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Incursões

Instância de Retemperação.

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Austeridade ou Indigência?

JSC, 30.09.10

Os mercados exigiram. As altas instâncias europeias reclamaram. O governo anunciou mais um plano de austeridade. O terceiro, da era Sócrates, segundo o DN.

 

De seguida, todos aplaudiram e elogiaram a coragem do Governo, pelas medidas anunciadas, que têm por objectivo “estabilizar as finanças públicas”, que é uma outra forma de dizer, sossegar os mercados financeiros.

 

Confesso que não consigo ver onde está a “coragem” que tantos vêem. O que vejo é uma grande insensibilidade pelas consequências que tais medidas terão sobre a economia real e as pessoas. O que vem a seguir é mais falências, mais desemprego, mais depressão.

 

Bem podem os doutos financeiros da zona euro elogiarem as medidas. Bem podem os conselheiros falantes de Passos Coelho mostrarem alguma preocupação na parte do aumento do IVA. O certo é todos eles confluem para o objectivo final, que é o de fazer passar o Orçamento para 2011, que sobrecarregará os contribuintes com mais impostos e custos fiscais, mais desemprego, sem se vislumbrar uma estratégia de desenvolvimento ou outra que nos mostre um futuro mais favorável, salvo a redução acelerada do défice e a pseudo tranquilidade dos mercados financeiros.

 

É que as medidas anunciadas não só não atacam o essencial, que passaria pela reavaliação da estrutura organizativa do Estado, no seu todo, incluindo o SPE, como vão libertar a PT do ónus das pensões com os seus trabalhadores. É curioso verificar que a PT está disposta a injectar 750 milhões de € para se ver livre do fundo de pensões. O Governo aproveita esta situação, de pânico generalizado, para satisfazer o anseio da PT e arrecadar 2.600 milhões €, que tanto jeito dá para cumprir o objectivo assumido perante Bruxelas. É o que o DN chama tirar o “coelho da cartola”. O problema é que, a médio longo prazo, este negócio só é bom para os accionistas da PT. Se assim não fosse a PT não o faria. 

 

Sobre todas as medidas anunciadas há leituras bem mais fortes e pessimistas, como se pode ler aqui. O que a realidade nos mostra é que, ano após ano, governo após governo, o país tem sido conduzido para um beco de saída cada vez mais estreita. Os planos de austeridade sucedem-se. A economia deixou de funcionar por ciclos. Há anos que assentamos em plano inclinado. De plano de austeridade para plano de austeridade se faz o caminho para a indigência.

 

 

 

 

 

 

 

 

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