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Incursões

Instância de Retemperação.

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“Os portugueses são uns mentirosos”

O meu olhar, 19.03.09

“Os portugueses são uns mentirosos!” – foi com esta expressão que uma emigrante russa, que conheci recentemente, me transmitiu a sua apreciação geral sobre os habitantes deste país. Claro que o adjectivo utilizado é redutor e deve-se ao seu ainda parco vocabulário. No caso concreto, o que ela queria apontar era o hábito dos portugueses de chegarem atrasados. “ Marcam para as nove. Chegam a horas? Mentira. Chegam às 9h 30? Mentira. Chegam às 10 e nem pedem desculpa!” Claro que poderia elucidá-la das “complexidades do trânsito” em Portugal... Não o fiz. Limitei-me a informa-la que não somos todos assim. Até porque ela expressava-se com um ar muito zangado, que impunha respeito.
Curiosamente, no mesmo dia ouvi, na TSF, o Carlos do Carmo contar que um consultor francês tinha-lhe comentado que se os portugueses chegassem todos a horas aos seus compromissos num ano pagavam a dívida externa!...
Aparados os evidentes exageros, quer da emigrante russa, quer do consultor francês, não posso deixar de reforçar esta ideia. Vejamos, por exemplo, o que se passa com as reuniões, essa modalidade de ajuntamento de pessoas que virou epidemia no país, só superada pela moda das rotundas. Nas reuniões somos sistematicamente confrontados com esperas que põem os presentes a marcar passo, enquanto os ausentes não nos brindam com a sua chegada. Estes invocam, invariavelmente, como razão para o seu atraso o facto das reuniões começarem sempre mais tarde do que o marcado. É a velha história da pescadinha de rabo na boca, com a vantagem de ser desculpabilizante para quem se atrasa.
Poderia continuar com exemplos vários, as esperas nos consultórios médicos, nos Tribunais, nas repartições públicas, etc. As coisas nunca começam à hora marcada. Aliás, quando se marca uma reunião ou um evento público, já todos assumiram que aquilo nunca começará antes de volvidos pelo menos 30 minutos sobre a hora marcada.
Se chegássemos a horas ao trabalho e não fizéssemos uns tantos esperar por quem chega atrasado, certamente que não pagaríamos a dívida externa num ano, tanto mais que ela vai crescer este ano desenfreadamente, mas que aumentaríamos fortemente a nossa produtividade, não tenho dúvidas e, por consequência, daríamos um bom contributo para a redução da dívida.
 

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