As águas turvas do Programa do Psd
A privatização da Águas de Portugal (AdP) é uma das propostas do programa do PSD. Nenhum país da Europa, excepto a Inglaterra, privatizou o seu sistema de águas. Aliás, ao nível mundial são raros os países que o fizeram. E compreende-se bem porquê. Para além da água ser um factor de vida imprescindível, a previsível diminuição das reservas devido, entre outros factores, ao agudizar das secas, leva a que esta seja uma questão essencial no nosso século. A escassez já é factor de tensão social em muitos países mas, num futuro que poderá não ser longínquo, essa realidade estará presente nos países ditos desenvolvidos, nomeadamente no Sul da Europa onde o aumento da zonas de seca é galopante.
É impensável depositar nas mãos dos privados um bem público de sobrevivência. E não me falem que a gestão privada seria melhor porque baixaria os custos de exploração e de distribuição. Não é verdade e os exemplos de concessão estão a aí para mostrar que os consumidores acabam por pagar mais. Mas essa não é a questão mais importante. O que é essencial é a gestão de crises, a gestão do futuro. O objectivo dos privados é naturalmente, e bem, obter o máximo lucro. Ora a água não deve entrar nessa lógica. O objectivo tem que ser outro: o serviço público que assegura o acesso igualitário.
É, para mim, uma leviandade a privatização da Águas de Portugal.
Qual o verdadeiro objectivo a atingir com essa privatização? Essa privatização pode interessar a alguns grupos empresarias por se tratar de uma gigantesca oportunidade de negócio e porque estamos a falar de um monopólio e de um bem essencial. Não interessa seguramente ao nosso País.