Os banhos do Senhor Presidente
Voltei a cruzar-me nestas férias com o Senhor Presidente da República nas areias do Algarve, mais precisamente na praia do Barranco das Belharucas, junto a Olhos de Água. Por duas vezes vi Aníbal e Maria Cavaco Silva entrarem nas águas tépidas acompanhados de dois seguranças travestidos de banhistas. Um homem junto de Aníbal e uma mulher junto de Maria. No areal ficava o chefe da segurança com um saquinho à cintura, cujo recheio se adivinhava. Na hora da caminhada pela praia, o casal presidencial era seguido pelos dois seguranças-banhistas e o chefe da segurança acompanhava à distância o andamento do quarteto, pelo meio do areal. No fim do dia, duas viaturas topo de gama recolhiam a comitiva presidencial a banhos.
O mais alto magistrado da Nação deve ser protegido e defendido de eventuais incómodos, sobre isso não há a mínima dúvida, mas já me parece um claro exagero mobilizar tantos meios de segurança para que o Senhor Presidente da República possa banhar-se no Algarve. Comparado com o que vi há uns anos na mesma praia, com os mesmos protagonistas, houve um claro reforço de meios de protecção do Presidente. Por que seria? Receio dos reflexos da crise no comportamento dos portugueses?
Ora, Portugal é um país de brandos costumes e a presença de Cavaco Silva na praia passou indiferente à quase totalidade dos veraneantes. Aliás, com aqueles barrancos e arribas sobre a praia, de que valeriam os seguranças se alguém quisesse atingi-lo?
Das idas de Cavaco Silva à praia, situada a alguns quilómetros da sua casa na praia da Coelha, sobrou-me ainda uma curiosidade: quem terá pago o toldo na praia? A Presidência da República ou a família Cavaco Silva?