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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Au Bonheur des Dames 278

d'oliveira, 29.04.11

 

 

Verão sem Primavera?

 

 

 

Subitamente, com o FMI & assimilados, o Verão entrou-nos casa adentro.  As chuvas durante os dias de Páscoa foram apenas para tentar dissuadir os indígenas de ir para os alllgarves gastar fiado. Nem assim! Aquilo estava cheio como um ovo ou, pelo menos, a televisão afirmou-o.

 

A crise? Qual crise? A mesma televisão passava um simpático anúncio de um qualquer prestamista que propunha um crédito para férias nas Caraíbas...

 

A lusitanagem adora férias em sítios exóticos. Mesmo tendo aqui praias tão boas e claramente mais em conta. Mas não têm a sedução da lonjura, do resort, das bebidas com rum. Dir-me-ão que o português gosta de viajar. Nada mais falso. O português viaja pouco e mal. Se vai a Cuba evita Havana que troca pelo Varadero. Se cai pela Dominicana, limita-se à praia perto do hotel. Ainda por cima vai com tudo pago e uma escapadela a zonas mais interessantes implica pagar o almoço fora. No México idem a menos que no pacote de férias se inclua uma visita a umas pirâmides próximas, tudo coisa de meio dia de “cultura” em dez de sol, sal e sul. Em cem portugueses que viajaram pela America Latina não há três que saibam seja o que for da história presgressa do pais visitado. Provavelmente nem sabem o nome do presidente ou o do partido no poder. Está tudo dito!

 

Mas voltemos às mini-férias pascoais. O país em peso desandou de casa. “A gente merece”, dizia prazenteiro para a tv um pai de família de ar modesto que algarvava. Os hoteleiros da região assentiam entusiasmados. “eles merecem!” A crise não andava por lá. Devia, também ela, estar de férias algures nas Seicheles.

 

A Páscoa a acabar e o 25 A a festejar. A festejar? Nem tanto, nem tanto... Em Belém houve discursos para substituir os da defunta Assembleia. Um pateta que deputa pelo P.S. entendeu, com a grosseria que traz estampada no rosto balofo, afirmar que o Presidente da República era “foleiro”. Repare-se na distinção do termo. No toque fidalgo do apodo ao mais alto magistrado da Nação. O mesmo que, aliás, para compensar a desatenção da deputadagem (que provavelmente mesmo sem trabalho ainda ganha o seu), entendeu celebrar o dia inicial da vaga democracia que vamos tendo.

 

Parece que delicado e pudoroso o deputado autor do dislate se queixava de não ter sido convidado para o Palácio...

 

Eu, desta criatura, não tenho qualquer recordação do antes do “Vinte e cinco de Abril”. Perguntei e alguém me disse que o homenzinho fazia parte da grande maioria silenciosa (e atenciosa com o Poder vigente na altura). Da maioria que desviava o olhar quando a polícia nos espancava, prendia e maltratava. Da maioria que fazia pela vidinha à sombra dos proclamados benefícios da civilização cristã e ocidental imperante no Portugal do Minho a Timor que defendia os valores nas selvas africanas!...

 

Depois de Abril, o homenzinho viu a luz. Não na estrada de Damasco mas no comboio (em 1ª e de borla) Porto Lisboa, rumo a S Bento. Aí, fincou-se, como a ténia no intestino do P.S. e tomou partido por Gama. Andava sempre atrás do “peixe de águas profundas” pronto a transportar-lhe a pasta e a servir-se de alguma frase do seu pai espiritual. Correu-lhe bem a lisonja e o espírito serviçal e aí o temos de pedra e cal no Parlamento. E já deve estar nas listas “muito positivas” dos socialistas para a próxima jornada. O homem adapta-se a tudo e jurará por Sócrates como jurou pelo agora retirado Gama. Tem flexibilidade e jogo de rins. E é um democrata de sempre...

 

E não foi para as Caraíbas! Ficou cá a aguentar o mau tempo e os maus fígados. E a decepção de não receber um cartão da Presidência a convidá-lo para jantar... não há direito!

 

Desta e doutras sumidades não se ouviu jamais (jamé!!!) um contributo interessante, inovador, atempado, para os problemas da pátria. Se calhar pensam que não é com eles.

 

Um amigo meu zangou-se por só ver um dos quatro Presidentes com um cravo. Nem tanto, pá, nem tanto. O cravo pode não significar nada. O essencial é saber se as pessoas querem ou não (lutando se for caso disso) viver em democracia. O cravo é folclore e, nos dias que correm, pode não indicar a linha de separação das águas.

 

E o FMI & assimilados rondando...

 

O senhor Jerónimo de Sousa não reconhece legitimidade ao FMI. Consta que o FMI está raladíssimo, tristíssimo, confuso. Jerónimo, o bailarino, recusa-lhe a honra de um fox-trot!

 

Jerónimo tem saídas para a crise. Por exemplo, aumentar a produção! De quê?, pergunta-se. Do tremoço, por exemplo, que é óptimo para a cerveja agora que o Verão rebentou violento sem Primavera propiciatória que deve ter passado à clandestinidade por via do deficit e das portagens nas SCUTs.

 

O senhor Coelho (tirado da cartola de quem sabemos) lançou um concurso de ideias para o programa do PPD. Vê-se que, por lá, o deserto de ideias também avança a Passos largos, larguíssimos. A mimosa ideia de cortar as pensões a quem recorrer ao subsídio de desemprego nem aos nazis ocorreu. Portugal sempre original!

 

Eu já não me espanto com nada. Um partido deveria ter ideias e não andar por aí numa pedinchice miserabilista a pescá-las à linha. Ou então, imitava o inefável P.S. que, agora, duma penada, alijou parte da carga do PEC 4. Segundo os jornais, as medidas gravosas para funcionários públicos e pensionistas não constam do programa de governo. Aqui, a pesca não é à linha mas com redes de arrasto! A ver se pega!

 

Entretanto Coelho (tirado da cartola...) continua agarrado, agarradíssimo a Fernando Nobre! A coisa que começou como uma anedota de mau gosto já parece um tiro em todos os pés que a criatura tem. Ainda não percebeu que Nobre, como alguém mais avisado escreveu, é um produto tóxico.

 

(a propósito: leiam o organigrama da ONG de Nobre. É elucidativo. Na Direcção Geral andam seis criaturas de nome Nobre, três de nome Lucas e duas de nome Jorge . No CA os Nobres são quatro em seis pessoas! Das duas uma: ou os Nobre são mais vulgares que os Joaquim, Manuel ou António ou é tudo da mesma família. Está-lhes nos genes a solidariedade...)

 

E o FMI rondando...

 

E o Verão antecipando-se à Primavera...

 

Apetece terminar com um belíssimo título de um romance anunciado Luís de Sttau Monteiro  que nunca apareceu: “Agarra o Verão, Guida, agarra o Verão”