estes dias que passam 230
Uma derrota? Nem isso: uma mera verificação...
Confesso que gostaria de averbar as duas violentas derrotas de Fernando Nobre na conta de lucros e perdas do senhor Primeiro Ministro. Ao fim e ao cabo, foi ele quem foi desinquietar a criatura e quem, num alarde de tolice e mau cálculo, o fez candidato.
Mas não, mesmo com grande pena minha (temperada pelas gargalhadas ao saber dos infortúnios de Nobre – até as gatas se rebolaram no maple que indevidamente ocupam) não é possível. Nobre é como Sócrates: sofre de uma rejeição visceral e generalizada. A criatura foi petulante quando aceitou candidatar-se e imprudente quando afirmou que se não o elegessem presidente do parlamento iria embora, batendo a porta.
Não se deve excitar a populaça mesmo se, como é o caso, se trate de um ajuntamento variegado de putativos pais e mães da pátria.
O dr Nobre ainda não percebeu que a sua efémera fama politica como candidato à outra presidência – a da República – foi construída por uns cavalheiros que não lhe queriam bem nenhum. Tratava-se de aproveitar o primeiro inocente plausível para barrar o caminho a Manuel Alegre, para lhe roubar o máximo de votos, sob a surpreendente e refalsada afirmação de que Nobre era de Esquerda!
Conhecem-se os mentores declarados (e também os ocultos) desta manobra de baixa politica, de politica politiqueira. Conhecem-se as suas declaradas intenções e, mais ainda, as outras, as contrabandeadas, os ecos do mau perder, os arrufos, os odiozinhos de estimação que estão na origem da súbita revelação de Nobre aos três pastorinhos.
Marcelo Rebelo de Sousa, que não é flor que se cheire, mesmo se, agora, se apresenta desprendida e didacticamente como um inocente e independente comentador politico, bem que deu ontem uma ajuda a Nobre. Não era o seu candidato mas que diabo, é uso, na AR, votar o proposto pela maioria, são faltam oito votos, vá lá, façam o jeito, não à primeira mas à segunda volta, já aconteceu mais vezes , blá, blá, blá...
Desta vez, ainda não sei se haverá terceira volta, o galo não cantou. Os senhores deputados e as senhoras deputadas não se comoveram. Em termos simples nem sequer o PPD votou todo nele. Todavia, com é possível pensar que algum centrista e algum socialista (dos que, in imo pectore, o apoiaram para a campanha anti-Alegre também lhe deu o ámen, temos que no PPD a divisão é ainda maior.
A mim, o que me espanta, é ainda não ter ouvido Nobre (são mais de 18.15) anunciar a desistência. O homem teve ainda menos votos à segunda volta do que à primeira. Para vergonha (ou para quem a sente) já basta.
A CG veio tilintante anunciar que Nobre vai aparecer. Espero por ele que seja para dizer que já chega.
......
Fernando Nobre lá desistiu. Todavia, quando se esperava que dissesse adeus ao Parlamento, ei-lo que, qual cordeiro sacrificial, afinal entende permanecer nessa casa que o não quis como presidente. É com ele. Ele lá sabe. Começa mal, portanto. Como aliás aqui já escrevi, a criatura não merece tanto palco. Sequer um post. Mas que querem? Falta-me assunto, falta-me inspiração e, como naquela genial peça de Eça, oiço as botas do moço da tipografia a chiar no corredor.
Pensei, em homenagem ao “pobre homem da Póvoa do Varzim”, espancar (metaforicamente, só metaforicamente...) o bey de Tunes. Mas Tunes felizmente já não tem bey e não me parece que deva citar os beys de Damasco ou de Tripoli. Um par de bandidos daquele jaez merecem nota bem menos bem disposta do que esta mera galhofa.
Foi por isso, só por isso que, “pobre homem de Buarcos”, e sem pedir meças a quem quer que seja, tive de recorrer ao dr Nobre. Coitado! Enganado por alguma Esquerda, toureado por outra tanta, e agora abandonado pela Direita. O pobre homem não tem lugar. Até parece que estamos a jogar aos quatro cantinhos e ele, o desinfeliz, não arranja cadeira onde acolher-se. Deve ser por isso que sempre fica na Assembleia...