Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Debate com elevação...

Incursões, 03.02.05
Não, claro que não é esse!



Refiro-me ao debate entre um juiz norte-americano (Peter Messitte, District of Maryland) e um professor universitário britânico (Iain Cameron, Univ. de Uppsala, especialista em direitos humanos), dia 16 de Fevereiro (17.30), na Faculdade de Direito da Católica (Lisboa).



O tema é actual: "How to enforce the right to a Court decision within a reasonable time".

Esta campanha provoca vómitos.

Incursões, 02.02.05
Nada fará pior à democracia do que os jogos baixos, as insinuações, os boatos e o fraseado oco que marcam esta campanha. O mundo privado sobrepôs-se ao público e, por decência, é impossível continuar a ouvir Santana Lopes. Para quem tinha como limite da demagogia e da perversidade Ferreira Torres, sente-se defraudado. Santana Lopes é o inimaginável na representação do falso. Sócrates é o exemplo do político liofilizado. Os jogos de impostura de Paulo Portas são um insulto à inteligência. No seu estilo esquematicamente “explicativo” tudo é vazio. Repete até à exaustão palavras, como “competência”, “valores”, “convicções” e “nós fizemos”, mas ninguém conhece as acções que lhes possam dar crédito. O PCP continua no seu mundo mecanicista. Não compreende que o capitalismo é, hoje, diferente, o emprego tornou-se num privilégio, alterou-se o significado de riqueza, tempo e trabalho e o crescente desemprego vai esgotando os proventos do Estado cobrados quase só no rendimento do trabalho. Esta campanha, com excepção das propostas do BE, é um logro. Nada esclarece sobre como evitar que o Estado se converta num aparelho para a corrupção, o cinismo e a barbárie. Nada propõe para a resolução dos problemas da educação, da saúde, da justiça, da habitação, do desemprego. O Futuro é um “buraco negro” e o presente tornou-se num vómito.

Rua Miguel Bombarda – o “Soho” à moda do Porto

José Carlos Pereira, 02.02.05
Uma notícia recente do “Público” trouxe de novo para a ordem do dia o projecto de requalificação da Rua Miguel Bombarda, no Porto, que pretende aproveitar o facto de aí estarem situadas várias galerias de arte para fazer desse espaço um importante pólo cultural da cidade, oferecendo melhores condições a todos os que pretendem visitar as exposições e criando condições para atrair novos equipamentos e serviços.

Este projecto, que até aqui não foi devidamente valorizado pela autarquia, tem vivido desde a primeira hora do entusiasmo e da iniciativa de Fernando Santos, um amigo que está entre os galeristas nacionais de referência e que desenvolve um programa de exposições regulares de grande qualidade no Porto e em Lisboa. Deixo aqui a sugestão de visita.

Episódios de pré-campanha

Incursões, 01.02.05
Francisco Louçã e Pedro Santana Lopes revelaram, até ao momento, os piores episódios da pré-campanha eleitoral: Louçã, no debate televisivo com Portas, quando, insidiosamente, tentou entalar Portas com a sua vida privada, com o fabuloso argumento de que o líder popular não pode falar sobre a vida porque nunca gerou uma vida; Santana, num comício de mulheres em Braga, quando, não menos insidiosamente, tentou entalar Sócrates com a distinção entre colos de mulheres e os outros colos de que os adversários supostamente gostam.

Louçã tentou desvalorizar a situação. Santana sentiu-se ofendido porque as pessoas pensaram que ele disse o que não quis dizer, longe dele tal pensamento.

O clima desta pré-campanha não augura nada de bom.

Mas importa sublinhar o seguinte: o tom não é verdadeiramente novo. Em pelo menos uma autarquia deste país, quem se arrisca a ser candidato contra "o-todo-poderoso" tem de ouvir destas coisas e muito mais. Insinuações torpes, suínas... Ameaças mais ou menos veladas, vigilâncias, fotografias através de telemóvel, cartas anónimas...

Tudo isto é grave. O que era uma excepção, parece estar a tornar-se corrente na vida política nacional. Mete nojo!

Tudo isto, obviamente, sem descurar uma questão importante: a vida privada das figuras públicas é menos protegida do que a das figuras anónimas. Como também é verdade que andam por aí lobies que são verdadeiros poderes de facto que dominam o país. E de que maneira...

Uma coisa é certa: depois desta campanha, nada voltará a ser como antes... Por isso, não espantará se, daqui a uns tempos, algumas figuras deste país decidirem abrir o "jogo", como fizeram alguns políticos europeus, assumindo as suas preferências... de vida.



Os "sempre-em-pé"

Incursões, 01.02.05
Conheço muitos militantes e simpatizantes do PSD que vivem momentos de angústia. Não decidiram, ainda, se devem votar no PSD - ainda que a contragosto -, para que a derrota não seja demasiado copiosa e a vitória do PS demasiado estrondosa, ou se, ponderadas as coisas, devem abster-se ou votar em branco, de forma a fazer caír Pedro Santana Lopes, em quem não confiam e em quem não se revêem.

No ponto em que as coisas estão, a queda de Santana Lopes seria um bem para o PSD e para o país. Eu não sou um anti-santanista primário. Mas, depois do que tenho visto, creio que o PSD e o país têm tudo a ganhar sem ele. Mesmo quando as alternativas não entusiasmam. E não entusiasmam.

"Este nós sabemos quem é". É mais ou menos isto o slogan de alguns cartazes que por aí andam, tentando sublinhar as vantagens de Santana contra Sócrates. Não podia ser pior. Eu sei que Santana não é tão mau como o que demonstrou nestes meses de liderança do Governo. Mas vir dizer que "este nós sabemos quem é", é um verdadeiro tiro-no-pé, atendendo às trapalhadas que foi o Governo liderado por Santana, um homem que, decididamente, não estava preparado para assumir a função.

Ouso supôr que na noite do próximo dia 20, serão várias as vozes que, perante o expectável desastre, vão pedir a cabeça de Santana Lopes. Mesmo as vozes daqueles que hoje são "santanistas". E não tenho dúvidas de que, nessa mesma noite, serão muitos os que vão perfilar-se no apoio a quem se apresente como sucessor e tenha hipóteses de vir a ganhar a prazo. São aqueles que atravessam os vários "ismos" como "cães por vinha vindimada", os "sempre-em-pé", os que já foram "cavaquistas", "nogueiristas", "marcelistas", "barrosistas" e "santanistas", sempre com o mesmo entusiasmo.

Poderá chamar-se a tal persistência espírito de militância, amor à camisola. Eu chamo-lhe oportunismo, o puro oportunismo de quem, a todo o custo, quer manter-se na ribalta, seja com que fidelidades forem, o puro oportunismo de quem vê na acção política a única forma de sobrevivência.

Entendo, por isso, que a queda de Santana Lopes não é, por si só, a garantia da recuperação do PSD. Mais do que a queda do actual líder, importa que haja uma vassourada dos "sempre-em-pé"... A bem da Nação.





Auschwitz e o resto

d'oliveira, 01.02.05
Há palavras que custam a pronunciar, que nos arrepiam, que nos doem mas que, chegado o momento, têm de ser ditas. Auschwitz é uma delas. Majdanek, Treblinka, Sobibor são outras, iguais e diferentes. Sessenta anos depois, interrogamo-nos todos como foi possível. Como se não soubéssemos... Como se não tivéssemos aprendido que o desastre de 14-18 além de destroçar a Europa, deixou uma sementeira de ódios e uma geração de sobreviventes e criminosos que nunca esconderam as suas ambições e tão pouco a sua solução para os problemas herdados da guerra. Que essa solução se reduzisse ao pagamento de indemnizações de guerra (com a ocupação do Sarre como garantia...) ou pela criação de nações tampão que nem ao século XXI conseguiram chegar, ou por uma outra mais simples e mais dramática "solução final" pouco parece importar aos actuais "comemorantes" da libertação de Auschwitz.

É um tanto ou quanto estranho, porém, que se fale apenas, ou quase só, da "Shoa", do trágico, infame, indizível destino de seis milhões de judeus. Ninguém duvida que foram eles que constituíram a maioria das vítimas ou, pelo menos (não há números exactos) uma forte percentagem das vítimas. Mesmo que o seu destino viesse já anunciado no "Mein Kampf", obra que, pelos vistos, foi muito pouco lida por todos quantos ela afinal se dirigia, isto é pelas vítimas apontadas a dedo, designadas como não arianos, sub-humanos, inimigos do Reich milenário, mão de obra barata no novo espaço vital.

Convirá nunca esquecer - será que alguma vez o soubemos, a sério? - que a aventura hitleriana foi gerada na "pálida mãe" Alemanha mas teve muitos pais e um não menor número de padrinhos. Desde um ex-socialista chamado Benito Mussolini, que deu a Hitler a "teoria" que ele não tinha, aos cavalheiros das chamadas democracias que lhe permitiram todas as aventuras. E não se esqueçam os colaboracionistas de todos os géneros e países que da Ucrania à Croacia, da França à Grécia ou à Polónia colaboraram briosamente na caça ao judeu e ao dissidente político. E é bom que se relembre que nesta baça tragédia de infâmias múltiplas um país houve que defendeu os seus cidadãos de confissão judaica em bloco usando a estrela amarela: a Dinamarca onde até o rei a usou.

Foi o Anschluss, a guerra de Espanha, o caso dos Sudetas... Isto sem falar de algo que mesmo antes da guerra era perfeitamente conhecido: as leis "raciais" ditas de Nuremberga onde se apontavam as raças a abater. Por exemplo os negros de que ninguém fala e que terão totalizado cerca de 50.000 mortos nos campos. Trata-se de negros alemães vindos das antigas colónias nomeadamente da actual Namíbia e do Tanganika. Em termos de genocídio poder-se-á afirmar que neste capítulo e graças à cor da pele a tarefa teve uma taxa de êxito praticamente total: calcula-se que os sobreviventes não ultrapassarão os 5%. Quanto aos ciganos, já há um que outro comentador (ao fim e ao cabo eram europeus, ou melhor, frequentavam a Europa) a apontar a tentativa de liquidação maciça de que foram alvo. A sorte deles foi terem desde sempre uma história de fuga ao perigo, de inata e visceral desconfiança frente ao estado, á administração e ás polícias. É provável que nem um cigano tenha tido a ideia peregrina de pensar que seria poupado se fosse apanhado, se se deixasse acantonar numa região, numa cidade ou num campo. São inúmeros os relatórios policiais nazis a referir a "má vontade" dos ciganos a deixarem-se conduzir ao matadouro.

Conviria, sem nunca perder de vista a tragédia da Shoa, relembrar que os campos de concentração (invenção inglesa por altura da guerra dos boers...) começaram por ser povoados por oponentes políticos, nomeadamente os comunistas e os socialistas alemães que tiveram a duvidosa honra de estrear os campos juntamente com criminosos comuns e homossexuais, os da estrela cor de rosa.

Cai bem lembrar que, por ter fornecido vistos aos fugitivos (judeus e não judeus...), o cônsul Aristides de Sousa Mendes perdeu o emprego e a parca fazenda...

Auschwitz (e o resto....) foram e são o resultado de uma longa deriva ideológica nascida, criada e fortalecida na "nossa" Europa e exportada para o resto do mundo onde nunca lhe faltaram importadores entusiásticos e criativos: num campo do Burundi, na antiga escola de mecânicos da armada na Argentina, nas florestas do Cambodja ou na cadeia de Guantánamo....



m.c.r

PS arrasa no Porto

Incursões, 01.02.05
De acordo com uma sondagem publicada hoje em o "Comércio do Porto", o PS vai esmagar o PSD no distrito do Porto. Os socialistas ultrapassam os 50% das intenções de voto, enquanto os sociais-democratas não passam dos 26%. Números impressionantes! A confirmar-se tal resultado, pode ser que alguém tire daqui as devidas consequências e perceba, de uma vez por todas, que o país está a mudar e que os aparelhos partidários já não bastam para conquistar votos.

TRÊS DESCOBERTAS

Incursões, 01.02.05
Primeira: Aguardente Bagaceira "Luís Pato - Baga". Será que LC nos consegue por a prová-la aqui?


Segunda: "Momentos de Paixão", Auguste Rodin (gravuras) e Rainer Maria Rilke (poesia) - Tradução de João Barrento, José Miranda Justo e Isabel Castro Silva, Ed. Relógio d'Água 2004.

Um trago apenas:


Ao escrever-te, saltou seiva
na máscula flor
que à minha humanidade
parece fértil e enigmática.


Sentirás tu, ao leres-me,
distante terna, a doçura
que no feminil cálice
espontânea corre?

Terceira: Existem sanitas (!) inteligentes.


Estou vaidoso!

Incursões, 01.02.05
Estou vaidoso. Nunca me tinha acontecido tal. A carta vinha assinada por dois ministros. E, como cada um deles vale por dois, é como se viesse assinada por quatro. Um verdadeiro conselho de ministros restrito. E tudo por minha causa. Podia vir assinada por um burocrata qualquer do Departamento de Apoio aos Antigos Combatentes. Mas não. Foram os próprios Paulo Portas, Ministro de Estado e da Defesa e dos Assuntos do Mar, e António Bagão Félix, Ministro das Finanças e da Administração Pública, que se dignaram informar-me, em coro e una voce, pessoalmente e «com satisfação» (estou a vê-los a dançar o vira), que me foi «reconhecido, para efeitos de aposentação, o tempo de serviço militar prestado, incluindo o tempo de bonificação, que totaliza 5 anos e 8 meses [fanaram-me 3 meses]... ». E, para remate, dizem eles: «Saiba ainda que, quando se aposentar, tem direito a que lhe seja atribuído, todos os anos ... o Complemento Especial de Pensão...». «Este é o primeiro grande esforço do Estado para reconhecer os mais de 400.000 Antigos Combatentes que serviram a Pátria em condições especiais de dificuldade ou perigo» – salientam ainda.

Estou feliz! Até me apetece votar neles, não fosse uma certa alergia de que padeço!