale a pena tentar citar os países latino americanos a começar por Cuba que já perdeu 20% da população  para a emigração clandestina ou as Nicaráguas e Venezuelas  cujas populações vem os seus votos roubados e se metem a caminho de um qualquer país que receba as centenas de milhar de pessoas que atravessam toda a América central à procura de um sítio onde pousar a cabeça e criar os filhos. 

PNS está fora deste circuito mas, à cautela, também o não repudia inteiramente. Acredita que tem uma missão, mesmo se não saiba exactamente ual é, e como levá-la a cabo. Poderia tentar convencer-nos que é um social democrata à moda dos nórdicos mas isso pede calma, serenidade, contenção, trabalho árduo e conhecimento profundo da economia tal qual ela se pratica ou nós a sofremos. 

No se calla mas na verdade também nada diz de concreto aos portugueses. Ou sequer a quem não se sente atraído pela Direita. Tão pouco ao centro. Convenhamos PNS é só fumaça e ruído. 

E começa a parecer-se com o alucinado da Direita que, também ele, pensa com angústia numas eleições que lhe emagreçam o ajuntamento informe que conseguiu arregimentar  Isto acaba por passar sem deixar saudades mas corre-se o risco de ficarem cicatrizes

estes dias que passam 940

d'oliveira, 12.10.24

encontros imediatos do 1º grau?

mcr, 12-10-24

 

Eu não sou um admirador, sequer um votante do actual 1º Ministro. Nem do partido dele, opção de voto que nunca me ocorreu. 

para mal dos meus pecados, fui sempre votante do PS  até me fartar e refugiar-me na abstenção que, convenhamos, é um má escolha mesmo se a única posível para quem faz ponto de honra (e desde 1969...) de ir votar sempre que for possível, isto ´s sempre que há uma eventual escolha. 

Por outro lado, nunca tive a atração do abismo  mesmo se alguma vez o PC sob o falso pseudónimo de CDU  pudesse ter aparecido como um mal menor. 

quanto ao resto dos partidos , estamos conversados. O CDS cheirava-me a água benta e bafienta, enquanto as insignificâncias ditas de Esquerda nunca ultrapassaram a faseda acne política juvenil que ao invés da outra mais física não descola da organização que a sofre.  

Finalmente, bastou-me ter sobrevivido  ou malvivvido trinta e três anos ao purulento regime autoritário, rural, catolicão e reaccionário inaugurados pelos militares do 28 de Maio e aperfeiçoado por um lente de Coimbra, misógino, desconfiado e ulta-conservador para sentir uma ojeriza medonha aos radicalismos de Direita.

Dito isto, vamos ao que importa. Aquela alucinada criatura que dá por Ventura veio, subitamente afirmar que tivera reuniões sigilosas com o sr Montenegro. Uma delas teria ocorrido em Setembro do pretérito ano e outra já depois das eleições. 

Não vou sequer ºpreocupar-me com o conteúdo das conversas que, de resto., também não foram reveladas. 

O sr Montenegro negou terminantemente tais encontros pelo que alguma opinião pública entendeu debater a questão. Na generalidade, et pour cause, foi a Esquerda (ou o que sep resume como tal, que aceitou a alegação venturista ou fingir ficar perturbada com esse (s) encontros(s) fantasma(s).

Pesioalmente e sem fazer qualquer favor ao sr Montenegro, tenho por praticamente garantido que se trata de uma mentirola ditada pelo desespero. 

Há mais de um ano que Montenegto repete e volta a repetir que não quer qualquer relação com o partido dhega. E junta sempre um toque provocatório à coisa, afirmando que o Chega é tudo e o seu contrário pelo que conversas com aqula gente é tempo perdido. tudo sob o slogan "não é não"" que quase se tornou nma espécie de eco porquanto, o Ps e sobretudo a rapaziada esquerdista entendeu que o "não"  era um disfarce e que Montenegro ansiava aliar-se ao nacional-populismo de Ventura.

Entretanto, e spbretudo neste ano, osataques ao Chega multiplicaram-se por parte do actual partido de governo e as acusações sobre o cataventismo cheguista ssubiram de tom. 

Não se percebe bem, como é que neste clima de desconfiança e, sobretudo, d desdém Montenegro recebesse Ventur ou este, tentasse um encontro com quem o maltratava e ostensivamente desprezava.

Claro que tudo pode suceder, sobretudo, quanto a política se traveste de politiquice e de sonsice rasteira. Aceito até, que, algum personagem menor do PPD , algum deputado, por exemplo, possa ter conversado com um colega da Direita. 

O mesmo tem acontecido, e é público e notório, com contactos ocasionais mas oficiosos de responsáveis socialistas e sociais democratas.  Todavia, que se saiba os senhores Pedro Nuno e Montenegro só se encontraram duas vezes para falar sobre o Orçamento e, eventualmente, mais qualquer outra coisa.

Por outro lado os alegados encontros todos já com alguma respeitávl antiguidade, só agora é que foram "revelados". Alguém no seu perfeito juízo acredita que tenha sido possível ocorrerem e ninguem saber deles? Ninguém deu com  língua nos dentes? Ninguém pôs a boquinha no trombone?

Alguém, mesmo sem ter qualquer espécie de consideração por Montenegro, acha-o tão estúpido que se deixe enredar num encontro que só o prejudicaria no eleitorado do Centro para yer um conversa  com o conducator da Direita populista e nacionalista? 

Convenhamos: Montenegro sabe perfeitamente, e já há bastante tempo, que se porventura houver eleições por rejeição do Orçamento haverá consequências para quem as provocar. sabe mesmo, que o Chega pode perder uma boa parte daqueles deputados indistintos do Chega que só servem para levantar e sentar o dito cujo  à ordem do chefe. Também sabe (no PS também há quem saiba...) que se o PS chumbar o Orçamento irá pagar tal atrevimento nas urnas. Mesmo que PNS jure que prefere perder eleições a abandonar seus princípios (quais?) o partido  mnda-o para o degredo, corre com ele mais depressa do que um suspiro. 

Montenegro, está no poleiro, e sabe que o tempo, e as benesses jogam a seu favor. Para quê deitar tudo isto fora? A menos que o homem seja um tonto de atar e c que cristalize politicamente no ortorrômbico, ele nunca caírá nesta armadilha. 

Falar com Ventura é tóxico. Falar com Ventura quando se considera que este é um catavento é uma perda de tempo. E provavelmente uma infinita chatice.  Mesmo que homem só falasse de futebol domínio onde não passou da mediocridade... 

Não me apetecia tocar neste tema mas, convenhamos, est modus in rebus!

 

estes dias que passam 939

d'oliveira, 08.10.24

morrer da cura...

mcr, 8.10-24

 

 

A velhice como afirma a minha sábia mãe, é uma doença. Eu, menos experiente, acho que a idade é uma valente chatice. Já aqui o disse mesmo se om isto faça um verso de pé quebrado.

Entre as misérias que afligem os velhos, e não são poucas desdes os dentes que se vão, os cabelos que desaparecem, as carnes que engelham, as forças que falham, os ouvidos que perdem sensibilidade e mais m par de coisas que deixam de funcionar, está um par de doenças das que não matam mas amolam. Destas, porque a sinto nesta pele cansada, está o diabetes dos velhos, coisa que se vi resolvendo com um par de mezinhas que, normalmente, restabelecem um frágil equilíbrio desde que não se abuse da boquinha, outro prazer que se vai negando a quem entrou na terceira idade. 

Eu, que de novo já nada tenho, além de ter uns olhos ameaçados pela "mácula" que vou combatendo com injecções periódicas para que a coisa não atija proporções maiores das que já tem, tenho como uma imensa legião de contemporâneos, o raio do diabetes b.  A coisa, se controlada, não implica sofrimento . Claro que há alimentos proibidos ou censurados mas na maioria dos casos o regime alimentar não sofre especiais perturbações

A receita é simples. Para além das restrições culinárias tom o dois comprimidos para o diabetes e um terceiro para manter a tensão dentro dos seus normais limites. convenhamos que isto se tomado ao pequeno almoço e ao jantar, não incomoda ninguém, É apenas mais uma rotina  mais que tolerável.

Todavia, ao fim de mais de meia dúzia de anos deste regime, comecei a reparar que os valores do açúcar medidos uma vez por dia em horários variáveis, excediam largamente aquilo que sempre tinham sido as metas(entre 90 e 150) Primeiro pensei que er o aparelho medidor que estaria a fazer das suas (fadiga, intervenção do Mossad, quiçá de algum inimigo menos distante, enfim, algo se passava) . Depois comecei a suspeitar do genérico que e, mã hora me fora aconselhado por uma farmaceutic de uma farmácia onde só entrei uma vez. 

entretanto, consegui marcar uma consulta com a minha médica de sempre (que, aliás, me vai abandonar para passar à peluda) e descobri envergonhado que aquilo que, nos últiimos dois meses eu tomava parao controlo do diabetes era afinal um genérico do remédio para a regularização da tensão. Em poucas palavras: andei dois meses a permitir que os açúcares maus me fossem ocupando o futuro cadáver sem oposição da mezinha habitual.

Se eu tivesse, como devia, e agora exigi, comprado o medicamento certo sem pseudónimos genéricos, estaria não digo maravilhoso mas razoavelmente defendido.

Afinal fora a criatura da farmácia que se distraíra e trocara, espero que inocentemente, um medicamento por outro ainda por cima repetido .

Aguardo com a natural ansiedade  os resultados da picadela de amanhã pois hoje vou dar tempo ao comprimido salvador. 

Que todos os meus males, dada a minha vetustez, sejam estes já é uma meta de esperança. Ao que sei não corri perigo de vida mas se a coisa continuasse haveria obviamente consequências que não seriam agradáveis. 

Alguém, desse lado invisível poderá repontar que me bastaria ter lido a famosa #literatura inclusa, que acompanha as pílulas. Sempre responderei que, à uma aquilo vem em letra pequeníssima  mesmo para quem tem olhos de falcão peregrino. Depois o jargão farmacêutico é tão chato e peado quanto o jurídico. finalmente, descendente de uma longa teoria de médicos e farmacêuticos tenho por norma de vida (e de preguiça) confiar cegamente no que me receitam, seguir a prescrição à risca, e não me preocupar. Até há meses a coisa deu certo e, se tudo correr como propõe o meu inestimável doutor Pangloss (eu sou um voltairiano radical)  tudo ira pelo melhor no melhor dos mundos.

 

 

estes dias que passam 938

d'oliveira, 05.10.24

nova comédia de enganos mas em calão

mcr, 5-10-24

Isto de usar a palavra "comédia" para título tem muito que se lhe diga. À uma foi Comédia a palavra usada por Dante para título da sua absolutamente triunfal obra que os leitores tem à sua disposição na admirável tradução de Vasco Graça Moura. De facto, foi mais tarde que "A Comédia" se dotou do adjectivo "divina" que se lhe pegou de tal modo que não  houve maneira de voltar à primeira forma.Todavia, a palavra prosseguiu a sua triunfal viagem literária e foi usada por muitos, começando, claro, por Shakespeare.

Ora o escriba, este, também quis dar a sua perninha no (ab)uso desenfreado  mas deparou-se com uma dificuldade. O que  actualmente se passa à volta do futuro Orçamento  e mais uma má farsa mal humorada e risível do que uma comédia digna desse nomeA coisa desvenda-se em poucas palavras.Sem orçamento haverá eleições. Pelo menos foi esta a mensagem longamente repetida pelo Sr Presidente da República  que, entretanto, entendeu dever calar-se depois de dias e dias de verborreia insistente. 

Toda a gente, ou quase toda, entendeu dizer que até os cabelos se lhe arrepiavam com tão infausta  situação.A começar pelos partidos. Nenhum deles quer verdadeiramente uma ida às urnas. Por razões diferentes mas que se resumem numa só: Medo!

O PS sabe perfeitamente que o seu voto contra o Orçamento se virará contra si. E isso terá consequências: menos votantes e menos deputados. Ou seja uma derrota para o partido e para o líder a que se entregou.É verdade que o sr Pedro Nuno afirmou que tem príncipios e que prefere perder uma eleição a renegá-los.

Mesmo tendo em linha de conta o facto de não se saber exactamente se esses apregoados princípios são-no verdadeiramente convirá sempre tentar descortinar quais são. E aí é o deserto, cheio de miragens mas implacavelmente deserto. PNS é uma rapaz impulsivo mesmo se nas têmporas já lhe embranqueçam os cabelos por via da idade que deveria ser de juízo, cabeça calma, frieza e reflexão. 

Parece que estamos de novo num remake do filme do "não pagamos e as perninhas dos banqueiros alemães vão começar a tremer, uma parvoíce  que não foi apenas política mas claramente insensata. 

Aliás, se uma eleição se perdesse por teimosia, PNS poderia fazer as malas e regressar à província. Por derrotado e por provinciano!

O segundo partido que também teme eleições é o ajuntamento radical-venturoso que já percebeu que o seu grande momento passou, basta atentar nos resultafos da última eleição a que se submeteu.

O susto foi gigantesco: metade dos votantes evaporaram-se. Se da primeira vez, havia a bandeira do voto anti-sistema, desta verificou-se que os eleiotres perceberam que a luta anti-sistema é apenas uma bandeira agitada por um abencerragem vaidoso e fala barato. Os meses (lngos e chatos) de actividade parlamentar do Chga foram um espectáculo frouxo, tonitruante mas ináb foi il  e canhestro. Pior:  foi o espectaculo do homem só   sem gente que fizsse mais do que aplaudir o chefe sem acrescentar fosse o que fosse

-Ninhuém, até ao momento, viu ostro cheguista chegar-se à frente e explicar ao que vem. É  Ventura que dá a cara seja em que situação for. Ele lá saberá que aquela carrada de criaturas que o seguem não existe politicamente.

Em tempos conheci um militante de um partido também radical mas de sinal diferente que dizia que votava naquela malta porque assim evitava ter de esforçar as meninges a pensar política e soluções para a pátria.

Já por cá não anda e a sua formação política anda pelas ruas da amargura.

"the times they are a-changin" avisava Dylan há brm mais de 50 anos e tinha, como de costume, razão. 

O terceiro partido que, também não sesente especialmente motivado para eleições é o PSD. sabe que eventualmente ganhará eleitores e deputados mas não acredita no tsunami da maioria absolutaÉ verdade que tem andado numa roda viva a brincar ao bodo aos pobres. Em parte porque a herança que recebeu vinha cheia de corporações a protestar. Digamos que, a culpa não é exactamente do actual partido de Governo mas muito do anterior Governo e sobretudo de uma descabeçada ministra da Justiça que insensatamente não percebeu que os aumentos da PJ se iriam reflctir na situação da PSP e da GNR sem falar ds guardas prisionais.

Ao lado havia também os professores e os médicos que  eles perceberam as vantagens do esticar da corda. A perda da maioria absoluta injustamente conseguida pelo PS graças às burrices combinadas de uma esquerda ineficaz e ao uivo do Chega e à fraca imagem do PSD enredado numa luta de barões, permitiu aquele resultado miraculoso.

Só que não trouxe aos vencedores bom senso, sentido de Estado e de governação. O tempo da maioria absoluta foi uma espécie de brando  mas inapagável fogo florestal.

Aqui para nós: foi uma agonia que um breve comunicado mal redigido por uma Procuradora Geral da República  que aliás provou. sem trabalho de maior, a sua incapacidade para dirigir a casa  para onde o mesmíssimo primeiro ministro a tinha indicado

.Quanto aos restos de partidos de Esquerda (ou que se presumem como tal) a catástrofe das duas últimas eleições  foi um sério aviso e eleições neste momento de maré baixa não parece ser o mais indicado para irem à procura (ou à pesca) dos votos perdidos

Convenhamos, Montenegro tem conseguido aguentar a barca frágil em que embarcou  com a aajuda involuntária e pouco esclarecida do seu principal oponente 

 vai metendo uns golos de bola parada. A indicação de Costa pa o Conselho europeu, as promessas de regularização de salários de uma multidão de corporações,  a 'proposta de um salário mínio que ninguém esperava, e dinalmente a proposta irrecusável de orçamento remendado poderão ser truques mas enquanto o pau vai e vem folgam os lombos.

A última prestação de PNS sobre a oferta "irrecusável" foi pífia,  e não cnsegue convencer os seus mais entusiásticos eleitores. Está encurralado  ou perto disso.

Entretanto, a habilidade de fingir que o Chega não existe aos olhos do PSD demonstrou que a permanente acusação de conluio  com os aventureiros da direita radical  deixa de fazer efeito na opinião pública.

E isso, pelo menos, e para já, foi entendido

por Ventura que reagiu  contra a "venda" do PSD ao PS

Parece que o Sr Presidente da República esfrega as mãozinhas  por não ser obrigado a outra provocada ida às urnas.

Sª Exª quer deixar um a boa impressão do seu magistério. É duvidoso que o consiga mas se houver orçamento sempre poderá afirmar que parte do mérito é seu.

 "La commedia é finita!*

*a citação é do final da ópera I pagiacci mas os tempos (como acima se diz) são outros e aqui ninguém apunhala a amante, mesmo se, no país dos brandos costume, o assassínio de mulheres e namoradas se pratica com inusitada frequência. Mas isso ocorre nos baixios da cena e jamais entre as luminárias parlamentares

estes dias que passam 937

mcr, 01.10.24

 

Cartas sem destinatário que as perceba

mcr, 29/30 -09-24

 

A Juju Cachimbinha tem uma vizinha paralítica que vai combatendo a solidão da doença escrevendo cartas a um número considerável de amigos. Como tempo é coisa que lhe sobra, escreve também a um também numeroso grupo de criaturas  (políticas, intelectuais etc.) mas rrserva essas cartas  à leitura de um par de amigos. A justificação é a seguinte: “Aquela gentinha cristalizou no ortorrômbico e jamais entenderia as razões que me levam a escrever-lhes. É areia demasiada para a camioneta deles. Ainda não se descobriu mezinha para a burrice  sobretudo se misturada com arrogância.

 Espevitadros pela Juju, que sempre foi uma perigosa pasionária, W, Y e eu mesmo, volta que não volta, juntamo-nos a essa infrene correspondência. W entende que esta tarefa faz vem aos humores bilioso e colérico, queira isso dizer o que quer que seja. 

Hoje, por exemplo, lembrei-me daquele peru de província que se julga pavão e dá por Ventura. O homenzinho descobriu que uma atitude forte contra os imigrantes que demandam o nosso país, que são mal pagos e quase sempre malvistos dá direito a juntar uma turbamulta de imbecis patrioteiros numa gritaria contra ssa pacífica invasão. Sobretudo se a cor dos recém chegados os distinguir dos indígenas, Ou a religião mesmo se, como é o caso, Portugal seja  cada vez menos um filho predilecto da Santa Madre Igreja.

A visibilidade dos imigrantes, o facto de falarem mal ou muito mal a língua, a pobreza que ainda é visível neles, fornece pretextos miseráveis para agressões, desprezo, racismo.

Ventura e a gentinha da sua laia ainda não percebeu (ou finge que não percebeu...o que é ainda mais grave) que essas centenas de milhar de pessoas que chegam tem sido a salvação de  milhares de empresas agrícolas, hoteleiras, comerciais e industriaisque  já teriam falido sem essa força de trabalho que, ainda por cima é paga abaixo da média nacional.

O principal argumento parece ser o da perigosidade dos imigrantes mesmo se, como se tem verificado, nos maiores centros que os acolhem a média de crimes e delitos seja menor do que a nacional. Também ainda não perceberam que a Segurança social ganha à fartazana com os descontos dos estrangeiros

Há centenas de escolas que correriam o risco de fechar se não houvesse felizmente as crianças (muitas delas já cá nascidas) que as tornam estabelecimentos de ensino viáveis. 

Com outra vantagem: os descendentes de imigrantes que frequentam a escola são factores de integração deles próprios na sociedade portuguesa mas também dos pais e restantes familiares.

Esta iracunda multidão que protesta contra os estrangeiros esquece-se  do consabido facto d Portugal ser, desde há séculos um pais de emigrantes. As comunidades portuguesas ou luso descendentes espalhadas pelo mundo contam milhões de nascidos em Portugal ou descendentes deles. Imaginemos por um breve momento que no Luxemburgo (com quase 15% de habitantes de origem portuguesa ) começasse a correr que os portugas eram ladrões, violadores ou vigaristas. Já estou a ver e ouvir a gentuça anti-imigrante a bolsar toda a espécie de insultos sobre o Grão Ducado. Juntemos-lhe a França, a Bélgica, a Holanda e a Alemanha onde são centenas de milhares os nossos cidadãos. 

Nem vale a pena citar o caso dos quase 500.000 brasileiros  (números oficias mesmo se sw suspeite que serão muitos mais) que preferiram vir para Portugal deixando um país que acolheu milhões de portugueses desde o século XVIII. Começa a ser difícil entrar num loja onde não haja um(a) brasileiro/a sorridente e disposto/a a ajudar. O mesmo se diga de cafés ou restaurantes. 

Paralelamente, ouve-se uma queixa geral: há falta de gente para trabalhar seja em que ramo for, sobretudo em todos os domínios em que a esforço  grande corresponde salário baixo. As confederações patronais avançam um número perturbador: Portugal precisa de 138.000 novos imigrantes anualmente!!”

É  neste cenário em que as chegadas não andam longe das saídas de portugueses para a Europa que cerca de três mil ignorantes (para não qualificar mais e melhor as criaturas) desfilaram por Lisboa (e por algumas outras cidades mas em número muito reduzido) ululando ameaças e injúrias aos recém chegados, acusando-os de delitos imaginários, mentindo descaradamente sobre questões de segurança, em suma exigindo controlo severo nas fronteiras. 

O impante cavalheiro Ventura lá fez das tripas coração e considerou a manifestação um êxito, repetiu todas as burrices com que orna os seus discursos . Em boa verdade, no ajuntamento político que criou é ele, e só ele, a única voz que se ouve. O mesmo, ou quase, sucede no parlamento deixando a todos a ideia que cinquenta deputados estão ali para levantar e sentar o dito cujo à voz do chefe.  De quando em quando e mediante indicação ou licença prévia do “conducator” lá surge um abencerragem (ou uma aventesma, a escolha é do leitor...) que balbucia num português mais do que básico os narizes de cera do costume.

Nunca o parlamento foi tão vociferante como agora mas também nunca produziu declarações tão sem sentido  mesmo se é neste pouco conspícuo grupo que o silêncio valeria oiro (e isto não se aplica só às hostes de Ventura , infelizmente. Dir-se-ia que a chegada em massa desta gentinha contaminou boa parte do hemiciclo).

Estamos a entrar no grau zero da política politiqueira e para tal basta recordar que vegeta por lá uma comissão que tem dedicado o seu tempo a uma ridícula qustão de duas gémeas patrocinadas por um familiar do sr Presidente da República.

Neste caso bastaria que S.ª Ex.ª ao receber o mail do querido filho tivesse, como devia, mandado  aquilo para “o ventre da mãe terra pelo esófago da latrina” (cito Camilo) A recomendação (ou pedido , ou cunha ) extravasava largamente as competências do Presidente da República e o facto de vir de um familiar directo tornava a coisa ainda mais sensível e estridente. Nem o peticionário deveria ter caído naquela infantilidade nem o destinatário deveria sequer mandar aquilo para qualquer lugar que não fosse o caixote do lixo.

Este caso é, queiram ou não, um não-caso porquanto mesmo sabendo-se que as criancinhas luso brasileiras foram tratadas e que o tratamento foi caríssimo nada indica que tenham passado à frente de quem quer que seja e o facto de terem uma rápida e conveniente nacionalidade portuguesa permiti-lhes ser tratadas  no SNS.

Obviamente a rapidez com que tudo se processou deixa um rasto de cheiro nauseabundo mas , convenhamos, não há de ter sido caso único.

Ver um grupo de parlamentares a fingir de inquisidores  de meia tijela  e a agitar-se em grotescas indignações e perguntas ociosas seria triste se não fosse, como é, ridículo. 

No meio disto tudo, e mais uma vez, percebe-se que uma “mãozinha matreira” tenta manipular este pobre teatro de cordel e ou muito me engano ou a coisa tem muito a ver, outra vez, com o sr Ventura de todo o modo ajudado pressurosa e tontamente por gente de outras bancadas.

Será que os membros da comissão alguma vez viram o resumo dos seus trabalhos na televisão? E se viram não perceberam qu aquilo é uma farsa de faca e alguidar ou pelo menos parece assim? Felizmente  a coisa passa em português língua difícil para estrangeiros, de modo que escapamos à gargalhada geral de uma plateia internacional.

 

Finalmente, será que os venturistas e outros istas indignados alguma vez pensaram que habitam um país que todos os anos envia para terras mais hospitaleiras dezenas de milhares de concidadãos que fazem lá o mesmíssimo papel dos desventurados que escolheram Portugal para trabalhar e viver?

Pela parte que me toca, o mais longínquo avoengo de que tenho memória foi um filho segundo das franças e araganças que, por não ter eita nem beira dado não ser primogénito, se juntou a mais outros cavaleiros como ele e veio espadeirar na península ibérica às ordens de D Henrique pai do nosso primeiro rei.

Vinte gerações depois ,um seu diirecto descendente que também se chamava João Martins aproveitou a boleia da família real fugitiva para o Brasil mas não se deixou enredar pelos encantos da corte e rumou ao Rio Grande do Sul onde juntou uma colossal fortuna.  Ao mesmo tempo ou poucos anos depois um cavalheiro prussiano chamado Ernst Richard Heinzelmann rumava para as mesmas paragens munido de um canudo de doutor em Medicina. Um seu descendente casaria com uma descendente do fidalgote imigrante .

 

Desse casamento vem a minha avó Dora Martins Heinzelmann. Também ela casou comum imigrante Alcino Correia Ribeiro, filho, aliás, de outro imigrante nas mesmíssimas terras brasileiras de seu nome José Joaquim Correia Ribeiro. Inteligents, trbalhadores esforçados fizeram, tmbém ele, fortuna nessas terras e regressaram `átria prósperos e dispostos a continuar a fazer pela vida

Não param aui os imigrantes da minha família. Do lado materno, o meu trisavô  José Costa Alemão, saiu de Coimbra ainda quartanista de Medicina, passou pelo Brasil e veio fixar-se no Sul de Angola onde criou uma próspera fazenda, foi capitão de segunda linha econtribuiu para o conhecimento geográfico da região por ter  mapeado e publicado em relatório o rio Bero, afluentes e dado conhecimento sumário das gentes que habitavam a região. Uma neta sua de nome Aldina, minha avó casou com outro filho segundo, desta feita aalentejano de Niza, que inconformado com a  vida religiosa que lhe reservavam, fugiu do seminário, assentou praça  e fez toda uma brilhante carreira como oficial do Exército colonial. De certo modo também este meu avô Manuel imgrou. Como, de resto, o mesmo ou quase ocorreu com meus pais que também se mudaram da Figueira da Foz para Moçambique. De certo modo também essa brusca mudança de vida cabia nos limites amplos da emigração. O meu pai era médico e foi para Lourenço Marques reorganizar o serviço médico militar  com a patente de capitão. Depois da comissão ficou por lá a exercero o seu mester  de João Semana  e só regressou em 1973 quando percebeu que havia uma guerra que nunca seria ganha e que o regime  lhe exilava um filho e prendia com singular constância o outro 

Dois tios  e três sobrinhos meus andaram por meio mundo, Europa e Árfica incluídas, a ganhar a vida. Neste momento só uma sobrinha permanece em Inglaterra  onde, aliás, estudou e se licenciou. Entretanto, há mais uma boa meia dúzia de primos que, também eles, se espalharam por essa Europa fora e lá continuam.

É em nome dos antepassados e destes actuais familiares que  quero reclamar contra os odiosos e odientos inimigos de imigrantes que por aí se perfilam e anunciam milícias infames contra gente que apenas quer uma terra onde posa pacificamente trabalhar, viver, criar filhos e esperança. E riqueza, para eles e para a comunidade que deles necessita e os acolhe.