Espectáculo degradante
O desfecho do caso "Freeport" trouxe à vista de todos o estado em que se encontra a Justiça em Portugal e muito em particular a vertente de investigação a cabo do Ministério Público. Depois de anos e anos de pequisa e de inquirições, tudo culminou com a acusação de tentativa de extorsão a duas pessoas envolvidas no caso.
Não contentes com os elementos - e com os resultados - à sua disposição, os investigadores decidiram atirar a lama para o ar e enumerar uma série de questões que ficaram por colocar ao então ministro José Sócrates e ao então secretário de Estado Pedro Silva Pereira. As questões só não foram colocadas antes...por alegada falta de tempo!
Esta posição dos investigadores "tirou do sério" o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, que decidiu instaurar um inquérito à investigação do Ministério Público. Pedro Silva Pereira reagiu na terça-feira na SIC e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público tomou as dores dos seus filiados e atirou-se ontem a Pinto Monteiro. Uma carta-aberta verdadeiramente inacreditável, por colocar em causa todos os princípios da hierarquia das organizações.
Este clima de guerra aberta no Ministério Público, em que ressalta a defesa de interesses corporativos e um evidente ajuste de contas com o governo socialista, interessa a quem? Não percebem os políticos de todos os partidos que, se nada fizerem, ficarão todos diminuídos perante o "poder" imaculado do Ministério Público? Queremos um Estado controlado por magistrados inimputáveis?
Por mim, defendo uma Justiça forte e actuante, mas não quero ficar refém de justiceiros à solta.