"Civilização" e "Barbárie". Porque não assinei.
Um tipo qualquer da extrema-direita dinamarquesa faz um boneco em que estigmatiza toda uma comunidade, a de religião muçulmana, apontando-a como bombista/terrorista.
Trata-se de uma manifestação racista e xenófoba, ilícita face ao Código Penal português e às convenções e declarações de direitos do homem, aprovadas ao longo dos anos.
Ao invocar-se neste caso a liberdade de imprensa está-se a abrir caminho para a banalização do racismo e da xenofobia.
Como dizia alguém, discordo do teu ponto de vista, mas bater-me-ei até ao fim para que tenhas liberdade para o exprimires. Mas não me baterei pela liberdade e protestarei por todas as formas contra os que lançam estigmas e anátemas contra outras comunidades. Como os artistas nazis fizeram anos a fio contra os judeus, preparando a opinião pública para o extermínio que se seguiu. Como o faz diariamente a extrema-direita europeia em relação aos emigrados e demais minorias de todas as cores e raças. Se isso é arte e liberdade de imprensa e de criação, é uma uma arte ao serviço da negação do outro, do diferente, fautora de divisões e conflitos sem sentido.
As manifestações contra o “cartoon” deviam ser pacíficas e seguir as vias legais, mas pergunto-me se, com a liberdade de imprensa de Berlusconis e de outros, mais as ideias islamofóbicas que dominam, produziriam algum resultado.
Finalmente, é espantoso como, por causa das manifestações da “rua árabe”, se fala em “barbárie”, em contraste com os valores da nossa “civilização”. Uma “civilização” que lhes faz uma guerra sangrenta, ilegal, declarada através das maiores mentiras e que vem cilindrando uma a uma todas as garantias que há muito se julgavam adquiridas, mas que os senhores da guerra rasgaram em pedaços e que, pelos vistos, não merecem sequer um modesto abaixo-assinado.