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Incursões

Instância de Retemperação.

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Uma discussão enviesada

José Carlos Pereira, 15.01.13

O país encontra-se mergulhado num clima de dúvidas e incertezas, que acaba por ser exacerbado pelo comportamento errante da classe política dirigente. O Governo, por não saber como deitar mãos ao corte de quatro mil milhões na despesa pública, esconde-se por detrás de relatórios de entidades internacionais, como o FMI e a OCDE, esperando que sejam esses economistas estrangeiros a dizer-nos de que Estado é que Portugal precisa. O caricato é que os jornais de hoje até já antecipam o que a OCDE vai defender, mesmo antes de lhe ter sido encomendado o trabalho…

Incapaz de construir um diálogo frutuoso com o principal partido da oposição e com os parceiros sociais, o Governo usa esses relatórios como forma de pressão sobre o PS e a UGT, nomeadamente, escapando-lhe que, com esse comportamento, esgota qualquer possibilidade de compromisso para encetar as reformas necessárias e inadiáveis.

Como se este quadro não fosse suficiente, o PS dá uma ajuda na atrapalhação e, a propósito da reforma ou extinção da ADSE, consegue dizer uma coisa e o seu contrário. O responsável por acompanhar a área da saúde no secretariado defende a extinção da ADSE, o líder parlamentar diz que não senhor, socialistas com responsabilidades na área, como António Arnaut e Correia de Campos, dizem que é necessário reformular esse subsistema e António José Seguro vê-se obrigado a vir a terreiro serenar ânimos. Já José Lello, sempre atento “à mercearia”, recorda que a maioria dos funcionários públicos vota no PS, pelo que é necessário cautela com as reformas…

É hoje evidente que o país não tem condições para suportar uma miríade de subsistemas e regalias que algumas classes profissionais foram conquistando ao longo dos anos, levando a despesa pública para níveis incomportáveis. Olhe-se então de frente e sem preconceitos para aquilo que o Estado pode proporcionar aos cidadãos com o nível de impostos que estes estão disponíveis para pagar. Depois é fazer as contas, como dizia Guterres. Preferencialmente num clima sereno, com diálogo e reflexão, envolvendo e responsabilizando Governo, oposição e parceiros sociais. Sem correrias e tiros para o ar, até porque a meta ainda está longe…

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