Minority Report
Moedas à parte, o relatório do FMI parece reunir uma rara unanimidade: a conclusão de que os autores do relatório não conhecem a realidade económico-social do país e não percebem o alcance das consequências de um corte como o que foi proposto. Com certeza que é necessário reduzir a despesa, como já muitas vezes defendi, mas não é reunindo à volta de uma mesa uns economistas do FMI, desconhecedores do Portugal profundo, que chegaremos às medidas adequadas. Muitas das medidas propostas são impossíveis de aplicar no Portugal de hoje. Lobo Xavier, aliás, acaba de vincar na SIC Notícias que esta não pode ser a base de uma discussão séria e serena sobre o assunto. Nem mais.
Deixo aqui as palavras de Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social e antigo ministro do PSD, que resumem tudo:
"Se eu tivesse encomendado um estudo a alguma entidade que depois me apresentasse estas soluções, aconselhá-la-ia apenas a mudar de vida. As medidas propostas pelos peritos do FMI são inexequíveis e pouco sensatas, para não dizer completamente insensatas.
O relatório analisa o impacto social das medidas no país? não. Por isso, para mim, não vale nada. é um disparate. Cortar quatro mil milhões de forma cega qualquer um corta. Não é disso que Portugal precisa neste momento.
Quero acreditar em todas as declarações que vários ministros do Governo foram entretanto proferindo, dizendo que o relatório não é vinculativo e que o que lá está apresentado não será aplicado. Mas só nos resta aguardar para ver o que vai acontecer".