estes dias que passam 261
Antes que me crucifiquem definitivamente
Nos dias em que a excelente D Eugénia não vem cá a casa, entendemos (a CG e eu) não perder tempo em preparativos demorados (e dispendiosos) de refeições. Descobrimos que, em muitos casos, é mais barato ir buscar uma refeição a um restaurante próximo (que poderá ou não ser complementada pela sopa feita pela nossa amável empregada a dias). Hoje mesmo fui por uns maravilhosos “jaquinzinhos com arroz de penca”. A coisa ficou por 13,5€. E comemos à fartazana. E sobrou. Vai ser esse o meu jantar enquanto a CG se governa por outro qualquer manjar. Três refeições! Eu (como sabem os que me conhecem) dou-lhe forte e feio. A barriga de seis meses que ostento é a prova provada do meu excelente apetite. A CG é de dias. Genericamente come pouco. Ela diz, verrinosamente, que come o suficiente, numa alusão pérfida que não mereço.
Tudo isto vem à baila porque, contra um velho costume, aceitei ser entrtevistado por uma criatura da TVI que andava a saber coisas sobre o aumento do IVA. Falei uns bons cinco minutos, dizendo-lhe em substância que tal aumento era sentido por qualquer um. Mais por uma grande maioria de concidadãos e talvez um pouco menos por mim que, felizmente, terei os meios correspondentes a uma exígua fatia de 10/15% da população. Mais disse, que no caso em apreço o aumento do IVA não era especialmente gravoso para mim dado o tempo ganho e o custo que os mesmos carapaus (fresquíssimos e bem fritos) e o arrozinho significariam. Ninguém gosta de comer restos mas que remédio temos quando comemos em casa? Ou seja, continuo a pensar que a refeição comprada (uma dose que dá para três) é um bom negocio para quem pode. Foi isso que disse à criatura e que me permitiu dizer que continuaria, nestes contados casos, a ir buscar comida. A versão televisiva mostrou um mcr engravatado a dizer secamente que o aumento não lhe modificaria de modo algum os seus hábitos de comer fora!
Tenho por mim, que esta maneira de fazer entrevistas é merdosa, mal intencionada, mentirosa e indigna de um qualquer profissional.Pelos vistos é o que está a dar. A procura do pequeno escândalo, da declaração forte fez com que uma declaração de solidariedade com os mais desprotegidos e a explicação das razões da minha compra aparecessem como um frio desafio à crise. A gravatinha deve ter ajudado.
Se é assim que a TVI prepara as suas reportagens de rua, estamos conversados. Pela minha parte, como diria alguém, fiquei esclarecido. E estarrecido. Não tinha grande opinião daquela gentinha e a partir de hoje as minhas já escassas expectativas quanto à seriedade dos processos deles baixou ainda mais.
*á conta deste malfadado aparecimento televisivo recebi 3 telefonemas (atendi um, o primeiro)todos -suponho - a gozar...
A imagem mostra um arroz de tomate e não de penca que, juro, não fica atrás do citado.