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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Amnistia Internacional

mochoatento, 29.12.04
Li hoje a última informação (1º semestre de 2004) da Secção Portuguesa da Amnistia Internacional.



Sobre a homofobia e os direitos humanos, foi apresentada pelo Brasil uma proposta de resolução na Comissão de Direitos Humanos da ONU para declarar que a diversidade sexual é também um direito humano à luz da Declaração Universal dos Direitos Humanos (www.brazilianresolution.com/4652/index.html).

A Amnistia divulga casos em que homossexuais são punidos com a pena de morte (Irão, Paquistão) ou penas de prisão (Angola, Moçambique). Em França um homossexual, só pelo facto de o ser, foi regado com gasolina e queimado vivo.



Freitas do Amaral, em entrevista, afirma que a reforma prisional aposta na formação dos guardas, a fim de serem respeitados os direitos fundamentais dos reclusos, diminuindo as queixas de violência e abusos nas cadeias portuguesas.



A Amnistia condenou formalmente o atentado de 11 de Março considerando-o crime contra a humanidade.



Está em curso uma campanha "Controlar as Armas", para que seja por Tratado Internacional fixado um regime restritivo à circulação de armas. O Projecto "Um milhão de rostos" é a maior petição visual alguma vez realizada. A Amnistia pretende recolher o apoio de um milhão de pessoas, que forneçam o seu nome e fotografia para divulgação do apoio na campanha contra as armas.



A campanha global SVAW pretende acabar com a violência sobre as mulheres. A campanha incide sobre a violência na esfera doméstica e comunitária, inacção governamental, situações de conflito e pós-conflito, migração económica, tráfico e mutilação genital.

A Amnistia divulgou apelos sobre casos concretos na Bélgica, Congo e Iraque.

Em Portugal, em 2002, houve 11.677 queixas por violência doméstica, sendo que 82% dos suspeitos são do sexo masculino, 85% das vítimas eram mulheres, 85% são crimes contra a integridade física, 89% dos crimes são cometidos pelo cônjuge ou companheiro. Dos 462 crimes de maus tratos ao cônjuge ou análogo, havia 34 vítimas do sexo masculino e 428 do sexo feminino.



www.amnistia-internacional.pt

Julgar

simassantos, 28.12.04
[...] Nunca prestara contas a ninguém das suas acções de julgador; ninguém, aliás, lhas podia exigir. O seu trabalho tinha sido inspeccionado muitas vezes, mas isso era diferente: o inspector não passava de um técnico, aliás um colega, a avaliar o trabalho de outro técnico. Se as pessoas por ele julgadas não concordavam com as suas decisões havia sempre uma solução - o recurso. Toda a organização judiciária estava tão bem arquitectada que a responsabilidade do juiz, em si, nunca vinha ao de cima. Tudo quanto fizera até esse momento estava certo, tecnicamente rigoroso como uma longa operação aritmética. Para ele a Vida cristalizava no próprio momento em que as leis eram publicadas e ficava prisioneiro desse sistema lógico, até à aparição de outras leis. A realidade, o quotidiano eram para ele ingredientes pobres: - mero pedaço de barro em cujas dobras moldava as suas lucubrações. Cada sentença, cada despacho seus eram acima de tudo um pretexto para brilhar, para se valorizar. Enquanto o médico actua sobre o doente com vista à sua cura, o Prado utilizava o concreto para realmente o desfigurar, espartilhando-o em abstracções sucessivas, até o descarnar, amputando-o do cerne da relação dialéctica. [...]



Conselheiro Sá Coimbra

A Chancela, Editorial Inova / Porto, 1978

MORRE LENTAMENTE

simassantos, 28.12.04
Morre lentamente quem não viaja; quem não lê; quem não ouve música; quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, quem não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão; quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoínho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos sem bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás dum sonho, quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar


Pablo Neruda

Boa Noite

Incursões, 27.12.04
Detesto dizer-te adeus

Porque assinala o fim do “agora”.

Filho da saudade e do beijo,

Nasce o desejo

De te amar pela noite fora.



Detesto dizer-te boa noite

Porque só amanhã te vejo;

O coração grita que não,

Duma forma veemente.



Cala-se o coração:

Sonha com o teu beijo

E adormece, finalmente.



Boa noite.



Rui Manuel Moreira Araújo

(aluno do 11º Ano)

In:
Arte poética

Edição: Clube da Educação para a Cidadania da Escola Secundária da Maia

Sonhos

Incursões, 27.12.04
Vivi anos sem noites de sonhos, de que me lembre, pelo menos, mas nos últimos tempos tenho sonhado todas as noites, com uma frequência que já nem sei se os sonhos são da última noite, ou da anterior, ou da anterior... Algo em mim retorna à adolescência, tempo de todos os meus sonhos. Invariavelmente, percorro caminhos inéditos por sítios que não conheço, não sei se em Portugal se noutro lado, vejo restaurantes e bares que nunca vi, acho que sempre perto do mar, mas não tenho a certeza. Vejo caras que nunca vi e vejo caras de amigos e vejo caras improváveis de pessoas que marcaram a minha vida e que estão diferentes, e que me atraem para si, em lampejos de paixão. Nos recantos da memória, tento situar esses caminhos, tento descobri-los, certo de que lá irei à procura de paixões, angustiado por saber que talvez esses caminhos não existam ou que só existem nos sonhos nas noites deste inverno plácido.



UMA CITAÇÃO

Incursões, 27.12.04
“É preciso começarmos por dizer a nós próprios e por convencer-nos de que não temos mais nada a fazer neste mundo, para além de nele procurarmos sensações e sentimentos agradáveis. Os moralistas que dizem aos homens “reprimi as vossas paixões e dominai os vossos desejos se desejais ser felizes” não conhecem o caminho para a felicidade. Só somos felizes mediante gostos e paixões satisfatórias; [digo gostos] porque não somos sempre felizes o bastante por termos paixões e porque, à falta de paixões, não resta senão contentarmo-nos com os gostos. Seriam, pois, as paixões o que deveríamos pedir a Deus, se ousássemos pedir-lhe alguma coisa; e Le Nôtre tinha toda a razão em pedir ao Papa tentações, em vez de indulgências”.



MADAME DE CHÂTELET

Discurso sobre a felicidade (1746/1747)


Entrevista de Armando Spataro

Incursões, 27.12.04
O Público de hoje traz uma entrevista de Armando Spataro, procurador da República italiano, em que se fala do processo de Silvio Berlusconi por corrupção, da autonomia do Ministério Público em Itália, das suas relações com as polícias na investigação criminal, da luta antiterrorista, etc.

A ler aqui e aqui (ou aqui).

Um exemplo a seguir

Incursões, 27.12.04
"A partir de Fevereiro do próximo ano, Santa Maria da Feira será o primeiro município português a tramitar, gerir e disponibilizar todos os processos de obras e loteamentos em formato digital. O que significa que a população feirense poderá visualizar no computador os pareceres técnicos e os despachos do vereador sem sair de casa."

Parece incrível, mas é o que o Público anuncia aqui.

Será que iniciativas destas se vão repetir por essas autarquias fora? Quem dera, a bem da transparência dum dos sectores onde a corrupção é mais ostensiva!