No Pingo Doce os Sindicatos não entram
Há dias, em declarações passadas na TV, sem qualquer comentário crítico, o patrão da Jerónimo Martins, por entre remoques ao primeiro ministro, disse que não entendia como se perdia tanto tempo a debater “a porcaria do aumento do salário mínimo” . Confesso que foi esta parte que me chocou e me levou a colocar, definitivamente, aquele Senhor na lista das pessoas (eticamente) pouco recomendáveis.
Esta notícia do Público mostra os princípios laborais dos patrões do grupo Pingo Doce. Agora percebe-se melhor os lucros de quarenta e tal por cento. Tamanhos lucros só poderiam ter origem em resultados extraordinários (o que parece não ter sido o caso); prática de preços bem acima do aceitável (o que também não é o caso, veja-se a publicidade e a concorrência) ou do pagamento aos trabalhadores bem abaixo do valor justo e aceitável.
É de crer que os lucros milionários obtidos em 2010 resultaram não só de baixos salários, como do silenciamento e esmagamento de qualquer acção reivindicativa.
É por isso que o badalado slogan “No pingo Doce o IVA não entra” deve ser substituído por: “No Pingo Doce os Sindicatos não entram”.