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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Yin e Yang 1

Castro, 12.05.10



 

No último ano e meio aprendi mais sobre política do que no resto da minha vida. Digo isto porque esta é a "primeira" crise da minha vida adulta. A mais óbvia das conclusões ,a mais prática também, é que tenho que me consciencializar que outras se seguiram. Na política tal como na vida, podemos ver o que valem realmente os nossos políticos e as suas ideologias no  momentos mais difíceis.

 

Outra lição aprendida, foi a de não igualar as minhas esperanças ás de um discurso de um político em campanha, bem como aprendi a afastar-me de dois extremos comuns em Portugal, ou os políticos são os culpados de tudo ou os portugueses têm os políticos que merecem.

 

Tantas lições para chegar onde? Para chegar ao ultimo ano e meio. Quando já não contava ser surpreendido por nada vindo do campo político, eis que se dá o descalabro financeiro, a grande primeira crise do século XXI. Cheio de certezas e convicções, a minha primeira reacção foi a de que num momento de crise de um modelo financeiro "esgotado" (esgotado cada vez mais se torna um ponto de vista com o passar do tempo) viria ao de cima modelos ou ideologias opostas. Estava convencido que essa era única reacção possível, os factos estavam lá, as provas, tudo indicava na minha cabeça que assistíramos a uma viragem a esquerda ou pelo menos a modelos económicos com mais sensatez. Faço uma pausa para se poderem rir.

 

... ... ...

 

Olhando para traz, ou como diz o meu Pai, "se eu soubesse o que sei hoje", também me riria, ou chorava que talvez seja mais apropriado. Assim que apareceram os primeiros sinais da crise estava a espera de ouvir muito mais políticos a dizerem, "nos avisamos" ou "o caminho a seguir é este", esperava realmente uma reacção forte e de preferência em uníssono da esquerda e dos defensores em geral de um sistema financeiro mais regulado. Desilusão total. Senti-me como uma criança ao descobrir que o Pai Natal não existe! Passado o choque inicial, comecei a justificar e desculpar na minha cabeça essas reacções ou a ausência delas. Pensei que tudo não passava de precaução para que a crise não fosse ainda pior e depois de minorada a crise ai sim! Ai actuariam! Ainda bem que estou a esperar sentado.

 

Tudo isto levou-me a duas outras reflexões. Porque tanto medo ou submissão ao modelo financeiro actual, para além do motivo monetário óbvio? Então fez-se luz. Não há culpados! Que melhor modelo financeiro que um em que não temos responsáveis? Um sistema em que vemos os "comentadores" a culparem os "mercados", como se de uma entidade superior se tratasse... Genial! Os modelos económicos de esquerda são sempre mais fracos perante estes modelos de mercado livre, pois no final de contas se algo corre mal temos sempre um e o mesmo culpado para a apontar... o Estado.

 

Com a falta de criticas ou acções por parte da esquerda, tenho vindo a dar por mim a concordar com quem nunca esperei, os verdadeiros defensores do capitalismo e mercado livre! Quem diria. A triste realidade é que são eles que apontam o verdadeiro problema por de trás desta charada. O que dizia uma grande defensora norte-americana deste sistema é simples. A lógica de mercado livre é muito simples. deixa-se o mercado funcionar o que tiver que crescer cresce e o que tiver que falir acaba, por esta mesma razão ela criticava o que se esta a passar porque num mercado verdadeiramente livre todos estes banco e empresas se tivessem que falir, faliam, ponto final. Dizia ela que o que se está a passar é tudo menos um mercado livre, e os que passavam por grandes defensores deste sistema estão agora a viver a custa dos estados e dos seus subsídios. Ora não se pode defender um mercado livre e depois argumentar que há empresas grandes de mais para falir! Não me querendo alongar a encontrar a retórica por detrás desta lógica de mercado viro-me simplesmente para as declarações mais recentes sobre o assunto do eterno Paulo Portas, que resumem muito bem essa lógica. Dizia ele que a solução da esquerda para o mercado é simples. Taxar alto as empresas que funcionam e dão dinheiro e subsidiar as empresas falidas e em problemas.

 

E agora? Que discurso virá? Terão ao menos a lata de mudar de retórica?

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