Liedson na selecção (portuguesa) de futebol
O avançado brasileiro do Sporting Liedson, que recentemente obteve a nacionalidade portuguesa, foi convocado para representar o país na selecção de futebol que vai disputar encontros decisivos do apuramento para o Mundial 2010. Nada que não se esperasse, após um longo folhetim que envolveu jogador, federação e Governo.
A naturalização de jogadores estrangeiros, que depois representam os países de residência, ocorre um pouco por toda a Europa e em várias modalidades desportivas. Em Portugal, isso já aconteceu nas selecções de andebol, basquetebol e atletismo, por exemplo. Nos primeiros casos porque se procurava colher o ensinamento e a experiência de atletas credenciados com formação em países mais evoluídos, o leste da Europa no caso do andebol e os EUA no caso do basquetebol, no atletismo porque se adoptou e integrou um jovem nigeriano à procura do sucesso, Francis Obikwelu. Critérios sempre discutíveis se virmos para além dos direitos de cidadania obtidos com a naturalização portuguesa. É essa a melhor forma de promover uma política desportiva estruturada? Deve privilegiar-se o resultado imediato ou a formação de base?
É isso que me faz olhar de forma algo diferente para a integração de Liedson, face aos anteriores casos de Deco e Pepe. Estes chegaram à selecção portuguesa de futebol em resultado da sua afirmação no futebol português desde os 17/18 anos, que foi a idade com que chegaram a Portugal oriundos de um obscuro clube brasileiro - Deco para ser cedido pelo Benfica ao Alverca e Pepe para integrar o Marítimo B. As suas qualidades naturais estavam lá, mas foi em Portugal que completaram a sua formação e se afirmaram como jogadores profissionais de futebol.
O caso de Liedson é diferente, já que se transferiu de uma equipa de primeiro plano do futebol brasileiro, o Corinthians, para o Sporting quase a meio da carreira, aos 24/ 25 anos. Era um jogador afirmado e reconhecido e por isso foi contratado como um valor consagrado. Um jogador que nunca foi chamado a representar o seu país de origem e que, agora, aos 31 anos, vai representar Portugal. Confesso que me custa entender, apesar de reconhecer o seu direito administrativo a tal. No entanto, que tenha uma boa horinha e que nos faça sambar...