A entrevista de Manuela Ferreira Leite em que a presidente do PSD se embrulhou na resposta à eventualidade de uma coligação pós-eleitoral PS/PSD abriu a discussão e a reflexão sobre essa possibilidade. O bloco central governou Portugal entre 1983 e 1985, num executivo liderado por Mário Soares e Mota Pinto, depois substituído por Rui Machete. Foi  a consequência das eleições legislativas de 1983, após o fim dos governos da Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM).

Os resultados da política de recuperação económica desse Governo, conduzida pelo ministro Ernâni Lopes, foram muito positivos e contribuíram decisivamente para trazer Portugal para o "pelotão da frente". Foi também nesse período que se concretizou a adesão de Portugal à então CEE.

Para grandes males grandes remédios. Como disse Jorge Sampaio na recente entrevista ao Diário Económico, "pode ser necessário um bloco central para garantir estabilidade". Por mim, prefiro ver o PS coligar-se ou acertar condições de governabilidade com o PSD do que com o BE ou o PCP, caso tal seja necessário. Sem quaisquer dúvidas. E atenção que defender esta solução nada tem a ver com o suposto "bloco central de interesses", que reparte as prebendas do poder, como bem recordou também o ex-presidente Jorge Sampaio.