Dar-se ao (des)respeito
No “Expresso” desta semana, o director-adjunto João Garcia interrogava-se sobre a ética no relacionamento entre os agentes políticos e um dos exemplos que usava era o da candidatura de João Cordeiro, até aqui o todo-poderoso líder da Associação Nacional das Farmácias (ANF), à presidência da Câmara de Cascais pelo PS. Isto depois de ter travado lutas desbragadas contra Ferro Rodrigues, José Sócrates e os governos socialistas, quando estes tomaram medidas que punham em causa o poderio das farmácias e da ANF na política do medicamento.
De facto, custa a compreender como é que o PS se lembrou de convidar João Cordeiro para as suas listas, mas talvez os senhores da Concelhia de Cascais tenham concluído que o senhor era um bom trunfo eleitoral e, vai daí, toca a relevar o que se passou e a procurar vida nova.
É assim que os partidos perdem credibilidade aos olhos dos eleitores e perdem o respeito por si próprios. E as lideranças que são coniventes com estas atitudes, abdicando de princípios básicos acabam por pagar um preço elevado por isso. Mais cedo ou mais tarde, com mais ou menos "linhas vermelhas"…