O Ranking das Escolas e as Olimpíadas de Física
Não me recordo de se ter dado algum destaque à participação de estudantes portugueses nas XV Olimpíadas Ibero-Americanas de Física e muito menos aos bons resultados obtidos. Nesses dias a noticia e debate, aquelas conversas fiadas inventadas pela TSF, copiadas pela RDP e que agora algumas televisões já seguem, foram em redor do ranking das escolas, colocando ênfase no mau posicionamento das escolas públicas.
Segundo se lê no Público, o bom resultado obtido naquelas jornadas de física foi conseguido por alunos de escolas públicas, o que de algum modo pode contradizer o que jornalistas e comentadores têm andado a dizer.
Acresce que o tal ranking, em meu entender, não vale coisa nenhuma, porque compara o que não tem comparação. Como sabe, as escolas públicas admitem, indiscriminadamente, os alunos das respectivas zonas de influência. Por sua vez, as escolas privadas, designadamente as melhores qualificadas nos ditos rankings, seleccionam os alunos que pretendem admitir, apreciam o seu curriculum escolar como se tratasse de uma candidatura a um emprego, recaindo a decisão na escolha selectiva dos alunos de um estrato social médio alto, com um percurso escolar com melhores notas (que não são necessariamente os mais capazes) e, consequente, a eliminação dos outros, que acabarão por escolher uma escola privada menos selectiva ou a escola pública.
Também por esta razão os meios de comunicação social, designadamente os de serviço público, deveriam ser capazes de separar as coisas, dar o toque distintivo que os tornasse diferentes da ligeireza comentarista que reina no universo da comunicação social e que, qual praga, se transmite às pessoas em geral.