3 (três) apontamentos urgentes
1. A nossa justiça é a pior da Europa? Um pouco de contenção, por favoooor!
A nossa justiça, como o nosso ensino, como a nossa agricultura, como a nossa (minha) função pública reflectem um momento de insegurança e de angústia a que infelizmente, enquanto portugueses somos muito "propênsicos" como se dizia numa rábula televisiva. Saiam um pouco do ninho português, espreitem as outras televisões (inglesa, alemã, italiana, espanhola francesa, estão todas na tv cabo) e depois digam-me o que ouviram. O mal português é chutar para o lado. Uma coisa está mal, mas logo há-de aparecer alguém que em vez de corrigir a coisa, sei lá consertá-la, se põe a falar do sistema... e não conserta. Ou seja somos tacticamente revolucionários e estratégicamente inoperantes. Repugna-nos o reformismo, os pequenos passos, sonhamos com as Índias e nem sequer chegamos às Berlengas.Calma aí, malta: uma coisa de cada vez. Deixem-se do um passo em frente e dois à retaguarda. Isso estava bem como titulo de um folheto de Lenin mas, nos tempos que correm, não é aconselhável. Sejam mais rigorosos e menos exigentes. E não se esqueçam ( não nos esqueçamos, que eu não me ponho de fora) que o combate aos privilégios injustificados começa na nossa casa...
2. A Europa que diz não diz não a quê? Hoje o Vital Moreira (ó Vital desculpa lá eu ter-te chamado "Berlinguer" num conngresso do GIS sobre o Mediterrâneo!) vem dizer com clareza, honradez e farto conhecimento, o que tenho andado por aí a balbuciar em comentários avulsos aos textos dos meus confrades bloguistas, a saber:
a) a "constituição" é (com todos os seus defeitos) um travão ético e jurídico à deriva liberal e selvagem do actual sistema em uso na UE;
b) a "constituição" é o menor denominador comum possível num conjunto de 25 países com histórias e culturas diferenciadas que, vagamente unidos por laços económicos, necessitam de entravar a deriva autoritária da "comissão europeia" e do "conselho de ministros" que decidem sem precisar de uma legitimação do "parlamento europeu". Dar poderes a este é dar poderes aos seus eleitores por muito que isto custe a quem tem do voto uma noção ainda importada das críticas ao "cretinismo parlamentar" de má memória;
c) a recusa desta constituição não promete, sequer deixa adivinhar a aceitação de uma outra mais prudente, mais igualitária, mais democrática mais não sei quê. A recusa desta proposta manda-nos para trás, para o actual estado de coisas e fortalece os egoísmos nacionais, os receios xenófobos e o euro-cepticismo.
3) A Turquia: a Turquia, caríssimo Kilas (o mau da fita?) faz parte do "concerto europeu" desde há cinco séculos. Invadiu-nos. Também os gregos, ora essa! E os húngáros! e os indo-europeus e etc... Veneza para só dar um exemplo esteve em guerra com a Turquia um sem número de vezes. Quem eram os aliados desta última? Pois , duas vezes a França, outras tantas a Austria para não falar das republicas italianas concorrentes... O império latino do oriente soçobrou às mãos da Turquia? Sem dúvida! Como já por duas vezes soçobrara às mãos dos cruzados... E quando deu o último estertor será que algum europeu acorreu a defender os de Constantinopla? Está a ver?
Conheci muitos turcos nas minhas estadias na alemanha. Alguma vez falarei deles. Do seu laicismo... da cervejola bebida embaraçadamente...d a luta pela democracia etc... etc... Claro que na mesma Alemanha ainda se vêm mulheres de lenço negro à cabeça e trajes compridos. As mais velhas, regra geral. O que se não vê é integrismo religioso inflamado, como por exemplo entre algumas (só algumas, hem???) comunidades judaicas na Europa.
4) A Turquia ainda não entrou na Europa, essa península da Ásia como dizia, julgo, Valery. Primeiro há que digerir os que entraram. E os que batem à porta. E nesses estão a Bósnia ou o Kossovo, islamizados e, depois da guerra, vespeiros de integristas.
A gente continua, se quiserem. Mas ao som de Beethoven e Schiller, o autor do poema que ilustra a 9ª sinfonia ( Oh Freude...und so weiter). E ao som da Internacional, também, compadre Esteves, que eu ainda choro quando a ouço L'internationalle sera le genre humain! Humanos, porra, humanos e fraternos, por Deus, por Júpiter, por nós e pelos nossos filhos.
Viram o verde, manos? É que eu também sou portuga. Portuga, europeu e cosmopolita. E gosto!
Vosso, sempre mcr