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Incursões

Instância de Retemperação.

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Assis e Seguro (I)

José Carlos Pereira, 13.07.11

Quando falta pouco mais de uma semana para as eleições internas no PS, e depois do único debate público entre Francisco Assis e António José Seguro, é chegado o momento de reflectir sobre essas duas candidaturas e sobre o que ambos podem dar ao PS e ao país.

Antes de me pronunciar sobre as candidaturas de Francisco Assis e de António José Seguro à liderança do PS convém deixar registada uma breve declaração de interesses: conheço Assis há largos anos. Fomos contemporâneos na Faculdade de Letras do Porto, Assis está familiarmente ligado à minha terra, Marco de Canaveses, temos amigos comuns e já partilhámos alguns momentos de convívio. Politicamente, foi Assis quem apresentou publicamente a minha candidatura como cabeça de lista do PS à Assembleia Municipal de Marco de Canaveses, em 2005, era ele então presidente da Distrital do Porto, e foi a seu convite que me desloquei ao Parlamento Europeu em 2006.

Em termos de percurso pessoal e político, Assis e Seguro distinguem-se. Seguro fez o seu caminho na “jota” até à respectiva liderança (ao mesmo tempo que Passos Coelho presidia à JSD), teve o prémio de ser deputado e, logo que o PS chegou ao Governo com Guterres, subiu a secretário de Estado. Na fase final desse mandato foi para deputado europeu, mas regressou no estertor do guterrismo para ser ministro-adjunto. Formou-se tardiamente em Relações Internacionais e teve experiências autárquicas nas Assembleias Municipais de Gouveia e de Penamacor, tendo presidido a esta última por pouco tempo. É deputado desde 2002, foi líder parlamentar, sendo sucessivamente eleito para os órgãos nacionais do partido. Nos últimos anos foi deixando, aqui e ali, pequenos sinais de distanciamento face à liderança de Sócrates, mais por omissão do que por acção. Diria que se foi preparando, na sombra, para esta candidatura, tecendo as cumplicidades que um homem do aparelho gosta de manter com as estruturas intermédias, com os autarcas e os inúmeros “boys” que sempre rondam os partidos. No último congresso do PS entrou mudo e saiu calado e fez questão de o afirmar!

Francisco Assis formou-se em Filosofia e tornou-se quase logo presidente da Câmara de Amarante, em 1989, com reeleição em 1993. Não frequentou as “jotas”, mas foi eleito deputado em 1995, com cerca de 30 anos, sendo um dos mais novos e duradouros líderes parlamentares em Portugal. Manteve sempre uma forte presença autárquica e em 1997 foi eleito presidente da Assembleia Municipal de Amarante. Em 2001 concorreu à Assembleia Municipal de Marco de Canaveses, num contexto muito particular, que valeu sobretudo pelo gesto de desafio ao autocrático Avelino Ferreira Torres. Em 2005, concorreu à Câmara do Porto, num outro combate difícil, tendo ficado a liderar a oposição a Rui Rio durante todo o mandato. Em 2004 tinha sido eleito deputado europeu e aí se manteve até ser convidado, em 2009, para vir de novo liderar a bancada parlamentar. Como líder distrital do PS, não receou combater o favorito Rui Rio na Câmara do Porto e teve a coragem de travar o populismo de Fátima Felgueiras, num episódio que ficou nos anais da democracia partidária em Portugal. Como líder parlamentar teve uma prestação de grande solidariedade com o partido e com o Governo do PS. Com Sócrates tal como tinha sucedido com Guterres.

 

(continua)

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