o gato que pesca 2
também queremos cumprimentar o dr. José António Barreiros
Mas reparo agora que ainda não nos apresentámos. Como é sabido o nosso antecessor, paz à sua alma lutadora, morreu devido a uma doença fulminante. Causando um grande desgosto nos nossos hospedeiros. O mcr ainda o levou ao veterinário mas já nada se podia fazer. Eu estava lá muito quieta ao pé de um caixote metálico. A veterinária disse-lhe que eu já tinha mais de dois meses e que precisava de uma casa. No dia seguinte uma CG chorosa foi visitar-me e adoptou-me. Depois, mas isso é outra história, arranjaram-me uma parceira para brincar e viemos as duas para esta casa.
Hoje sou eu quem dita a crónica e a assina. Chamo-me Kiki de Montparnasse (Correia Ribeiro). O mcr diz que essa Kiki deu muito que falar durante os loucos anos vinte, foi modelo e musa de tudo quanto era surrealista, cubista, dadaísta sei lá o que mais. E escreveu um livro. Prefaciado pelo Hemingway, se fazem favor! Está publicado pela “José Corti” a editora que funciona na rua de Medicis mesmo em frente ao Luxemburgo. O mcr jura que ainda há de viver nessa rua!!! É bom que se apresse porque não vai para novo.
A minha partner chama-se Ingrid Bergman de Andrade e ditará a próxima crónica. Previno-vos já que ela é loira... e muito nova. Deve ter mês e meio o que explicará algumas confusões.
Todavia hoje, as duas queremos mandar um abraço ao dr. José António Barreiros brilhantemente eleito para o Conselho Superior da Ordem dos Advogados. Às vezes os humanos, juristas incluídos, têm um ataque de bom senso.
O mesmo bom senso que faltou à direcção do “Público” que ontem se esbarrondou com aquela notícia da vitória do Chavez na Venezuela. As desculpas ainda foram piores do que a notícia apressada e em cima do joelho. Aqueles inocentinhos da direcção editorial vieram dizer que todas as sondagens davam vantagem ao golpe de Estado constitucional (?) o que é esquisito porque o nosso hospedeiro ouviu noticiários da TV5, da TVE, da RAI 1 e da CNN que diziam exactamente o contrario...
O mesmo bom senso que volta a faltar aos dos Ministério dos Negócios Estrangeiros que insistem em esquecer que a política sem ética pode ser “real” mas é boçal. Um deles (nem vale a pena citar-lhe o nome porque aquela gente é toda fungível) até acha o Mugabe um tipo detestável mas... E neste mas vai um rio de indigência política e ética. Isto para não falar na pobre ideia que têm da grandiosidade da conferência... em Portugal esperam-se sempre novos milagres de Ourique de todo e qualquer evento. Foi assim que alugaram barcos para acolher visitantes numa Exposição em Lisboa que foi um fracasso de público. Como o foi o Porto capital cultural, os estádios que estão ás moscas mas que todos (gatas incluídas) pagámos etc, etc...
Neste capítulo de pagamentos o Porto leva a palma. Fez-se um edifício transparente que nunca ninguém soube para que servia. Ao fim de anos sem uso, concessionaram aquilo a meia dúzia de lojas e empresas de “eventos” tudo muito pobrete, muito tristonho com uma transparência que rima com indecência e pouca paciência para ver o que se faz dos dinheiros públicos.
Quando os humanos são cegos precisam de uma gatinha para os fazer ver.
na gravura: a Rue du chat qui pêche em Paris (5).