As perguntas certas
O meu olhar, 31.08.05
Cheguei de férias. Saí de cá com o país a arder e no regresso encontro-o ainda pior. Percorri perto de 4000km por terras de França e Espanha, grande parte do percurso em montanhas, e não encontrei 1 (UM!) incêndio, nem terras queimadas. Chego cá e é a desolação que me acompanha da fronteira de Bragança até ao Porto. Ligo a televisão e ouço comentários gastos de como resolver ou atenuar o problema. Diagnósticos, mais diagnósticos. Um cansaço. E ouço: limpar, reflorestar, comprar, formar. Estamos todos de acordo. E ouço perguntas: o que leva à ocorrência de tantos incêndios: incendiários atiçados pelas televisões? Interesses privados dos detentores dos meios aéreos e dos madeireiros? A improvidência de alguns?...?
Fico a pensar: porque é que não se responde às perguntas certas, como seja: Porque é que não se traduzem os muitos diagnósticos em acções concretas, visíveis e eficazes? Porquê? Que interesses, que incompetências não deixam que exista um verdadeiro plano de acção, com intervenções de curto e longo prazo, que atenuem fortemente o problema? Não há nada a inventar. Os nossos parceiros europeus fizeram-no. Veja-se o que se pode adaptar ao nosso país e avance-se.
O Governo deveria apresentar um projecto de intervenção, com acções bem identificadas e calendarizadas e dar contas, fase a fase.
Em Paris, um francês, chocado com as imagens de Portugal a arder, que ele já visitou inúmeras vezes, perguntava-me: Porquê? E contou-me o exemplo da região de França onde habita e que procedeu à limpeza das matas, à reflorestação adequada, a um mais criterioso ordenamento do território. As respostas são sempre as mesmas. Porque não se faz?
Um belga, de visita ao nosso país, admirado com o caos que é a nossa floresta contou-me que no seu país para se abater uma árvore é preciso autorização pela entidade competente. Aqui, o ministro da agricultura falou do imperativo de organizar a floresta, rever plantações de eucaliptos e pinheiros e reacções? Um responsável por uma reserva florestal, que tanto quanto sei está sobre a tutela deste ministro, diz que não, que ele não autoriza essas modificações. Um proprietário, face à mesma questão ofende-se com a possibilidade de se restringir o a sua possibilidade de usar a “sua” a floresta. È uma anedota. Neste país, onde a democracia já está há 31 anos, ainda se confunde liberdade com a possibilidade de se poder fazer tudo que nos dá na real gana.
Fico a pensar: porque é que não se responde às perguntas certas, como seja: Porque é que não se traduzem os muitos diagnósticos em acções concretas, visíveis e eficazes? Porquê? Que interesses, que incompetências não deixam que exista um verdadeiro plano de acção, com intervenções de curto e longo prazo, que atenuem fortemente o problema? Não há nada a inventar. Os nossos parceiros europeus fizeram-no. Veja-se o que se pode adaptar ao nosso país e avance-se.
O Governo deveria apresentar um projecto de intervenção, com acções bem identificadas e calendarizadas e dar contas, fase a fase.
Em Paris, um francês, chocado com as imagens de Portugal a arder, que ele já visitou inúmeras vezes, perguntava-me: Porquê? E contou-me o exemplo da região de França onde habita e que procedeu à limpeza das matas, à reflorestação adequada, a um mais criterioso ordenamento do território. As respostas são sempre as mesmas. Porque não se faz?
Um belga, de visita ao nosso país, admirado com o caos que é a nossa floresta contou-me que no seu país para se abater uma árvore é preciso autorização pela entidade competente. Aqui, o ministro da agricultura falou do imperativo de organizar a floresta, rever plantações de eucaliptos e pinheiros e reacções? Um responsável por uma reserva florestal, que tanto quanto sei está sobre a tutela deste ministro, diz que não, que ele não autoriza essas modificações. Um proprietário, face à mesma questão ofende-se com a possibilidade de se restringir o a sua possibilidade de usar a “sua” a floresta. È uma anedota. Neste país, onde a democracia já está há 31 anos, ainda se confunde liberdade com a possibilidade de se poder fazer tudo que nos dá na real gana.