O estranho sindicalismo na CP
Não conheço bem as razões para o pessoal da CP ocupar tantos dias com greves. Sabe-se que na CP o que mais há são sindicatos. Um Sindicato opta por convocar uma greve e os comboios param. Depois, outro convoca nova greve e os comboios voltam a parar. É assim a vida da CP. É assim o incómodo dos utentes da CP.
A CP, tal como a TAP, pode parar porque uma categoria profissional decide fazer uma greve. Isto é uma coisa que não tem grande sentido. Mas é assim. Mesmo que a maioria dos trabalhadores da CP discordem da greve, basta que um grupo profissional a convoque para tudo parar. E quem discordar bem pode passar por ser um grandessíssimo reaccionário porque, dirão, a greve é um direito sagrado.
Apesar de também reconhecer o inalienável direito à greve, discordo destas greves flutuantes da CP. Só uma vez ousei discordar de uma greve. Era uma greve promovida por quadros superiores e dirigentes. O resultado foi o meu saneamento, decidido, por braço no ar, num plenário animado por quadros superiores e dirigentes.
Sem risco de voltar a ser saneado, discordo das greves anunciadas por estes três Sindicados da CP – SNTSF, SMAQ, SFRCI – não por alguma razão especial, apenas porque não concordo com greves festivaleiras. Um Sindicato não é uma Comissão de Festas nem uma organização de fins-de-semana prolongados.
Aqueles sindicatos têm greves marcadas para o mês de Junho, que continuarão a assegurar fins de semana de 3 dias. Marcaram greves para a véspera do feriado nacional de 10 de Junho e para a véspera de feriados locais associados aos festejos dos santos populares e outros, designadamente, a 13, 23 e 24 de Junho.
Os sindicatos da CP estão a dar uma péssima imagem do sindicalismo. Pior, estão a criar os argumentos para que alguém apareça a cercear o direito à greve.