O espelho grego
Os gregos até seguiram os ditames dos mandantes externos. Assustaram-nos e eles votaram nos mesmos de sempre, em menor número, mas lá deram o poder a quem os conduziu para o empobrecimento em grande escala.
Nos últimos anos os gregos têm suportado todas as políticas de austeridade que lhe têm sido impostas pela troika que lhes calhou em sorte. Apesar disso, apesar de alinharem com os agiotas internacionais, os gregos estão em vias de ser abandonados.
O Fundo Monetário Internacional equaciona acabar com as “ajudas” financeiras à Grécia. Por sua vez, o Ministro da Economia alemão, diz que a saída da Grécia da zona euro, "deixou de ser assustador há muito tempo”.
O ministro da economia alemão não podia ser mais explícito. O “há muito tempo”, quer dizer a partir do momento em que os bancos alemães se libertaram da dívida grega. Agora que os bancos alemães estão a salvo da derrocada grega, os gregos podem ir ao fundo, com o pretexto de que não querem aplicar mais austeridade sobre a austeridade.
O caso grego é o melhor espelho que se pode ter para ver o reflexo do que nos vais suceder. O FMI quer que se reduza a TSU e que se aumente o IVA e outros impostos para compensar a perda de receita com a redução da TSU. Se o governo aplicar esta medida, logo o FMI inventará uma outra. A política de austeridade não tem fim. Entretanto, tal como sucedeu na Grécia, os bancos alemães e os grandes bancos europeus vão-se libertando da exposição à dívida portuguesa. Quando o seu risco for nulo, lá virá o FMI e o ministro da economia alemão anunciar que “a saída de Portugal do euro deixou de ser assustadora há muito tempo”.
Nessa altura, Vitor Gaspar regressa às altas estâncias europeias. O ministro Álvaro regressa a Vancouver. O pessoal é que terá que ficar por cá para eleger as alternativas do costume e seguir o destino dos gregos.