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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Um governo cada vez mais só e desamparado!

JSC, 01.03.12

Depois do famoso discurso em que Passos Coelho teorizou sobre o “desvio (com umas palavras pelo meio) colossal” e que serviu para Vítor Gaspar fazer aquele memorável número de fazer cair as palavras do meio e dar “desvio colossal”, desde então, os governantes não voltaram a enfatizar o desvio nem chegaram a apresentar a sua quantificação.


Sucedeu que ontem Passos Coelho, provavelmente acossado com os que o criticam por somar mais austeridade à austeridade imposta pela Troika, veio retomar a ideia de que a situação que encontrou “era pior do que dizia o anterior governo”. Um pouco na mesma linha, Vítor Gaspar tinha acabado de dizer que toda esta austeridade visava não ter que se aplicar uma “austeridade descontrolada”.


Bem pode o primeiro ministro e o seu ministro estrangeirado repescar essas ideias, apesar do PSD ter conhecido e acompanhado a negociação com a Troika, cujo documento assinou, bem podem procurar álibis e sacudir a água do capote, é que as políticas seguidas, a dimensão da pobreza que estão a gerar e a ausência de quaisquer expectativas de um futuro melhor, estão a deixá-los cada vez mais isolados.


Cavaco Silva, em entrevista à TSF, não podia ser mais contundente com o Governo, quando diz que é "impossível impor mais austeridade" a um conjunto de portugueses mais vulneráveis, "a que agora se chama novos pobres" e "as medidas não têm em conta as especificidades" dos grupos sociais atingidos por elas.


Por sua vez, o novo chefe da missão do FMI para Portugal, numa entrevista publicada no Jornal de Negócios de hoje, afirma que “se a solução for só cortes e mais cortes então não vai funcionar”,  o que não deixa de constituir uma forte crítica à ausência de medidas económicas com impacto na criação/manutenção do emprego.


Numa manobra conjuntural, provavelmente desencadeada pelo desespero em que caíram, o Governo ordenou ao IEFP para chamar 93 mil desempregados que, de imediato, serão forçados a ir para formação, com o objectivo óbvio de melhorar as estatísticas do emprego. Com este Programa de Mascarar as Estatísticas do Emprego o Governo pode, em cada semestre, fazer rodar pela tal formação cerca de 100 mil desempregados, o que terá um efeito notável na diminuição da taxa de desemprego e um efeito nulo na economia.


Melhor, o efeito na economia até pode ser bem negativo. O dinheiro que o Governo vai afectar a esta pseudo formação vai retirá-lo dos fundos que deveriam financiar programas de formação com retorno.