Au Bonheur des Dames 243
melhor a amêndoa do que o sorvete ou palavras para que te quero...
Um rapazinho inteligente e divertido produziu na internet uma paródia das palavras da Sr.ª Ministra da Educação. Convenhamos: é mais interessante a paródia do que o texto parodiado.
Dizendo-o por outras palavras: a Sr.ª Ministra foi de uma infelicidade total na sua alocução ao indigenato local. Ouvindo-a, pareceu-me que ela falava aos peixinhos vermelhos de um aquário de fantasia no seu quartinho de bonecas.
Eu já espero pouco, muito pouco, mesmo, dos senhores ministros e da boa parte da classe política em geral. Todavia, ainda não tinha visto coisa tão redutora como esta. O aluno ganha, e por knockout!
Quando esta senhora arribou à pesada e perigosa nau da Educação, houve, por esse país fora, um frémito de emoção. Escritora (se bem que de histórias juvenis que, para meu pasmo e enorme alegria do editor e das autoras tem enorme êxito de leitores), exterior ao mundillo político-partidário, não precisando da muleta do cargo para nada, esperou-se um golpe de asa, um pouco mais de azul. E eu mesmo esperei sei lá o quê...
E nada disto era difícil: a anterior responsável pela Educação conseguira um autêntico milagre das rosas, transformando em adversários ferozes todos quantos mexiam no pântano das escolas portuguesas. Conseguiu mesmo mobilizar contra ela a mais impressionante multidão que em Portugal se reuniu depois do famoso 1ª de Maio de 1974.
E, num primeiro momento, as coisas pareciam correr de feição: simpática, educada, bem vestida, serena, conseguiu estabelecer umas tréguas com os sindicatos do sector o que lhe daria tempo para propor um outro e diferente pacto na Educação. Porém, isso requeria ideias claras, um projecto viável, uma absoluta demarcação da medonha praga do eduquês da lepra facilitista que atravessa o sistema. Requeria ainda, um forte empenho político do
Governo. Ora, tudo o que se vê é que para o Sr. Primeiro Ministro e respectivos pares, todos formados nessa nebulosa e tosca “moderna escola”, a Educação está bem e recomenda-se. E a Sr.ª Ministra conformou-se, ou já estaria até de acordo.
E vêmo-la passar, passeando o seu distinto spleen pelas escolas que visita, pelos areópagos onde perora, nas entrevistas que amavelmente concede. Fica-se sem saber se a senhora tem alguma ideia ou se se limita a governar o ingovernável, descontentando toda a gente e sossegando os partidários do imobilismo e os tecnocratas da perversa máquina do Ministério da Educação.
Ao ouvir um extracto da paródia do rapazinho, veio-me à cabeça uma ideia terrível: será que ele, investido nas responsabilidades de quem emula, faria pior?