a varapau 17
Eduardo Cintra Torres é uma pessoa estimável mas a obrigatoriedade de encher a página “olho vivo” no Público fá-lo perder a razão. A propósito do caso da jovem agredida em Benfica Cintra Torres entende que os agressores não gozam da presunção de inocência como ocorre com, diz ele, Strauss-Kahn.
Cintra acha que os ricos tem tratamento melhor e que nesse melhor tratamento há a indignação de apoiantes de DSK contra o tratamento mediático que já destruiu definitivamente o político francês.
Cintra esquece que todo o pais viu a agressão barbara e cobarde da garota de Benfica. Que era menor e mais fraca do que as duas matulonas que a pontapeavam quando ela jazia no chão. Aqui, por muito que lhe custe, não há inocência presumida ou presumível. O mesmo, queira ou não queira o furor anti-burguês e anti-capitalista de Cintra, não se pode dizer do caso DSK (cujo alegado crime não foi visto por ninguém e que, por enquanto se resume a uma queixa e uma negação) esteja na mesma onda.
E há mais: se eventualmente se provar a inocência de DSK (que aqui não se alega) nada lhe restituirá o lugar que já perdeu, a candidatura eventualmente vitoriosa à Presidência do seu país. E a honra. E o bom nome.
Há muitos anos, éramos Cintra e eu jovens e cheios de razões, houve em França um crime de violação de uma criança. Rapidamente uma suspeita se levantou contra um pacifico e obeso notário (ou farmacêutico, já não recordo). Durante meses o homem foi acossado, chegou a estar preso preventivamente, e quando finalmente foi inocentado, houve um prestigioso filósofo, cujo nome se oculta por mera piedade, que declarou com empáfia, agora igualada por Cintra, que o homem era culpado porque era “burguês”.
Está tudo dito.
d'Oliveira fecit 27.05.11