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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 292

d'oliveira, 05.12.12

Despesas públicas, ganhos privados

Circula por aí um número misterioso sobre custos da educação não universitária. Que as escolas públicas ficariam mais caras que as privadas! Mistério? Nem tanto: Parece que enquanto nas escolas públicas caem alunos com necessidades educativas especiais, nas privadas que as concorrem, por vezes sem se perceber a que título recebem ajudas do Estado, não aparecem tais crianças. Milagre da santinha da Ladeira. E ajudado por uma série de cavalheiros que vão desde ex-secretários de Estado da Educação dos governos Guterres, Durão, Santana a ex-directores gerais e outra fauna do mesmo tipo e género.

Entretanto, a  TVI difundiu uma terrível reportagem que põe em muito mau estado as instituições do Estado (a que isto chegou)  que favorecem miseravelmente esta gentinha.

Professores obrigados (perdão voluntários, generosos e abnegados) a servir cafés, fazer a contabilidade interna ou pintar paredes! Esta última coisa foi referida por um dos directores de um desses estabelecimentos como uma ideia de “aformosear” o ambiente de trabalho. E de ajudar a comunidade. E…e…

Também se falou na traficância de notas, imposta pelas direcções de colégios para "melhorar". ou não piorar. a imagem dos estabelecimentos,  nas pressões nas Direcções Regionais de Educação que, no caso da DREL, até dão mais turmas aos colégios sitos nas Caldas da Rainha do que ao estabelecimento público local que tem 29 turmas quando poderia ter 45!

 

Ouvir as criaturas de um tal grupo GPS, proprietário de um quarteirão de colégios espalhados pelo país, foi dos exercícios mais penosos que me couberam. Mesmo tendo sido aluno de colégios (e de liceus convém acrescentar) nunca tinha visto uma argumentação tão bizarra (e uso este adjectivo para não empregar algum palavrão, imperioso e porventura insuficiente) quanto a que foi usada pelos cavalheiros do grupo.

Sou absolutamente a favor do ensino público o que não significa que proíba o outro. Apenas penso que o Estado não tem de ajudar as empresas privadas de ensino salvo se estas estejam implantadas em zonas claramente desprovidas de escola pública. Escolas que devem obedecer às regras severas do “público”. E que devem ser inspeccionadas com exigência e rigor. 

E deveriam ser igualmente auditados esses cavalheiros que deputando na AR lá se vão encostando ao referido grupo na qualidade de "consultor externo" ou outra balivérnia no género. Chamem-se eles Pereira Coelho ou José Junqueiro, não esquecendo um tal Canavarro,  ex-secretário de Estado já nem sei se do PS ou do PPD.

Também não deixa de ser curioso que um alto funcionário, o Inspector Geral da Educação só dê sinal de vida no dia da transmissão da reportagem. Tendo-lhe sido pedida pela TVI uma entrevista durante as últimas semanas, Sª Exª remeteu-se a um espesso silêncio (que nunca é de oiro) até hoje, altura em que acordando de um merecido sono, veio apressadamente informar que mandara a Inspecção fazer o que, em boa teoria, deveria ter sido feito há longo tempo.

Não sou adepto de postar sobre acontecimentos assim tão concretos mas desafio os leitores a estarem atentos a esta saga. Aceitam-se apostas sobre o destino desta iniciativa tardia mas necessária. Alguém vai ser apanhado?

 

Em tempo. Só para o primeiro semestre do ano passado o Estado desembolsou 52 milhões (repito milhões!) de euros. Para este grupo!