Estes dias que passam 124

Apostila a olhando para trás ....
Aí se refere que, afinal, o menino já não é tão menino. Tem 15 anos e vários chumbos na carreira escolar.
Parece que a passagem de ano tem o fim de “o manter no sistema”!!! Mais adiante refere-se que não havendo cursos “profissionais” a coisa tem de ser resolvida assim: no sistema! Largas costas tem o sistema, seja ele qual for. É que, acrescentam piedosamente, o rapaz tem de ter a escolaridade básica. Como se vê isso obtém-se de qualquer maneira sem qualquer critério sem esforço algum, sem aprender nada. Daqui a alguns anos, o rapaz, terá a tal “básica” que, no caso dele, será mesmo demasiado básica...
E volta que não volta, fala-se na inexistência de cursos profissionais. Não sei se as iluminadas criaturas se referem às antigas Escolas Técnicas (Escolas Comerciais e Industriais) que partilhavam com os Liceus o ensino dito secundário.
Eu nunca percebi a razão séria do fim desta distinção. Parece que num profundo e revolucionário anseio de democratização do ensino se entendeu que era uma torpeza execrável haver escolas para meninos finos e outras para pobres. Problema que se reolveria facilmente com um sistema adequado de bolsas de estudo...
De modo que acabaram com todas (o que não aconteceu na grande maioria dos países que conheço, onde sobrevivem liceus fascistas e escolas profissionais nazis) e meteram a miudagem toda no mesmo saco. Acabaram com a nobreza de um sistema que durante anos garantiu uma formação profissional excelente e que permitia uma carreira até à Universidade, via Institutos Superiores. Se não estou em erro, o actual Presidente da Republica seguiu esse cursus honorum.
Mas voltemos aos truques legislativos, e não só, desta feia cabidela. Parece que são muitos os alunos repetentes ou assimilados a tal que seguirão por esta “solução remediativa" no dizer sempre inspirado de um Secretario de Estado chamado Valter Lemos. Que, aliás, lamenta “a chaga que são os nossos dados estatísticos”! Claro que a culpa é dos dados...
Há 35.000 alunos em cursos de “cursos de formação educação” que parece ser o caixote do lixo para onde se mandam os alunos com mais de 3 negativas. Nem todos, provavelmente, mas muitos, de certeza. Do que daí sai, népia! São cursos e bonda.
Sairão cidadãos? Sairão profissionais minimamente qualificados ou a coisa serve apenas para entreter até se ter a idade de ir para carrejão, para arrumador de carros, para trabalhador de pá e pica, não falando de outros destinos menos nobres que agora estão na moda e de que os jornais, à falta de melhor pitança, se enchem com notícias negras e tremendas, como se a pátria estivesse á mercê de gangs armados de caçadeiras de canos serrados.
A pátria está mais entregue a malandragem de alto gabarito, educada e com títulos universitários e contas bancárias em vários e ominosos destinos. Um político medíocre mas corrupto, um raider, astucioso e mandante de corrupções, fazem pior, do que dez desgraçados ali da quinta da fonte. Mas essa gentuça não cheira a sovaco, sabe usar medianamente os talheres e anda permanentemente nas revistas do coração ou outras.
Persisto e assino, acabem com estes gabinetes educativos, com estas medidas legislativas excepcionais, criem ou recriem sistemas diferenciados de ensino, punam o desinteresse, incentivem o mérito. Se não sabem, copiem os velhos sistemas que ainda estão em uso em tantos países mais prósperos, mais viáveis e civilizados. E mais felizes. Muito mais felizes.
E crie-se um sistema de responsabilidade civil e criminal para estes irresponsáveis políticos e técnico-políticos que estragam, deterioram, tornam medíocre o que, já com dificuldade, era sofrível. Que brincam com as pessoas e as suas expectativas. Que troçam das pessoas e do seu direito (sim do seu direito) a serem governadas com sabedoria e decência.
* em cima a imagem de um famoso liceu parisiense. Sei bem que, lá, os liceus ssão genericamente frequentados apenas depois da escolaridade obrigatória. Mas sei igualmente que o nível de exigencia é grande, que a disciplina não é brincadeira, que a filosofia se ensina a sério, que um bacalaureat é coisa de encarar com respeito, e que as escolas genericamente estabelecem listas de classificações. E que só se entra em várias com classificações bem altas. Também é verdade que os ex-alunos desses grandes centros de saber têm logo à saída hipóteses agradáveis de trabalho.