Recado para os Deolinda
Aproveitando a onda das manifs, está em curso a preparação de uma manif em terras lusas, para mostrar que não há uma “geração parva”, “o país é que está a ser parvo”. Confesso que fiquei confundido com a profundidade da coisa. Acredito que milhares de jovens na rua vão conseguir mostrar que não são eles os parvos mas sim o país a que pertencem.
Tudo isto partiu de uma canção dos Deolinda, que muitos elegeram a hino de uma geração, ombreando-a com canções do Zeca, do Sérgio Godinho e do Mário Branco. A tal canção dos Deolinda nada tem de especial, salvo constatar uma realidade, que o pessoal hoje não desampara a loja dos pais, o que mostra que esta geração de parva não tem nada.
Os promotores da manif dizem que são a geração mais qualificada. Acredito que sim. O problema é que muitas das qualificações que têm de pouco servem para o país. Foram fornadas de licenciados em relações públicas, marketing, relações internacionais, estudos europeus, literaturas comparadas, direito, estudos sociais, ciências da natureza, jornalismo, ciências da educação, estudos medievais, filosofia e outros tantos cursos superiores que apesar de fazerem elevar as estatísticas das qualificações académicas, não tinham País nem mercado para tanta competência em domínios tão generalistas e de difícil aplicabilidade.
Entretanto, faltavam os licenciados na área das engenharias tecnológicas, da medicina, da gestão. E porque é que faltavam? Pela simples razão que estes cursos obrigavam a mais trabalho, a dominar as matemáticas, a física, química, a biologia. Será que os Deolinda sabem disso? A geração parva dos Deolinda não o é pelas razões que os Deolinda parecem indicar, antes pelas opções académicas que esses jovens fizeram no seu percurso escolar.