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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

Au bonheur des Dames 219

d'oliveira, 31.01.10

 Intolevel!

Os direitos dos trabalhadores da TAP, ia dizer dos esforçados trabalhadores da TAP, estão a ser alvo de uma violentíssima repressão que urge denunciar.

Os factos tal qual foram relatados num jornal serão aproximadamente os seguintes: um senhor comandante tomou um avião da TAP (como passageiro) mas ninguém o convidou para ir para a primeira classe, coisa que, ao que parece, ocorre sempre que nesta há lugares e na mais popular há comandantes.

Inconformado com o desprestígio que tal medida discriminatória lhe acarretou, o senhor comandante terá deixado no Facebook algumas observações altamente civilizadas, presume-se, sobre os maus hábitos recentemente adquiridos pela companhia.

Oito ou nove colegas do senhor comandante entenderam dar uma achega às palavras deste e deixaram no mesmo local os seus corteses comentários sobre a prepotência da companhia.

A empresa entretanto, num mesquinho sinal de vingança convocou estes senhores para um curso de formação! Sobre ética!

Convenhamos que se começa a chegar a extremos na guerra social que se trava em Portugal. Um curso de ética para pessoal navegante! Como se este precisasse de lições sobre o tema. E ainda por cima quando, um colega, fora relegado para a classe turística a que o seu bilhete correspondia em vez de executiva, mesmo se como passageiro, ou sobretudo como passageiro, ele tinha o direito de não aturar a gentinha que se apinha nos aviões que por vezes ele pilota!

Gente, notoriamente a soldo da administração da TAP, rosna pelos cantos que o pessoal de voo (mas não só!) paga uma ninharia pelos bilhetes que o resto da população paga a preço de oiro. Mentiras, claro. E que não fossem. Então o pessoal de voo que se arrisca (ao contrario dos passageiros?...), que faz tudo para manter a nave no ar, que tem de dormir em hotéis luxuosos nas escalas, que ganha um salário modesto ou, pelo menos, modesto se o compararmos com o presidente da Microsoft, é ainda obrigado a viajar em turística e a frequentar cursos de ética?

A mesma gentuça de cima, murmura cavilosamente pelos cantos do costume que o curso de formação é para todos (e que seja!) e que em todas as empresas incluindo a TAP sempre houve acções de formação de resto previstas no contrato colectivo.

O pessoal de voo é que não parece disposto a engolir mais esta afronta. A greve está no ar, diz-se. E os aviões, no caso dela ir para a frente, em terra, claro. Para o efeito já houve uma assembleia que, ao saber das ofensas continuadas da administração, já lavrou enérgico protesto. Seguir-se-á para muito breve outra assembleia extraordinária onde se espera que os pilotos lavem, com serenidade e mãos caídas, a afronta. Por outras palavras, nunca uma greve parece ser tão justa e adequada aos tempos que correm, como esta. A TAP tem de aprender a respeitar os comandantes, os sub-comandantes, os vice-sub e todos os restantes sub-sub-sub qualquer coisa. Até que aprenda!

Aos passageiros apeados e aos cidadãos em geral recomenda-se paciência, compreensão pelas justas reivindicações do proletariado aéreo e, last but not least, que pague do seu bolso os prejuízos que seguramente serão importantes. É para isso que existem os paisanos. Se pagam para o BPN, para o BPP, para tudo e para nada por que não pagar para manter no ar a TAP e os seus gloriosos trabalhadores?     

 

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