D iário Político 184
O jornalista João Miguel Tavares assina no Público uma crónica sobre o assassínio de um estudante que tentou defender os cofres da Queima das fitas do Porto.
Mesmo assim, a festa finalístico-alcoólica continuou como se nada fosse. Parece que pará-la por uns momentos, máxime um dia, custaria uma dinheirama preta.
E depois, ao que alegam uns alegres beberrões, o morto era “praxista” e choraria de alegria ao saber que lhe festejam o trágico passamento com hectolitros de carrascão, cerveja e anónimos shots.
O jornalista, e bem!, pergunta-se que gentinha é esta que bebe para festejar um luto como ocorreria “entre os bosquímanos do Kalahari”-
Não tenho procuração para falar em nome dos povos Koisan, assim se chama às etnias Guy e Gana que constituem, no essencial, o grupo que habita aquelas inóspitas paragens.
Posso, porque já li umas coisinhas sobre eles, afirmar que se algum membro do clã lhes morresse em semelhante circunstância não se arrastariam bêbados como carros pelas dunas do deserto.
Há nesta gente primordial e anterior a todas as restantes populações africanas um sentido da vida, da ética e da moral que felizmente os distinguem a léguas de distância da avinhada estudantada portuense que queima fitas energia e solidariedade a jactos de aguardente ou similares.